Cantora Mahmundi fala em entrevista sobre múltiplas influências musicais

Vencedora do Prêmio Multishow dois anos seguidos, ela compõe com os parceiros Silva e Moreno Veloso

por Rebeca Oliveira 10/11/2014 10:30

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Marcela Vale começou a trabalhar com música nos bastidores (foto: Divulgação)
Ex-técnica de som do Circo Voador (uma das casas de shows mais importantes do Rio de Janeiro), Marcela Vale, hoje conhecida como Mahmundi, há dois anos decidiu sair dos bastidores e tomar a frente dos palcos. Bastou mostrar a voz para deixar claro: a escolha não poderia ser mais acertada.

No final do mês passado, Marcela ganhou o Prêmio Multishow na categoria Melhor Canção com 'Sentimento'. Em 2013, ela também foi premiada na categoria Hit com a música 'Calor do amor'. A carioca lançou dois EPs na carreira, 'Efeito das cores' (2012) e 'Vem' (2013), que conquistaram público e crítica pela mistura curiosa de ritmos - das batidas da música eletrônica a timbres dos anos 1980. Multi-instrumentista, Marcela também compõe e se cerca de gente boa: os cantores Silva e Moreno Veloso são alguns deles.

O balaio de referências é tão extenso quanto os shows que ela já produziu quando trabalhava no Circo Voador e onde foi descoberta, acidentamente, pelo produtor musical Liminha. Os álbuns de bandas como Toro y Moi dividem espaço com bolachões de Marina Lima e Rita Lee, esta última uma de suas maiores inspirações. Abaixo, leia a entrevista com a artista e conheça mais sobre o trabalho de Mahmundi.

Você ganhou o Prêmio Multishow por dois anos consecutivos. O que este tipo de reconhecimento representa para sua carreira?
Acho que a palavra certa na minha cabeça é 'confirmação'. Para os amigos, para a família e para quem torce junto. Eu sempre soube do que fazer e como fazer, pois esse é um trabalho longo e duro, não acontece da noite para o dia. Mas é fundamental essa idealização física pra saber que tudo está caminhando bem. Fico feliz mas sei que é só o começo de muito trabalho e empenho.

Como era seu trabalho no Circo Voador? Foi decisivo para sua vida e trajetória ter atuado neste templo da boa música?
Era um trabalho longo, um pouco cansativo mas edificante. Ali fui decidindo quem queria ser, como fazer e tudo mais. Vi muitas bandas, montei muitos palcos e falei com muitas pessoas. Esse processo me ajudou a fortalecer o pensamento. Entrei no Circo Voador em 2009 e sabia exatamente o que queria: aprender. Foi a melhor escolha! Lá também ganhei muitos amigos. O Pedro Ivo, que trabalhava comigo pelas madrugadas e hoje é o técnico de som na estrada é um exemplo. Somos uma família boa!

Quais os shows em que você trabalhou por trás dos palcos que mais te marcaram? E agora, como artista, na frente do palco, de qual apresentação tem boas recordações?
Cat Power, Air, Sebastian Tellier, Mike Snow em 2010; Tame Impala, em 2013. Fizemos uma ótima apresentação na abertura do Two Door Cinema Club e uma mega bagunça em BH, no Festival Transborda. Sou suspeita pra falar, acho os shows sempre maravilhosos.

Há uma clara mudança entre os EPs 'Efeito das Cores' e 'Setembro'. 'Sentimento', por sua vez, me passa uma esfera bem oitentista. Deste balaio de referências que te molda, qual seriam as mais relevantes?
Eu não me aplico muito por referencias, e sim por fazer canção. Eu gosto de canção, eu gosto mesmo. Acho que sempre vou estar atrás de fazer músicas que me emocionem, acima de tudo. Parto sempre desse viés. As consequencias de timbres e efeitos são outras pirações que só complementam, mas também posso viver sem eles tranquilamente, sabe? Tem algo maior a ser dito e estou caminhando nesse alvo: fazer canções de verdade.

Ser apontada como uma das apostas desta geração te deixa com algum tipo de peso, de responsabilidade, ou sua carreira é tocada de forma orgânica e natural?
Nada disso. Não tem peso nessa relação. Quando começa a virar um fardo, um trabalho difícil é porque já perdeu-se o rumo. Estou sempre levando a minha vida e os meus métodos de trabalhos do mesmo jeito que antes, para soar leve. Tem que ter leveza nesse tipo de processo... Pensar muito no futuro pode atolar o presente e daí a gente acaba desconectando de tudo.

Como tornou-se uma musicista tão diversa?
Foi a Igreja. Sou cristã e sem dúvida, o meu maior tesouro foi aprender tudo lá. O que a gente aprende desde cedo é cantar louvores e doar o coração em busca de agradecer a tudo que recebemos; todas essas palavras soam muito fortes na minha vida até hoje. Por isso o amor por canção e por fazer soar tantos sentimentos bons. E claro: na igreja tem instrumentos e todos os dias você pode estar lá pra tocar/aprender um pouco. Sou muito grata por isso tudo!

Qual banda/artista você gostaria de fazer uma parceria e ainda não foi possível?
Gosto muito do trabalho do Silva, que além de talentosíssimo, é um dos meus amigos de longa data. Gosto muito dos meninos do Terno e Boogarins. Quem sabe algo mais pra frente?

Quais os próximos passos da sua carreira? O que te motiva a cantar, compor, sair em turnê?
A felicidade, o amor, as pessoas. E sei que isso é muito batido em dizer, mas que bom! Ainda estamos batendo na tecla de soarmos melhor na nossa jornada pela vida. Fazendo boas músicas, vendo a molecada dançando, se divertindo junto.. Ah, isso é tão bom,sabe? É tudo que eu fazia quando era mais nova: estava sempre a procura de bandas que pudesse chamar de 'minha banda favorita'. e vou fazer de tudo pra ser isso para as pessoas... Não pela pretensão em ser, mas por poder somar junto com elas e termos sempre uma noite incrível!

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