Projeto Jam no MAM chega aos 15 anos como um espaço diferenciado da cena soteropolitana

Grupo baiano lançou o documentário 'Na Base do Solo' sobre a trajetória do projeto

por Mariana Peixoto 15/09/2014 09:56

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MARINA SILVA/DIVULGAÇÃO
Pátio do Solar do Unhão reúne fãs da música instrumental (foto: MARINA SILVA/DIVULGAÇÃO)
Salvador –
Enquanto esperava sua hora de tocar, o guitarrista Felipe Guedes mostrava a cantora, uma francesa de nome Caroline que havia conhecido no Pelourinho. Sem se deixar intimidar pela plateia soteropolitana, ela entoava 'Ladeira da Preguiça', de Gilberto Gil, na versão que ficou conhecida na voz de Elis Regina. A noite de sábado nem tinha chegado e o pátio do Museu de Arte Moderna da Bahia já estava cheio. Ao longo de três horas e para um público que superou a média dos 1,2 mil frequentadores de sábados do Solar do Unhão, ouviram-se também João Donato e Herbie Hancock na interpretação de instrumentistas que se revezavam no palco.

Sonho de músicos baianos que, sem espaço para se dedicar ao jazz, criaram uma jam session para reunir os amigos, o projeto Jam no MAM completou 15 anos. Para celebrar, foi lançado o DVD 'Na base do solo', documentário sobre essa trajetória. A banda base, formada por 11 instrumentistas que recebem convidados a cada semana, registrou um EP com seis faixas autorais.

Os 15 anos, na verdade, referem-se aos shows regulares no museu. Em 1991, o projeto teve início na casa dos pais do baterista Ivan Huol, coordenador artístico da iniciativa. A Jam no MAM ocorre o ano inteiro, faça chuva ou sol – só é suspenso, por razões óbvias, durante o carnaval. Para subir ao palco, há somente um quesito: ser músico profissional. A banda base toca na primeira meia hora; logo depois, apresenta-se quem quiser – um bloco de anotações faz o controle. Em média, são 20 artistas por noite.

Toninho Horta tocou lá mais de uma vez; Bocato, Carlos Malta, Arthur Maia, Flávio Venturini, César Camargo Mariano e Joshua Redman também participaram, além de gringos em passagem pela cidade e músicos em início de carreira, como Felipe Guedes. Sobrinho do percussionista Gabi Guedes, da Orkestra Rumpilezz, ele estreou no MAM aos 18 anos. “Foi por causa da jam que consegui me inserir na cena instrumental”, diz ele, hoje com 23.

O projeto começou com uma formação jazzística tradicional. Mas como o cenário é Salvador, a banda logo ganhou três percussionistas. “Toda jam costuma tocar standards americanos. A nossa acabou tendo um repertório diferenciado”, comenta o baixista Ivan Bastos. A partir das 19h, o pátio fica cheio, com fila para entrar (a inteira custa R$ 6). Na edição de anteontem, temia-se que o pianista cubano Chucho Valdés, atração do Teatro Castro Alves, afastasse o público. Que nada. Lotado, o pátio do MAM mostrou que para a boa música sempre há público.

A repórter viajou a convite da Oi

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