Pacífico Mascarenhas e amigos fazem show nesta quarta

No palco, artistas vão recriam obra do músico mineiro e relembrar o 'Sambacana', projeto que Mascarenhas criou inspirado na bossa nova

por Ailton Magioli 24/09/2014 09:15

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GERALDO FORTES/DIVULGAÇÃO
Os amigos de Pacífico Mascarenhas têm muito a comemorar. E será do jeito que eles gostam: com música (foto: GERALDO FORTES/DIVULGAÇÃO)
E lá se vão 50 anos desde que, fascinado com o surgimento da bossa nova, o pianista e compositor mineiro Pacífico Mascarenhas resolveu criar método de aprendizado de violão que, de acordo com sua vontade, seria impresso em capas e contracapas de LPs. “Tenho até hoje a patente, que não renovei no Instituto Nacional de Propriedade Industrial”, recorda Pacífico.
 

Hoje à noite, no Teatro Bradesco, um grupo batizado Amigos do Pacífico vai comemorar a data redonda em show com direito à participação do próprio Pacífico. Lenda viva da música belo-horizontina, o compositor não esconde o orgulho da criação, que acabaria rendendo sete discos, com variadas formações. Influenciado pelo ritmo, ele batizou o método de Sambacana, que, além de tabelas com acordes desenhados, trazia também as letras das canções.


Em visita aos diretores artísticos da Odeon José Ribamar e Milton Miranda, Pacífico recebeu oferta para a venda do método de violão, que acabou negociando em troca da gravação de um disco com suas composições. Em 1964, a gravadora convocou Roberto Menescal para arranjar as canções de Pacífico, cujo LP era divulgado em cartazes com os seguintes dizeres: “Aprenda a tocar violão ouvindo o Sambacana”.


Nascia então o método que renderia ao compositor sete discos, o últimos deles ainda inédito, gravado em Belo Horizonte, com arranjos de Alberto Chimelli e vocal de Renato Motta. Ao longo de quatro décadas, Pacífico teve o privilégio de ter sua criação musical registrada sob o título de Sambacana, em LPs e CDs, cada qual com uma formação. Remasterizado e relançado no centenário da Odeon, o segundo LP, de 1965, com arranjos de Marcos de Castro, chegaria ao Japão. Recém-chegados a Belo Horizonte, vindos de Três Pontas, no Sul de Minas, Wagner e Gileno Tiso e Milton Nascimento se responsabilizariam pelos vocais do disco.


Ainda com o primeiro LP, de 1964, Pacífico chegou a entrar na relação dos mais vendidos da Odeon. Tinha arranjos de Roberto Menescal e Hugo Marota, além da participação do maestro Eumir Deodato. Então com 16 anos, Joyce Moreno dividia os vocais com um cantor da noite carioca conhecido apenas por Toninho.


Os irmãos Bob e Suzana Tostes assumiriam os vocais do terceiro LP (1969) e do quarto (1976), que reuniram Marcos Castro e Wagner Tiso, Toninho Horta (violão), Novelli (contrabaixo), Nivaldo Ornelas (flauta e sax) e Laércio Villar (bateria). Já o quinto (1981) e o sexto (1988), com piano e arranjos de Helvius Vilela, contaram com a nata do instrumental de BH, de Juarez Moreira (violão) a Ezequiel Lima (baixo), Esdra “Neném” Ferreira e Lincoln Cheib (bateria), entre outros.


Detalhe: no sexto disco, Pacífico introduziria clássicos da canção americana no repertório. Das autorais, 'Pouca duração' acabaria se tornando o grande clássico do Sambacana, com 29 gravações, incluindo uma caseira de João Gilberto, amigo do compositor, disponibilizada no YouTube. Eumir Deodato e Tito Madi também gravaram a composição.


Marzano Trio, Clube da Bossa Nova, Paulinho Vital, Gera Fortes, Gabriela Brasil e Aninha Amaral (vocais), Gilberto Mascarenhas (voz e violão), Alexandre Mascarenhas e Raissa Souza (flautas), que formaram o grupo Amigos do Pacífico, vão participar do show hoje à noite. No final, o próprio Pacífico Mascarenhas vai tocar piano a quatro mãos com Marco Antônio Marzano. “Pra mim, é uma surpresa que os amigos resolveram fazer ”, conclui, timidamente, o compositor.

 

AMIGOS DO PACÍFICO
Nesta quarta, às 21h, no Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2. 244, Lourdes). Ingressos a R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Informações: (31) 3516-1360. 



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