Aos 40 anos, Ana Carolina comemora a chegada da maturidade na arte e vida pessoal

"Agora, não tem nada melhor pra cabeça do que ter um pouco mais de experiência", disse a cantora em entrevista

por Correio Braziliense 09/09/2014 09:36

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Nelson Faria/Divulgação
Ana Carolina busca novos desafios artísticos na carreira (foto: Nelson Faria/Divulgação)
A maturidade tem dois lados. Com o tempo, a experiência e as formas de encarar a vida mudam. Por outro lado, há, um inevitável, envelhecimento. Essa dualidade é o objeto de reflexão atual da cantora Ana Carolina, que, amanhã, completa 40 anos de vida —dos quais passou 15 anos em cima dos palcos. Em entrevista ao Correio, ela revela o desejo de ser mãe — deve congelar os óvulos ainda este ano — e a preocupação com a idade.

“Cara, eu tenho muito problema com esta parada de envelhecer fisicamente. Isso me incomoda um pouco. Agora, não tem nada melhor pra cabeça do que ter um pouco mais de experiência”, conta. Dona de uma carreira consolidada no cenário da MPB, Ana Carolina agora parte em busca de novos desafios, parcerias e horizontes para carreira e ainda aposta nas artes plásticas e na direção de vídeos como caminhos a também serem seguidos.

Ao longo da carreira, você conseguiu reconhecimento de crítica e público. Ainda falta algo?
Vejo uma cobrança grande em cima de mim com relação à música de sucesso. Eu me sinto muito mais livre. Sem culpa. Faço aquilo que eu estou a fim de fazer. O tempo de carreira é que te dá isso. Mas é bom saber que você tem um disco com canções que tocam na rádio.

E, atualmente, o que tem feito?
Eu voltei a pintar. Só que agora o trabalho está um pouco mais maduro. E, por isso, mais sóbrio. Estou muito ocupada com esse o show — vou gravar o DVD em 25 de outubro, em São Paulo —, lidando com os pormenores e conversando com calma para fazer um registro bacana.

Como você encara a chegada dos 40 anos. Está preparada?

Cara, eu tenho muito problema com essa parada de envelhecer fisicamente. Agora, não tem nada melhor para cabeça do que ter um pouco mais de experiência. Não troco por nada. Tudo fica mais claro. Até para minha maneira de me comunicar. Com 20, 30 anos era muito difícil me fazer entender… Imagina, trabalhando com várias pessoas em torno, fazendo shows, canções e sem conseguir me comunicar direito! Era complicado.

Cinco anos atrás, você disse que tinha “medo do tempo passando sobre as coisas”. Isso incomoda mesmo?
O tempo é relacionado à vida e à morte. Então, gera muitas perguntas. O seu estado na Terra neste momento, o que acontece depois, o que aconteceu antes… Inúmeras perguntas, né? Então, realmente me dá uma incomodada o tempo passando pelas coisas. O que mais me entristece é aquilo que vai embora.

Como anda o desejo de ser mãe?
Eu vou tirar os óvulos este ano e congelar. Já tomei essa decisão. Eu só fico um pouco reativa quando minha médica fala em deixar pronto o embrião. Isso é muita responsabilidade para mim neste momento. É uma coisa leve, mas há uma preocupação.

Na sua carreira, você sempre buscou novos caminhos. A direção de videoclipes é um projeto a se investir?
Eu faço filme de uma maneira muito despretensiosa. Sem a encanação total que eu tenho na música, que é absoluta — do tipo ‘eu não vou cantar essa palavra! No vídeo, não tem nada disso. É light, leve, tudo fluindo.

Finalizando 'Poledance', já pensa em mais algum?

Eu queria muito que o público fizesse o vídeo do Pelo iPhone, utilizando os próprios aparelhos. De repente eles me mandam as imagens e eu edito. Não sei como fazer ainda. Tem uma coisa técnica a ser seguida que eu não sei como funcionaria, mas seria incrível se fosse assim.

Do álbum 'N9ve' até o '#AC', você disse que fez umas 50 canções. Nesse tempo você fez algo que achou melhor para outro cantor?
Não… A Maria Rita está me devendo gravar 'O cristo de madeira' em samba. Faz quatro anos que ela fala isso e não faz. Vou continuar acendendo as velas (risos). Mas, na verdade, eu fico fazendo as músicas, gravo e fico com elas ali comigo. E sou supercuidadosa. Porque eu já fiz canções pra algumas pessoas que gravaram de uma maneira muito distante do que eu havia pensado. E algumas pessoas me decepcionaram. Pouquíssimas, tá?

Você foi indicada ao Grammy com seu primeiro disco, mas é um dos poucos prêmios que ainda não ganhou. Você ainda espera?
Acho que essas coisas dependem de uma campanha que se faça pra estar ali e eu nunca levantei um braço. Não fiz um trabalho direcionado. Tipo: ‘vou fazer um disco porque este ano o Grammy é meu’. Jamais trabalhei dessa maneira. Na minha opinião, eles é que estão em dívida com a música brasileira. Tava na hora de pagar! Eu podia ganhar (risos).

Quando você surgiu, em 1999, o público, a mídia e o meio musical voltaram as atenções para você, para descobrir quem era essa cantora de voz grave, que lembrava Zélia Duncan e Cássia Eller. Você teve umas cantoras “sombra”, né?
No meio musical, eu não fui confundida com nenhuma cantora dessa época. Pelo contrário, fui reconhecida por ser aquela cantora que cantava daquele jeito. Mas talvez o público, de maneira geral, até porque não tem obrigação de ter sensibilidade musical e entender determinadas coisas, meio que costuma colocar todo mundo num mesmo saco.

Quando surge tem que ter comparação...

Tem que ter uma comparação. Agora, a minha comparação mesmo, foi com a Cássia, né? Que me deu muita força no começo. Muita força mesmo... Eu acho que Garganta tinha uma coisa meio nasal, e aquele improviso no meio. Era uma coisa meio louca.

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