Entre 1991 e 1997, o empresário e produtor cultural Cacá Pádua foi proprietário do Alameda Jazz, um bar na Avenida Barbacena que recebia grandes nomes da música mineira. E lá conviveu com artistas dos mais variados estilos. Quando o espaço acabou, teve o insight de juntar alguns desses músicos e criou a banda Estação MPB, formada por Beto Lopes (guitarra), Marilton Borges (teclado), Ezequiel Lima (baixo) e Neném (bateria). O grupo tocou de 1999 a 2002 em vários espaços de Belo Horizonte, especialmente no Bar da Estação, daí o nome do quarteto. Depois de três anos, a banda se desfez, mas está voltando.
Foi Cacá Pádua quem teve a ideia de reunir a turma novamente. Desde o dia 13, o quarteto está se apresentando todas as terças-feiras no Café 104, como vai ocorrer hoje à noite. “Estou muito feliz com esse retorno”, celebra o baterista Neném. “Mesmo com tantos anos separados, a gente sempre se esbarrou por aí. Temos uma grande afinidade e entrosamento. Está muito gostoso; o som está maravilhoso.”
Cacá acrescenta que um dos principais motivos da retomada do quarteto foi ajudar a preencher a lacuna existente na noite de BH, especialmente num dia como terça-feira. Segundo ele, o resultado tem sido surpreendente. “Não só os músicos estão muito satisfeitos, mas também o pessoal do Café 104. E principalmente o público, que está comparecendo e aprovando”, salienta.
Como o próprio nome do quarteto sugere, o foco do repertório é a música brasileira. O guitarrista e violonista Beto Lopes enumera clássicos de Milton Nascimento, Lô Borges, Chico Buarque, Edu Lobo, Gonzaguinha, Toninho Horta e João Donato, além de composições dos próprios músicos. “São músicas que a gente toca em projetos solo e de artistas com quem já tocamos. E vez por outra algum jazz. Mas a prioridade é MPB. Música boa é o que não falta, mas a gente sempre muda o set list de um show para o outro”, assegura.
Já Neném comenta a variedade do público nas apresentações e destaca a presença da moçada. “Na plateia tem a geração que nos conhece há anos, mas seus filhos também. E muitos músicos novos que querem conhecer nosso trabalho de perto. Também tem o espaço, que é espetacular”, completa.
Quem é quem
Neném (foto) – Um dos mais requisitados bateristas mineiros, começou tocando atabaque ainda criança no terreiro da tia, Babalaorixá de Oxossi. Nos anos 1970, participou dos grupos Arca de Noé (com Fernando Orly) e Vera Cruz (com Mauro Rodrigues, Yuri Poppoff, José Namen e Juarez Moreira). Tocou com Toninho Horta, Beto Guedes, Lô Borges, Marku Ribas, Nana Caymmi, Pat Metheny, Jack Lee, Pablo Milanez e Chico Buarque.
Beto Lopes – Além de guitarrista e violonista, desenvolve trabalhos como compositor e arranjador. Tocou com Hermeto Pascoal, participou por duas vezes do Free Jazz Festival acompanhando Flávio Venturini e Túlio Mourão. Também esteve no Heineken in Concert com o guitarrista Andy Summers. Excursionou pelos Estados Unidos com a banda de Lô Borges e atualmente toca com Milton Nascimento.
Marilton Borges – Primogênito de uma família musical, apresenta-se nos mais diversos espaços da capital mineira, acompanhando cantores e instrumentistas, alem de produzir o show do irmão Lô Borges. Participou da gravação de discos de vários artistas. Trabalha também como produtor de jingles e trilhas – foi diretor de produção do Studio HP. Como radialista, trabalhou na Inconfidência, América e Metrópole, entre outras.
Ezequiel Lima – Contrabaixista muito experiente, tocou com vários artistas aqui e fora do país. Entre os mineiros, esteve ao lado de Marku Ribas, Renato Motha, Maurício Tizumba, Paulinho Pedra Azul e Toninho Horta. Com Juarez Moreira, participou dos CDs Samblues, Nuvens douradas e Aquarelas. Trabalhou também com Elza Soares, Dominguinhos e Cauby Peixoto. Compositor, já lançou dois CDs.