Gravadoras apostam na mistura de ritmos para disseminar a cultura do país

Com a Copa do Mundo, as gravadoras brasileiras decidiram criar projetos musicais que valorizassem os gêneros brasileiros e também os tornassem mais próximos dos estrangeiros

por Adriana Izel 01/07/2014 09:59

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Reprodução/Facebook)
Paixão pelo Brasil fez Fatboy Slim unir música eletrônica com samba e funk (foto: Reprodução/Facebook))
Se Marvin Gaye tivesse nascido brasileiro, certamente seria sambista. Já Aretha Franklin provavelmente se tornaria uma das divas da bossa nova. Caso Jorge Ben Jor e Elis Regina fossem contemporâneos da época em que a música eletrônica tomou conta das pistas de dança, 'Taj Mahal' e 'O cavaleiro e os moinhos' poderiam ser hits das noitadas.

Tudo isso poderia ser apenas um devaneio, mas não é. Com a Copa do Mundo, as gravadoras brasileiras decidiram criar projetos musicais que valorizassem os gêneros brasileiros e também os tornassem mais próximos dos estrangeiros que estão visitando o país. Por isso, todos esses exemplos viraram realidade nos álbuns 'The Brazil connection' e 'Bem Brasil'. A faixa 'Sexual healing', de Gaye, agora é um belo samba; 'Walk on by', de Aretha, ganhou os acordes da bossa nova nas mãos de Roberto Menescal; e as canções de Ben Jor e Elis se tornaram belos remixes de EDM nas picapes de Felguk e Yousef, respectivamente.

O disco 'The Brazil connection' é uma produção dos irmãos alemães Frank e Christian Berman. A dupla já havia se aventurado em algo parecido utilizando as vozes de cantores norte-americanos em músicas cubanas. Dessa vez, eles misturaram canções de artistas como Aretha Franklin, Marvin Gaye, Billie Holiday, Sarah Vaughan, entre outros, com a batucada produzida por tamborins, surdos e cavaquinhos para produzir samba e bossa nova.

Alma do Brasil

“Nós sempre tivemos uma grande apreciação pela música brasileira. Ela é o coração e a alma do Brasil. Os ritmos afro-brasileiros estão no jeito de falar, de andar e até do jogador futebol no país. A qualidade da música brasileira foi o que inspirou a ideia de fazer essa coletânea”, explica Frank. De acordo com o produtor, o objetivo era trazer o jeito de viver brasileiro para dentro das performances de ícones da música norte-americana.

O projeto demorou cerca de um ano para ser produzido. Os irmãos procuraram catalogar as músicas e pediram o auxílio de dois brasileiros nesse processo. Assim os músicos e compositores Roberto Menescal e Marcos Valle foram convidados para participar do 'The Brazil connection', que também tem nomes como Torcuato Mariano e Mario Adnet. “Eles entraram em contato comigo e perguntaram se eu topava fazer algumas músicas. Falei com o Marcos Valle, que também curte esse jazz antigo e fizemos uma coisa meio com a pegada da bossa nova. Eles adoraram”, conta Menescal.

A dupla assina o arranjo de duas canções — 'Walk on by', com Aretha Franklin, e 'Music to watch girls by', de Andy Willians. “A gente viveu a época desses cantores. Então, estávamos na nossa praia. Essas músicas foram sucesso no mundo inteiro e sempre estiveram na minha cabeça”, explica Roberto Menescal. Ele também acredita que o projeto é interessante não apenas para o Brasil, mas para o mundo inteiro, pois abrirá uma porta para a música brasileira.

Batida eletrônica

A paixão pelo país fez com o que o DJ Fatboy Slim produzisse durante dois meses o material para o álbum 'Bem Brasil'. A ideia de lançar agora foi do próprio produtor, que revelou ter usado o Mundial como uma desculpa para divulgar o trabalho. “Aprendi a amar a música brasileira durante as minhas viagens. Mas poucas canções brasileiras são ouvidas na Europa, então achei que a Copa era uma boa desculpa”, afirma.

O disco conta com mais de dez DJs que fizeram remixes de canções consagradas na voz de artistas brasileiros ou ainda músicas internacionais com os ritmos clássicos de samba e funk a pedido do inglês. Sucessos de Jorge Ben Jor ('Taj Mahal'), Elis Regina ('O cavaleiro e os moinhos') e Gilberto Gil ('Toda menina baiana' e 'Maracatu atômico') receberam uma incrementada nas picapes. Já o funk foi lembrado pelos grupos Bonde do Role e Rio Schok.

Entre os convidados do projeto, estão Dimitri Vegas & Like Mike e Felguk, artistas que também têm uma boa relação com o Brasil. Além do brasileiro João Brasil, que participou da produção de Keepee uppee ao lado de Carl Cox.
“Gostei muito de participar do disco. O Fatboy Slim é uma referência para muitos DJs e produtores, conhece e adora o Brasil. Foi uma homenagem dele para nós. Achei importante, pois coloca nosso país e nossa música em destaque na Inglaterra e no mundo. Acho que estamos fazendo o que está ao nosso alcance. Temos que aproveitar isso para mostrar nossa cultura”, comenta João Brasil.

O CD duplo traz canções para baladas noturnas e opções também para as diurnas. Entre os destaques, estão 'Samba do mundo' (Gregor Salto, Saxsymbol e Todorov), 'Eparrei' (Dimitri Vegas & Like Mike, Diplo e Fatboy Slim) e 'Magalenha' (Fresh).

A ideia dos irmãos Berman é sair em turnê com os instrumentistas que participaram da gravação do álbum. Segundo Menescal, ainda não há uma data certa, mas isso deve acontecer até o fim deste ano ou em 2015. “Independentemente de festa, de Copa do Mundo, a gente tem um caminho muito grande para trilhar com esse projeto. Devemos fazer mais algumas canções para poder sair em turnê”, completa o brasileiro.

Marvin Gaye - Sexual healing




Billie Holiday - Lovely day



Jorge Ben Jor - Taj Mahal (Felguk remix)



DJ Fresh e Fatboy Slim - Magalenha

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