SEPULTURA 30 ANOS: "A realidade superou o sonho": Andreas Kisser, sobre as três décadas do Sepultura

Guitarrista se define como privilegiado por ter feito parte de "uma história tão espetacular"

06/12/2014 11:52

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Foto: With Full Force/Divulgação
Guitarrista Andreas Kisser, durante festival na Alemanha. (foto: Foto: With Full Force/Divulgação)
Um privilegiado por fazer parte de uma história tão espetacular. É assim que o guitarrista Andreas Kisser se define ao comentar os 30 anos de carreira do Sepultura. Banda a qual se juntou em 1987 e ajudou a transformar em um dos maiores ícones do heavy metal mundial. Andreas projeta um 2015 ainda mais agitado para o grupo de rock. Em conversa exclusiva com o Viver, o músico revelou que, além dos shows no primeiro Rock in Rio nos Estados Unidos (Las Vegas, em maio) e a apresentação na meca do metal (Wacken Open Air), o Sepultura já tem acertada uma turnê na América do Norte e outra na Rússia, país que o grupo visitou pela primeira em 1992, no período de transição da União Soviética, e para o qual retornou em 2012. Tocar sem parar, explorar os limites e seguir a romper as barreiras. É o que move Andreas Kisser e o Sepultura.

Entrevista // Andreas Kisser

Como é fazer parte do Sepultura? Ou seja, como se sente sendo sujeito ativo da história da maior banda brasileira de rock de todos os tempos?

É difícil analisar, pois estou dentro. Entrei em 1987. Tinha uma banda no ABC, em São Bernardo, chamada Esfinge, que depois se chamou Pestilence. A gente estava prestes a participar de uma coletânea, quando entrei no Sepultura. Resolvi entrar por que senti que o Paulo, Iggor e Max estavam na mesma página, na mesma sintonia de fazer algo sério da música. Senti que o Morbid Visions tinha tido um impacto grande no underground nacional e até fora do país. Dei 100% de tudo. Dediquei minha vida. A gente ensaiava todos os dias, dei minhas ideias, letras. Mudamos o direcionamento e veio o Schizophrenia.


Ser do Sepultura é um grande privilégio. A história do Sepultura é algo espetacular, inacreditável. A banda segue quebrando barreiras. Todos os anos a gente visita um lugar novo. Respeito muito o passado, com todo respeito a quem passou pela banda, mas o importante é viver o presente.

Quando você se juntou ao Sepultura, em 1987, imaginava que a banda chegaria tão longe, ao topo do heavy metal mundial e completando 30 anos de carreira?
Sonhar, a gente sonha tudo. Na verdade, a realidade é muito maior do que o sonho. Quando as coisas começam a acontecer, é que você se dá conta. Você tocar com o Black Sabbath, conhecer o Ozzy Osbourne, tocar com o Kiss, tocar com o Big Four. Fazer projetos com gente do mundo inteiro. Tudo isso é consequência desse trabalho. Nem em sonho a gente teve capacidade de imaginar. A realidade foi muito mais forte. Lógico, nosso sonho era tocar fora do Brasil, fazer turnê, ter o nosso disco com o encarte. Tivemos essa dificuldade no Beneath the Remains, que a gravadora lançou sem encarte, e já no Arise tivemos o privilégio de um disco mesmo do Sepultura, foi algo perfeito naquela época. O Arise foi um Beneath the Remains bem gravado, digamos assim. A nossa turnê do Beneath the Remains, na Europa e nos EUA, abriu muitas portas. Até hoje, o Arise é um dos discos mais importantes da nossa história. Enfim, o que posso dizer é que a realidade superou o sonho.

Sei que não é fácil, mas gostaria que escolhesse apenas um ponto que considere o mais alto de toda a trajetória do grupo.

Nossa apresentação na Times Square, este ano, ao lado do Les Tambours du Bronx, junta toda essa diversidade musical que o Sepultura sempre pregou e logo no palco mais emblemático do mundo. O Rock in Rio sendo anunciado nos Estados Unidos e a gente se apresentando naquele palco, na terra do Woodstock e de outros festivais históricos, foi algo único. Tivemos as entradas do Derrick Green, do Jean Dolabella e depois do Eloy Casagrande, ou seja, gente que manteve a banda adiante, com dignidade. Esse show da Times Square representa um marco dessa celebração de 30 anos, de estar muito vivo, ainda relevante. Tocando, inclusive, uma música nova. Sem dúvida, um ponto alto de nossa carreira, que resume toda a nossa trajetória.

E o mais baixo?

A imaturidade que a gente teve em relação aos negócios, confiar muito na galera, não ter um pouco mais de participação nas decisões como banda, que infelizmente resultou no que resultou (a saída do vocalista Max Cavalera, em dezembro de 1996). Foi uma consequência até de nossa falta de profissionalismo. Nossa estrutura não foi adequada ao crescimento da banda. E a culpa foi de todo mundo. No momento em que a banda estava explodindo no mundo.

A banda lançou o The Mediator em 2013, um verdadeiro petardo que mostra toda a potência de um grupo coeso. O que o futuro ainda reserva ao Sepultura?

O presente está sendo muito bem vivido, muito bem feito. Nossas experiências, bons e maus momentos, serviram de aprendizado. Mantemos essa pegada, esse tesão de estar juntos, de tocar. O Sepultura é isso. É vivo. Estamos vivendo o momento intensamente do presente, então, o futuro está garantido. Temos 2015 já bem estruturado, turnê americana, turnê russa, festivais de verão na Europa, como o Wacken, a turnê de 30 anos no Brasil, com setlist especial. Lançamento de produtos novos, cerveja nova, óculos novo. Expandir essa marca, mostrar que o heavy metal não é só barulho. Lutar pelo heavy metal sempre. Extrapolar os limites sempre. Disco novo talvez para 2016, mas ainda temos muita coisa para fazer com o Mediator.

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