Com capacidade para 1.420 espectadores, a Sala Minas Gerais receberá, a partir de 5 de março, uma robusta agenda de concertos, pensada especialmente para sua inauguração. Tal qual um novo instrumento, ela precisará ser afinada. Compositores como Beethoven e Respighi são alguns dos que foram escolhidos para o período de descobertas sonoras do espaço. O pianista Nelson Freire será o primeiro convidado, em concerto sob a regência de Mechetti. No programa, obras de Corigliano ('Abertura Promenade'), Schumann ('Concerto para piano em lá menor, op. 54'), Villa-Lobos ('Uirapuru') e Respighi ('Os Pinheiros de Roma').
Mesmo com a data de inauguração marcada, as obras da Sala Minas Gerais ainda não estão concluídas. A previsão é de que os primeiros testes com os músicos sejam feitos a partir de dezembro, com pausa para as festas e continuidade depois do carnaval. A expectativa de todos é de um avanço considerável quanto a técnicas de performance orquestral, como articulação, balanço e equilíbrio. “Ao que tudo indica, a primeira coisa mais óbvia que o público vai poder detectar é o volume sonoro. Deve aumentar pelo menos em 50% em relação ao Palácio das Artes”, adianta o maestro.
PEÇAS INÉDITAS Outra ação comemorativa para a inauguração é a encomenda de obras inéditas aos compositores André Mehmari, Cláudio de Freitas, João Guilherme Ripper, Marlos Nobre e Oiliam Lanna. Entre os solistas e maestros convidados presentes na agenda de 2015, estão fieis escudeiros do projeto mineiro, como Nelson Freire, Arnaldo Cohen e Antonio Meneses, mas também estreantes estrangeiros, como Martin Grubinger, considerado o mago da percussão, a violinista alemã Liza Ferschtman, Leo Gandelman, Elissa Lee Koljonen Augustin Hadelich, Lilya Zilberstein, Pascal Rogé, Daniel Binelli e Daniel Müller-Schott.
Para Fabio Mechetti, entre os motivos de destaque da nova fase da filarmônica, está a maior liberdade de planejamento. “Isso vai desde a elaboração dos concertos até os ensaios no local da apresentação. Temos tido esse problema de não poder ensaiar onde tocamos. É um impedimento muito grande para o avanço da orquestra”, comenta o regente e diretor artístico.
Outra vantagem, segundo Mechetti, tem a ver com público. “O processo de ofertas vai poder ser mais diverso e intenso. Esperamos que, com isso, possamos contribuir ainda mais para a vida cultural da cidade”, diz. Se antes a Oquestra Filarmônica se apresentava às terças e quintas, a agenda do próximo ano tem apresentações marcadas para as quintas, sextas e sábados, dias considerados nobres na agenda cultural. Ou seja, o carnê de concertos passa de 24 apresentações para 57. O preço, por sua vez, cai: de R$ 36 (inteira), os ingressos passam a custar R$ 30 (inteira), entre os bilhetes mais em conta.
Ter casa própria também significa, na prática, mais condições de negociar datas com artistas disputados internacionalmente. O maestro Fabio Mechetti chama a atenção para a importância de se trabalhar com orçamentos plurianuais, e não ano a ano, como é feito atualmente. Essa é uma das questões a sererm negociadas com a nova equipe que assume o governo de Minas em 1º de janeiro.
De acordo com Diomar Silveira, presidente do Instituto Cultural Filarmônica, a mudança de governo não interfere na trajetória da orquestra. Para ele, trata-se de um modelo de gestão de projetos por meio de parceria público-privada. “O Instituto Cultural Filarmônica é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e tem um Termo de Parceria assinado com a Secretaria de Cultura do Estado de Minas Gerais, com vistas à manutenção da orquestra, e este termo continua, independentemente da mudança de governo”, garante.
Novas assinaturas
As novidades da Sala Minas Gerais obviamente impactaram diretamente a campanha de assinaturas. Primeiro, porque o número de concertos disponíveis no pacote vendido antecipadamente sobe de 24 para 57. São cinco séries: 'Allegro' e 'Presto', realizadas às quintas, 'Vivace' e 'Veloce', às sextas, e a Fora de série, com programação dedicada exclusivamente ao repertório de Beethoven. Além da prioridade na compra dos ingressos, os assinantes têm descontos que podem chegar a 25%, possibilidade de estacionar dentro do novo teatro e lugar garantido durante toda a temporada. Sempre na mesma poltrona.
Os assentos da Sala Minas Gerais são divididos em sete setores, dispostos em três níveis ao redor do palco. A ideia é que em cada “andar” o espectador tenha uma experiência diferente. O preço dos pacotes varia entre R$ 229 e R$ 2.308, no caso, com entradas para 33 concertos, de três séries. O valor da compra pode ser dividido em até seis vezes, sem juros. Quem já é assinante da Filarmônica tem prioridade na renovação. A partir do dia 10, poderá escolher seu assento, com opção por continuar assinando uma só série ou fazer outras combinações. Para o restante dos interessados, as vendas começam em 1º de dezembro.
Convidados especiais
Nesta terça-feira, às 20h30, dois convidados se apresentam com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais no Grande Teatro do Palácio das Artes: o pianista Ronaldo Rolim e o maestro suíço Emmanuel Siffert. O programa tem como destaques o Concerto nº 2 para piano, de Beethoven; Ce qu’on entend sur la montagne, poema sinfônico de Franz Liszt; e a abertura da ópera Dama Kobold, composta por Joachim Raff. O suíço é o principal regente convidado da Orquestra de Concertos Welsh. Siffert já conduziu grupos aclamados como a Royal Philharmonic e London Mozart Players. Aos 28 anos, o paulista Ronaldo Rolim é um dos jovens talentos do piano brasileiro. Ele estudou nos Estados Unidos, onde venceu importantes concursos. No Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Inteira: R$ 70 (plateia 1), R$ 54 (plateia 2) e R$ 36 (plateia superior).