Arnaldo Baptista empolga público em Belo Horizonte

Músico, ex-integrante dos Mutantes, se apresentou pela primeira vez na capital mineira com seu projeto solo

por Daniel Camargos 05/08/2014 00:13

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Leandro Couri/EM/D.A Press
Artista se apresentou na noite de domingo, no Cine Teatro Brasil Vallourec (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Já havia passado quase 10 minutos do bis. Com as luzes totalmente acesas, a plateia permanecia nas cadeiras aplaudindo, ou melhor, quase implorando por mais alguns minutos de Arnaldo Baptista, o eterno Mutante. Pela primeira vez ele fez uma apresentação solo completa na capital mineira, cidade que escolheu para viver. Atualmente, Arnaldo divide seus dias entre Belo Horizonte e o sítio em Juiz de Fora.


O concerto Sarau o Benedito? é uma apresentação para iniciados na obra do artista. É somente Arnaldo, um piano de cauda e imagens de suas pinturas projetadas ao fundo do palco. Algumas rosas no piano e na frente do palco compõem o cenário lírico com a camisa amarela cintilante do rock star.

O início ligeiramente claudicante, pois o cantor parecia encantado com a plateia, foi se esvaindo. Arnaldo ganhou confiança, passou pelo medley com letras de Lóki (1974), disco fundamental da música brasileira que recentemente completou 40 anos, arriscou Rocket man (Elton John) e outros covers até inebriar a plateia com clássicos dos Mutantes: Ando meio desligado, Balada do louco e Posso perder minha mãe e minha mulher desde que eu tenha meu rock’n roll .

Quem não conhece a história de Arnaldo pode estranhar a voz sem muita potência e a cumplicidade do público, que cantava baixinho, um pouco receoso de desconcentrar o ídolo. Mas quem acompanha a trajetória do ex-Mutante – que foi casado com Rita Lee e, em parceria com o irmão, Sérgio Dias, fundou o rock brasileiro – sabia: ali no palco está um sobrevivente, espalmando as mãos no rosto de alegria ao agradecer aos aplausos.

O auge dele foi com os Mutantes, atravessando a década de 1960 e o início dos anos 1970 com canções alegres, psicodélicas, progressivas e baladas que contemplavam todo o cardápio de possibilidades e dissonâncias do rock. Depois de deixar a banda, Arnaldo se afundou em drogas pesadas, gravou discos como Singin alone (1982), pulou do terceiro andar de um prédio, quase morreu e se recuperou com a ajuda da atual mulher, Lucinha Barbosa. Voltou a compor, a tocar e até a gravar: há 10 anos, lançou o belíssimo CD Let it bed.

Domingo à noite, no Cine Teatro Brasil Vallourec, ele apresentou canções de todos esses discos. Um trecho da letra de Aí garupa (de Let it bed) resume a simbiose entre artista e público. Dos dois lados daquele palco, os “elmos vasos comunicantes” ficaram completamente ligados. É como diz o título de um dos raros discos de Arnaldo gravado em 1978 com a banda Patrulha do Espaço: “Faremos uma noitada excelente”.

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