“Costumo dizer que Ella é a minha professora de canto”, diz Eliana, lembrando que o padrasto Booker Pittman sempre a colocava para escutar a cantora norte-americana, além de Sarah Vaughan. A afinação, o vocalize e a dinâmica de bebop – uma das correntes mais influentes do jazz – são algumas das qualidades de Ella Fitzgerald que atraíram Eliana. “Aquela clareza de voz que a gente entende palavra por palavra, articulada”, elogia a brasileira. Já em se tratando de Billie Holiday, o que mais atrai Eliana Pittman é o sentimento. “Aquela tristeza que só ela tem”, elogia.
Dedicada atualmente ao estudo da religião hebraica, na semana passada, ela se preparava para um jejum de 26 horas, entre sexta-feira e sábado, graças ao considerado Dia do Perdão. “É um trabalho muito lindo, de renovação espiritual”, garante Eliana Pittman.
Patrimônio Ela foi a responsável, na década de 1970, pelo lançamento do carimbó na mídia. Até então restrito ao Norte do país, o gênero musical que hoje tem estrelas da região (caso de Sophia e Dona Onete) foi gravado por ela em LP produzido por Sérgio Cabral. A cantora conheceu o ritmo durante viagem a São Luís do Maranhão, quando ouviu Pinduca pela primeira vez. Agora, ela celebra o fato de o ritmo ter sido recentemente declarado patrimônio cultural imaterial do Brasil.
No ano passado, Eliana esteve em Belo Horizonte para participar do projeto Salve rainhas, que trouxe de volta à cidade uma série de cantoras ausentes da cena, como ela e Rosemary. Com mais de 50 anos de estrada, ela começou trabalho artístico em 1961, ao lado do saxofonista norte-americano Booker Pittman, seu padrasto, mas não demorou para se firmar na carreira solo, onde ficou conhecida, na década de 1970, como a Rainha do Carimbó.
Take Five
Formado por Ricardo Penido (trompetista), Matteo Ricciardi (arranjos e saxofone), Hugo Silva (contrabaixo), Leo Lana (percussão) e Walner Casitta (piano), o Take Five é presença constante no Aqui Jazz, projeto que há uma década circula pelas praças públicas de Belo Horizonte com shows de qualidade. Na voz de Eliana Pittman, por exemplo, o público terá a oportunidade de ouvir clássicos norte-americanos como Cry me a river, Blue moon, Summertime e Night and day, além de pérolas jobinianas.
ELIANA PITTMAN & BANDA
Show comemorativo dos 10 anos do Aqui Jazz. Sábado, às 20h. Praça da Liberdade, Funcionários. Entrada franca.