Cantoras Camila Honda, Juliana Sinimbú e Natália Matos lançam seus álbuns de estreia

Artistas renovam a interessante cena paraense, em diálogo com a música de outros estados

por Eduardo Tristão Girão 09/11/2014 07:00

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Júlia Rodrigues/Divulgação
Descendente de japoneses, Camila Honda lançou disco dividido entre músicas autorais e releituras (foto: Júlia Rodrigues/Divulgação )
Camila Honda, Juliana Sinimbú e Natália Matos. Os nomes ainda são praticamente desconhecidos por aqui, mas a origem dessas três cantoras desperta curiosidade: Pará, o estado que nos últimos anos apresentou ao país artistas como Gaby Amarantos e Felipe Cordeiro, e viu serem cultuados veteranos da guitarrada, como os mestres Vieira e Solano. No caso dessas três novas vozes femininas, todas estão lançando seus discos de estreia.

A primeira delas, Camila Honda, é descendente de japoneses e aposta no pop para embalar repertório metade autoral, metade de autores como Kassin, Luiz Gonzaga e o conterrâneo Felipe Cordeiro, que assina a produção do disco que leva o seu nome. Com voz doce, apenas resvala em algo facilmente identificável como paraense (o brega, no caso) na faixa de abertura, 'Baile saudoso', que escreveu com outro artista local, Allan Carvalho, e na de encerramento, 'Refluxo sentimental'.

“Hoje, a gente pode dizer que há uma cena musical paraense, que conversa com outras regiões do Brasil e se consolida no contexto brasileiro. Sou daqui, o produtor é daqui, gravamos em Belém, há uma série de músicos e compositores daqui. É música paraense e é brasileira. E vai se transformando e transformando também a nossa visão da MPB. Esse intercâmbio de pessoas, de ideias, de referências que ocorre atualmente no âmbito musical é enriquecedor”, diz ela.

O disco dela, bem como os de Juliana e Natália, foi patrocinado pelo primeiro edital Natura Musical voltado exclusivamente para a cena paraense, lançado em 2012. “Acabamos de fazer a turnê do disco, que passou pelo Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Bahia. Foi uma experiência linda ver e saber que o meu trabalho, sendo autoral, foi tão bem recebido por crítica e público. Temos na agenda a pré-producão do novo clipe e já um novo EP”, comemora Juliana Sinimbú.

A artista acaba de lançar Una, álbum que teve produção de Donatinho e, pelas levadas e percussão, tem sabor tropical, aquela conexão caribenha que marca a música paraense. Seis das 11 faixas são dela, deixando espaço para canções da conterrânea Dona Onete e Caetano Veloso, entre outros. “Costumo falar que a cena paraense, de um tempo para cá, vem bem representada em todas as suas cenas. Do rock ao carimbó”, avalia a cantora.

MOLHO Por fim, Natália Matos, autora do disco homônimo de estreia, acredita que a popularização do tecnobrega, o fenômeno Gaby Amarantos e o projeto Terruá Pará não apenas ajudaram a projetar a cena musical do estado em âmbito nacional, mas também serviram de estímulo para os que vieram depois, independentemente do estilo. “O meu trabalho considera e dialoga com este movimento, mas sem que eu deixe de ir atrás de novas referências estéticas, a fim de dar a ele uma cara própria”, observa.

Não por acaso, o disco dela tem produção de Guilherme Kastrup, que trouxe nomes significativos da música paulistana atual, como Rodrigo Campos, Kiko Dinucci e Thiago França, além de Zeca Baleiro. Além de algumas composições dela, há inéditas de Dona Onete, Rômulo Fróes e Felipe Cordeiro, tudo emoldurado por som que, apesar de urbano, tem molho folclórico paraense bem integrado.

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