Clóvis Aguiar se apresenta no Jazz das Gerais, com Esdras Neném Ferreira e Milton Ramos

Show está marcado para as 20h desta sexta-feira, na Funarte MG

por Walter Sebastião 11/07/2014 09:56

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Paulo Lacerda/Divulgação
Pianista, Clóvis Aguiar critica a falta do instrumento nos espaços, que obriga os músicos a tocar teclados (foto: Paulo Lacerda/Divulgação)
Para o pianista Clóvis Aguiar, que participa nesta sexta-feira, às 20h, na Funarte MG, do projeto Jazz das Gerais, o evento merece atenção e carinho. “Minas é um lugar que tem música instrumental diferente”, afirma. A marca do que é feito aqui, para ele, está nas harmonias complexas, rebuscadas e nas cadências que, garante, não existem em outro lugar. Aspecto que ele suspeita vir de um ambiente com história ligada à religiosidade, às serenatas etc., sem praias. Assim, sobra tempo para se dedicar a fazer música com esmero.

O Clóvis Aguiar Trio mostra no show composições de seus dois discos. 'De Cumplicidade' (2001) traz 'Choro do Gouveia' e 'Ponte Vedra'. Vêm do CD 'Fio condutor' (2011) as composições 'Valsa do coração' e 'Na estrada'. Com Esdras “Neném” Ferreira (bateria) e Milton Ramos (baixo), toca, ainda, Tom Jobim. Sozinho, o artista apresenta uma composição novinha: 'Crepúsculo'. “Minha música é variada. Tem samba, canções, tango mineiro etc. O que a gente faz é sempre um filtro da vida que vivemos”, afirma. E garante que a música de qualquer um é sempre assim.

O músico é mineiro de Belo Horizonte que desde criança é encantado pelo piano. “Tinha o instrumento na minha casa, via um tio tocando e viajava. Cheguei a acordar de madrugada para tocar piano”, recorda.

Rapidamente, começou a participar de grupos e fazer bailes. Aos 21 anos, decidido a levar a música a sério, ingressou no Conservatório da UFMG, onde estudou com Lucas Bretas e Magdalena Costa. Abandonou o curso na metade e foi para São Paulo estudar harmonias do jazz. “Gosto de música erudita, mas o que eu queria era outra coisa. Sou compositor, o projeto era tocar as minhas músicas”, justifica.

Artistas que admira e com os quais tocou são: Toninho Horta, César Camargo Mariano, Dori Caymmi, Tom Jobim e João Bosco, entre outros. Autores que exemplificam o que é a música para Clóvis Aguiar. Isto é: “Algo espacial, virtual, que entra no cérebro, faz vibrar e, depois, vai embora. É um sonho, uma iluminação”, afirma. “Quando acaba o show, com a luz acesa, toda magia desaparece. E o que você vê no palco são aparelhos, pessoas trabalhando. E se você vai conversar com o artista, descobre que ele é um sujeito comum, que vai a boteco, fala de futebol, do cotidiano, igual a qualquer pessoa”, garante.

Essencial a um músico, para Clóvis Aguiar, é a capacidade de reunir técnica, inspiração, musicalidade, organização. “Somos como pintores que, com tintas, vão criando quadros sobre todos os sentimentos humanos, que passam uma sensação boa, que faz bem à alma e ao espírito”, explica.

A colaboração com Esdras Ferreira e Milton Ramos já soma 18 anos. Conheceu a dupla depois de voltar de temporada de oito anos na França. “Eles conseguem materializar o meu sentimento musical”, elogia. A primeira gravação deles foi o disco Click, com standards norte-americanos “com jeito brasileiro”.

Clóvis Aguiar lamenta que as casas noturnas de Belo Horizonte não tenham piano. “O que nos obriga a ficar carregando teclados, que não têm qualidade de som”, lamenta. “Um piano, como existe em todos os lugares que consideram a música importante, daria qualidade sonora muito melhor e também mais respeito ao artista”, afirma, reclamando, que na cidade as pessoas conversam muito quando alguém está tocando numa casa noturna.

Cinco no palco

A programação do Jazz das Gerais continua neste sábado, às 20h, na Funarte MG com a apresentação do João Antunes Quinteto. O violonista e compositor que dá nome ao grupo toca ao lado de Breno Mendonça (saxofone), Fred Selva (vibrafone), Yuri Vellasco (bateria) e Pedro Santana (baixo). Além de seu trabalho autoral, João atua ao lado da cantora norte-americana Holly Holmes e na Misturada Orquestra. Também compõe trilhas sonoras.


Jazz das Gerais
Nesta sexta-feira, às 20h, show de Clóvis Aguiar Trio; sábado, no mesmo horário, João Antunes Grupo. Teatro Funarte MG, Rua Januária, 68, Floresta, (31) 3213-3084. Entrada franca. Os ingressos devem ser retirados uma hora antes das apresentações.

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