Tom Zé se prepara para lançar o álbum 'Vira lata na Via Láctea'

Músico baiano conta como criou o repertório do novo disco que será apresentado na sexta-feira, em São Paulo, cidade que faz parte de seu ideário sonoro desde 1968

por Ailton Magioli 28/10/2014 08:06

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André Conti/Divulgação
Com a canção 'São Paulo, meu amor', Tom Zé venceu o 4º Festival de Música Popular Brasileira, da Record (foto: André Conti/Divulgação)
Uma geração, seja ela qual for, tem de ter rebeldia. “Senão ela não vinga bem”, justifica Tom Zé, para quem é necessário compreender seu tempo para fazer a antítese dele. Aos 78 anos, o cantor, compositor e instrumentista baiano lança o naturalmente instigante 'Vira lata na Via Láctea', com o qual volta a militar a brasilidade reconhecida internacionalmente, paralelamente ao discurso potente, agora endereçado, segundo diz, à chamada geração Y, também conhecida por geração do milênio ou geração internet.

Em show no Sesc-Vila Mariana, em São Paulo, na sexta-feira, um dos últimos remanescentes vivos do tropicalismo apresenta ao público o repertório inédito do disco, que, inicialmente disponibilizado no iTunes, já ganhou edição física, com capa desenhada pela cantora Mallu Magalhães. Distante daquela que, nos anos 1960, se tornou conhecida como música de protesto, Tom Zé afirma que não vive em Marte e se volta para a contemporaneidade, inspirado pela obra da professora Maria Lucia Santaella.

Ares tropicais Uma das principais divulgadoras da semiótica e do pensamento do filósofo e matemático americano Charles Peirce (1839-1914), defensor do pragmatismo, Maria Lucia Santaella chama de polifonia da subjetividade coletiva certamente o que está mudando e dando velocidade impensada à maneira de aprender. Para o cantor, dizer que “a internet é tão rápida e rica que em três passos você pode chegar a Platão ou a uma salsicha” é um exagero que delineia o cenário atual..

Defensor do que classifica como “direito de dizer” de que Caetano Veloso e Gilberto Gil são verdadeiros gênios, Tom Zé se lembra de que viu os parceiros “computarem sem computador”, ainda em 1967. “Eu, como trabalhador, pego no cabo da enxada”, esquiva-se de assumir um posto mais destacado no tropicalismo. De acordo com Tom Zé, graças ao trabalho experimental que desenvolve ele acaba com folga para viver sem gravadora, graças, principalmente, ao apoio que vem de fora do país.

Em 'Vira lata na Via Láctea', Tom Zé conta com novos colaboradores, como Criolo ('Banca de jornal') e a Trupe Chá de Boldo ('Geração Y'), além de Kiko Dinucci ('Retrato na Praça da Sé'), enquanto o velho amigo Milton Nascimento divide com ele os vocais de 'Pour Elis', música inspirada em cartas que Fernando Faro endereçou a Elis Regina.

“Peguei os textos de Fernando e comecei a cantar, de brincadeira, em casa. Tentei dar uma amplitude mais ousada à melodia, o que não é uma característica minha”, recorda Tom Zé, que, por sugestão do diretor artístico Marcus Preto, encaminhou a gravação a Milton Nascimento, que gostou da composição e começou a cantá-la.

“Mas a gravação dele veio pelo computador”, revela Tom Zé, que ainda homenageia a própria terra natal e os conterrâneos na faixa Irará Irá Lá. Completam o repertório as canções 'A quantas anda você', 'Cabeça de aluguel', 'Esquerda, grana e direita', 'Mamon', 'Salva humanidade', 'Guga na lavagem', 'Papa perdoa Tom Zé', 'A boca da cabeça' e 'Pequena suburbana'.

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