Advogado e músico, Rodrigo Delage lança seu terceiro CD, 'Périplo - Viola caipira'

Disco é fruto de trabalho elaborado sem pressa, com arranjos impecáveis e convidados especiais

por Carlos Herculano Lopes 23/11/2014 10:00

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Beto Novaes/EM/D.A Press
"Desde o lançamento de 'Imaginário roseano', dediquei-me à composição de canções para este novo disco; foi um tempo n cessário para minha inspiração (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Nascido em Belo Horizonte, mas com infância passada em algumas cidades do Norte de Minas, como Pirapora, onde desde pequeno “navegava por entre peixes, lendas e histórias”, foi também naquela cidade, às margens do Rio São Francisco, que o advogado Rodrigo Delage começou a se apaixonar pela viola caipira. Foi um amor para nunca mais acabar. Em 2003, já com muitos caminhos percorridos, lançou seu primeiro disco, Viola caipira instrumental, que teve a participação de bambas como Pena Branca e Chico Lobo.

Foi uma estreia com o pé direito, saudada por amantes da viola e especialistas no instrumento, um dos mais genuínos do Brasil, para onde foi trazido pelos colonizadores portugueses. Cinco anos depois, em 2008, vieram dois novos trabalhos de Rodrigo: Águas da saudade e Imaginário roseano, este em parceria com João Araújo e Geraldo Vianna, numa homenagem ao centenário de nascimento de Guimarães Rosa, em cujo trabalho o artista sempre se inspirou. Rolando Boldrin, Téo Azevedo e Paulo Freire, três outros mestres do gênero, também participaram do disco.

Como a arte não pede pressa, quando se quer benfeita, Rodrigo Delage, que vive em Belo Horizonte, onde trabalha como defensor público, esperou seis anos para lançar seu terceiro CD, Périplo – Viola caipira, que acaba de sair. Os arranjos impecáveis, que unem a viola a instrumentos como piano, flugelhorn, bateria, baixo, percussão e violão, foram feitos por Geraldo Vianna, parceiro antigo, que também produziu o disco. Como nos anteriores, Rodrigo Delage uniu o talento à preocupação com os mínimos detalhes, e o resultado foi um belo trabalho, que faz jus aos anteriores, e o leva a dar um passo adiante na sua carreira.

“Desde o lançamento de Imaginário roseano, dediquei-me à composição de canções para este novo disco; foi um tempo necessário para minha inspiração. O trabalho primou pelo capricho, seja na criação das músicas, na discussão das letras com os parceiros ou na montagem e execução dos arranjos”, garante Rodrigo.

Drexler


Ainda para o novo álbum, ele conta que “criou” músicas para versos do poeta Manoel de Barros, falecido recentemente, além de regravar Correnteza, de Tom Jobim e Luiz Bonfá, e Al otro lado del río, do uruguaio Jorge Drexler, canção que fez parte da trilha sonora do filme Diário de motocicleta (2004), de Walter Salles, e que deu ao músico o Oscar de canção original em 2005.

O disco traz ainda parcerias de Delage com o jornalista e poeta mineiro João Evangelista Rodrigues, com Mourão Martinez e com Rafa Duarte, além de algumas adaptações de domínio público, como as faixas dois, Pianê, pianá, e oito, Voltado. Há ainda participações especiais de Fernando Sodré e João Araújo.

‘Busquei dar todo o tempo à minha capacidade criativa’

. Verdadeiro périplo – “Pensei, desde o início, em um álbum com arranjos contemporâneos para minhas canções, para a música de viola que faço, e me aproveitei da sofisticação melódica e harmônica de algumas composições para fazê-lo. Nesse processo, foram muito importantes as ideias e sugestões de Geraldo Vianna, que entendeu e incorporou de forma muito original esse conceito. Havia pensado em um disco ‘elegante’, e fiquei feliz com o resultado.”

.  Tempo estendido
– “Atualmente, o músico, como diversos outros profissionais, sofre pressão para apresentar, a todo momento, novos produtos, os quais, após algumas audições, passam a não ser mais tão novidade assim. Em um tempo em que a maioria das pessoas busca a instantaneidade, busquei dar todo o tempo à minha capacidade criativa, e creio que valeu a pena.”

.  Uma riqueza – “A viola, em Minas, já não é mais ‘novidade’ como era há 15 ou 20 anos. Entendo, no entanto, que a atual criação em torno dela é de uma riqueza impressionante. Passamos por um momento em que reafirmamos a possibilidade de que a viola toque e esteja inserida em qualquer estilo ou vertente musical.’’

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