Bairros Alto Vera Cruz e Taquaril retomam o coletivo Tamboralto

Projeto de música e de dança foi criado pela líder comunitária do grupo Meninas de Sinhá, que morreu em janeiro

por Jefferson da Fonseca Coutinho 07/09/2014 10:00

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Sergio Falci/Divulgação
(foto: Sergio Falci/Divulgação)
A partir das 12h de deste domingo, artistas e moradores dos bairros Alto Vera Cruz e Taquaril se reúnem para homenagear Valdete da Silva Cordeiro, líder comunitária e fundadora do grupo Meninas de Sinhá. Dona Valdete – como ficou conhecida – também esteve à frente do Tamboralto, evento de sucesso nos anos 1990, para mostrar a força da cultura na região em contraponto à violência dos aglomerados. A grande festa de hoje marca a volta do Tamboralto, sonho e batalha dos moradores. O coletivo vai promover encontro de gerações pela arte e pela paz em nome da “menina de Sinhá”, que fez história em Belo Horizonte.

Dona Valdete morreu em 14 de janeiro, aos 75 anos. Em 1989, com a intenção de dar vida nova e levar perspectivas aos moradores do Alto Vera Cruz, ela deu início ao agrupamento de mães de família e donas de casa da região que ganhou o nome de Lar Feliz. Em 1996, com o Tamboralto, o grupo de boa prosa, dança e música foi rebatizado Meninas de Sinhá. São 28 integrantes com idade entre 54 e 94 anos, reunidas ao menos três vezes por semana para pensar e praticar a cultura na comunidade.

Para Gilberto César, a retomada do projeto marca o desejo de luta e a vontade dos tempos de Dona Valdete. “Voltar com o Tamboralto, depois de todos esses anos, com o apoio da prefeitura, é importantíssimo também pelo fortalecimento do diálogo do poder público com a comunidade”, ressalta o gerente do Centro Cultural Alto Vera Cruz. O evento, que chegou a ser produzido a cada dois meses, foi interrompido no final dos anos 1990. Gilberto conta que o bairro só ganhou um centro cultural por causa do movimento liderado por Dona Valdete. A proposta é que o Tamboralto volte a ser bimestral.

Ausência sentida

A produtora do grupo Meninas de Sinhá, Patrícia Lacerda, de 43, destaca a “justa homenagem” à liderança da Região Leste. “Tudo de bom no Alto Vera Cruz sempre teve o dedo de Dona Valdete. Não tem sido fácil para ninguém lidar com a ausência dela. Carismática, surpreendente, ela tinha sempre algo de positivo e transformador. Uma pessoa com atitudes acertadas e inesperadas, com uma história de vida exemplar”, considera a amiga e parceira de trabalho.

Patrícia conta que 7 de setembro foi a data de aniversário escolhida por Dona Valdete, que, por muitos anos, não teve certidão de nascimento. Menina crescida, certa vez, perto de 10 anos, Dona Valdete perguntou para a madrinha, mãe adotiva, em que dia ela havia nascido, pois tinha vontade de comemorar. A mulher teria respondido “sei lá”. “Foi então que a Valdete escolheu o 7 de setembro, porque era um dia de festa, com bandas e com marchas”, diz Patrícia.

Música inédita

No programa de hoje, são mais de seis horas de shows, com a participação de artistas da cena gospel local, rappers, bboys, sambistas, roqueiros, funkeiros, black music e MPB. O encerramento, à noite, vai ficar por conta do grupo Meninas de Sinhá. No repertório, as canções de sucesso do coletivo e composição inédita de Ephigênia Lopes para Dona Valdete. O ponto de encontro para a festa é a Rua Fernão Dias, esquina com Rua Tebas, no Bairro Alto Vera Cruz.

Artistas participantes
Meninas de Sinhá
Cacá Gualberto
Arautos do Gueto
Felipe Cordeiro e Sambalto
Evandro MC e DJ Francis (NUC)
Crime Verbal
Vozes da Periferia
DJ Cláudio da Mata
DJ Cris Brown
Grupo Nosso Jeito
Coronel XX
Marlon Black
Preto Fi
Presença do Rei
Som das águas
Fernando Ciências
Levítico
Processo Hip-Hop
Claudiano Gregório e banda


TamborAlto
O Morro acorda para a arte – Neste sábado, a partir das 12h. Rua Fernão Dias esquina com Rua Tebas. Bairro Alto Vera Cruz.

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