A realização, a partir desta segunda-feira, na Escola de Música e no Conservatório UFMG, da Primeira Semana do Cravo da UFMG promete trazer à tona não apenas a importância do instrumento na cena musical barroca mineira, mas também a sua relevância para as novas gerações. Como ressaltam os próprios cravistas, por mais que o instrumento esteja associado à música antiga, o repertório contemporâneo do cravo é expressivo, como vai mostrar o evento. Em pauta, também, estudos e publicações sobre o repertório ibérico barroco e clássico para tecla e suas conexões com a música colonial brasileira, além de aspectos ligados à construção, manutenção e reparo do instrumento.
Para o cravista e professor Eduardo Ribeiro, coordenador-geral da Semana do Cravo, o conteúdo da programa equivalerá a um semestre letivo de estudos do instrumento. “Tudo com a participação de instrumentistas de renome e com custo praticamente zero para os estudantes.” Além de master classes e concertos, os participantes poderão acompanhar o Simpósio do Cravo na Atualidade.
No Brasil, o grande nome do instrumento, na avaliação do coordenador, é o carioca Roberto de Regina, de 87 anos. Responsável pela construção do primeiro cravo no país, ele também foi autor da gravação dos dois primeiros discos de cravo e música antiga no Brasil, além de criar o primeiro grupo para o instrumento no país. Em Belo Horizonte, uma das maiores autoridades do instrumento, que fará concerto na programação da semana, é Felipe Nabuco Silvestre, responsável pela criação e direção do Ensemble Barroco Europeu, integrado por jovens músicos portugueses, alemães, italianos, franceses, austríacos e ingleses.
FUTURO Olhar para o passado é bom, mas há que se apontar para o futuro, adverte o professor Edmundo Hora, da Unicamp, que vai fazer a palestra inaugural do Simpósio do Cravo na Atualidade, quinta-feira, às 10h, no Conservatório UFMG. Especialista em música barroca e instrumentos de teclado do século 18, Edmundo tem-se mostrado preocupado com a abordagem tradicionalista do cravo, diante da própria natureza do instrumento. O primeiro curso de graduação em cravo do país data da década de 1980, na Unicamp, período em que a música popular passaria a influenciar a música erudita, inclusive no instrumento. “Com isso, houve não só um crescente número de cursos, como também na produção de obras para o cravo”, informa Edmundo Hora.