Arthur Moreira Lima prepara a 500ª apresentação do projeto 'Um piano na estrada'

A bordo de seu caminhão-teatro, ele divulga o repertório erudito para o povo de todo o país; músico faz recital nesta terça no Teatro Bradesco

por Ailton Magioli 30/09/2014 08:00

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Acervo Pessoal
O concertista Arthur Moreira Lima diz que o público não aprecia obras de compositores contemporâneos (foto: Acervo Pessoal)
“A música de concerto sobrevive por causa dos clássicos”, constata o experiente Arthur Moreira Lima, de 74 anos, que está de volta à capital mineira para mais um recital. O pianista, cujo programa reúne autores como Beethoven, Chopin e Villa-Lobos, diz que só interpreta obras de compositores contemporâneos “por obrigação”.

“O pessoal gosta só de 'O lago dos cisnes'”, justifica, citando a obra de Tchaikovsky. Para reforçar essa opinião, o pianista recorre a um amigo, o teatrólogo Guilherme Figueiredo, que costumava dizer jamais ter visto alguém comprar disco e ir para casa com um compositor moderno.

Com o seu famoso projeto 'Um piano na estrada' cortando a mineira Estrada Real de ponta a ponta, depois de BH Arthur Moreira Lima, a bordo de um caminhão-teatro, seguirá para Baependi, São Lourenço e Maria da Fé, no Sul do estado. Em 15 de outubro, ele chega a Paraty (RJ).

“Em São Lourenço, vamos comemorar 500 apresentações com o caminhão”, informa o pianista. O projeto começou há 11 anos, em cidades banhadas pelo Rio São Francisco – da nascente à foz. “O grande legado do projeto é ter feito algo pelo meu país. Dar oportunidade de inclusão social”, afirma.

De acordo com ele, as cidades de pequeno porte recebem muito bem 'Um piano na estrada', assim como o subúrbio e áreas de grandes centros consideradas barras-pesadas.

Com mais de 50 discos no currículo, o pianista lembra que passou dois anos em Londres, na Inglaterra, gravando concertos clássicos. O produto foi distribuído como brinde por uma revista de circulação nacional. Com agenda internacional constante, o pianista revela que vai pela primeira vez à China em 2015. “Será uma coisa nova, interessante”, diz.

Alfa Preparando-se para “entrar em alfa”, ele atendeu à reportagem pouco antes de voltar a tocar piano. “Hoje está difícil”, revelou, contando que estava praticamente impossível ensaiar em meio a constantes toques do telefone.

Apesar de praticamente não frequentar concertos como espectador, o pianista diz que, ultimamente, há grandes progressos estéticos nesse formato de apresentação depois de um um período de “engessamento”.

“Já as orquestras estão no século 19”, adverte. Além disso, afirma Moreira Lima, o público não se identifica com a música clássica feita atualmente – ele próprio confessa não se interessar por essas criações. De acordo com o pianista, o século 20 será lembrado graças à obra de autores como Prokofiev e Béla Bartók, entre outros.


RECITAL ITINERANTE

11
anos

500
apresentações


ARTHUR MOREIRA LIMA
Nesta terça-feira, às 20h30. Teatro Bradesco, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada). Informações: (31) 3516-1360.

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