Cantora uruguaia e grupo argentino abriram festival I Love Jazz; confira a programação

Festa na Praça do Papa começou em clima romântico e terminou com o público dançando

por Mariana Peixoto 09/08/2014 07:47

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Marcos Vieira/EM/D.A Press
Frio não tirou o entusiasmo da multidão que lotou a praça na noite de ontem para curtir a sexta edição do festival na capital mineira. (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Jazz e blues estão na base da cultura norte-americana. Mas os gêneros já ultrapassaram, há muito, qualquer fronteira. Tanto que na estreia da sexta edição do I love jazz, ontem à noite, na Praça do Papa, no Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o sotaque era latino-americano. A primeira noite do festival, que vai até amanhã, levou dois hermanos para o palco. Abrindo a temporada de 2014, uma uruguaia, a cantora Maria Noel Taranto. Encerrando, um sexteto argentino, Creole Jazz Band. Com décadas de carreira, repertório popular, carisma e simpatia, eles embalaram a noite. Em bom portunhol.

Acompanhada de um quarteto – contrabaixo, bateria, piano e flauta – , Taranto derrubou barreiras. Apostou em standards do jazz – Sophisticated Lady (Duke Ellington), You do something to me (Cole Porter), Cry me a river (Arthur Hamilton) –, mas não se esqueceu do país em que se apresenta. Com um suave sotaque, entoou em bom português a jobiniana O que tinha de ser. E ainda deu um acento de blues ao clássico maior do repertório de Édith Piaf, Je ne regrette rien.

Na sequência, o clima foi menos romântico e mais dançante. Durante 22 anos, o sexteto Creole Jazz Band apresentou-se no Tortoni, o mais tradicional dos cafés de Buenos Aires. Formada em 1957, a banda tem cancha para tirar qualquer um da cadeira. Já no início da apresentação, mandou It’s a sin to tell a lie, standard dos anos 1930 de Billy Mayhew. Quando atacou de Charleston, a plateia já estava domada. Senhoras levantaram-se da cadeira, bem na beira do palco, e mandaram ver nos tradicionais passos.

Mariana Peixoto/EM/D.A Press
A uruguaia Maria Noel Taranto entoou a jobiniana O que tinha de ser, em bom português (foto: Mariana Peixoto/EM/D.A Press)
A dança, por sinal, é uma das ênfases desta edição do I love jazz. Grupo que reúne 15 pessoas que desde 2012 buscam popularizar o chamado lindy hop (estilo de dança do swing jazz de big bands) em BH, o BeHoppers abre a programação de hoje e amanhã na Praça do Papa, com um aulão para o público a partir das 16h. Quando a noite cair, eles irão para uma área à esquerda do palco para dançar. Ontem, já chamavam a atenção do público, que logo se juntou ao grupo. Hoje, depois dos shows na praça, ainda promovem uma festa no Granfino’s ao som da Happy Feet Jazz Band.

UMA PLATEIA DIVERSIFICADA


O público, que começou tímido no início da noite, rapidamente se multiplicou com o passar das horas, a despeito da temperatura descendente. Fazendo jus ao clima sem fronteira do festival, a plateia era bem diversa. Muitos já conhecem o I love jazz de outras edições, caso de Maria Carmen Rena, de 51 anos, que assistiu ao evento pela terceira vez. “Gosto porque é uma boa oportunidade de ouvir jazz na praça.” Neófito no festival, o potiguar Ramon Araújo, de 27, foi assistir por sugestão de um amigo. “É gratuito, enriquece a cultura com boa música e ainda é uma terapia depois de ouvir tanta buzina na cidade.”

O casal Osvaldo Paulino, de 68, e Maria Helena Brandão de Paiva, de 62, apostou no clima nostálgico. “Me lembra cantores antigos”, disse ele. Já Fernanda Madeira, de 32, gosta principalmente do jazz mais animado que marca a escalação do festival. “Os shows são legais e muita gente ainda dança.”

Fã de jazz e blues, Diego Pinheiro, de 32, acha que o ambiente das Mangabeiras combina com a música do evento. Estreante no festival, Vinícius Fernandes, de 45, fez um acordo com os dois filhos, Guilherme e Gabriel, de 8 e 10 anos, para ir ao I love jazz: uma rodada de pizza, caso eles acompanhassem o pai e a mãe, Cristiane Fernandes, de 41. Ninguém se arrependeu. “É chato ficar em casa! Achei a música animada”, comentou o caçula do quarteto.


PROGRAMAÇÃO

Confira horários dos shows

Hoje
» Praça do Papa (Avenida Agulhas Negras, s/nº, Mangabeiras, entrada franca)
16h – Aula de dança lindy hop
17h – David Kerr e Canastra Trio (BRA)
18h45 – Swiss College Dixie Band (BRA)
20h30 – The Scott Hamilton Quartet com Harry Allen (EUA)
» Granfino’s (Avenida Brasil, 326, Santa Efigênia, ingressos a partir de R$ 30)
22h30 – Festa Rock Step Swing Jazz, com banda Happy Feet e grupo de dança BeHoppers (BRA)

Amanhã
» Praça do Papa (Avenida Agulhas Negras, s/nº, Mangabeiras, entrada franca)
16h – Aula de dança lindy hop
17h – Magnólia Brass Band (BRA)
18h45 – Taryn (BRA)
20h30 – Mark Lambert e Orquestra Radio Swing (BRA)

Os destaques

Hoje
» Scott Hamilton e Harry Allen (EUA)
Se tiver que escolher só um show, não perca o encontro dos dois instrumentistas. Os saxofonistas já participaram de edições distintas do festival, mas nunca se apresentaram juntos no evento. Nomes do primeiro time do jazz tradicional, vão promover um duelo de saxofones no festival.

Amanhã
» Taryn Szpilman (BRA)
O nome engana. Ela é brasileira, mas tem ascendência russa, alemã e polonesa. Com pinta de diva, a cantora se apresenta pela primeira vez no evento. Influenciada por Etta James e Billie Holliday, é também diretora artística da Rio Jazz Orchestra.

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