Derivasons traz frescor para música contemporânea em novo álbum

Disco será lançado neste domingo no Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte

por Walter Sebastião 03/05/2014 00:13

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
O grupo Derivasons lança amanhã, no Galpão Cine Horto, um disco muito especial. Primeiro – e especialmente – porque é boa música do século 21, preciosamente tocada por diversos intérpretes. Depois, o CD traz a produção de seis jovens compositores de Belo Horizonte dedicados à música de concerto: Luís Friche, Marcos Braccini, Nathália Fragoso, Marcos Sarieddine, Renan Fontes e Thaís Montanari. Por último, o álbum se insere na raríssima discografia dedicada à produção contemporânea criada na capital mineira. Esse repertório estava disponível ao público apenas na internet ou em apresentações ao vivo.

Cristiano Machado/Divulgação
Quem quiser conhecer trabalho do grupo deve ir ao Galpão Cine Horto (foto: Cristiano Machado/Divulgação)
Nathália Fragoso, de 29 anos, explica que o CD resulta do trabalho que o Derivasons vem construindo desde 2010. Surgido na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, onde todos os integrantes estudaram composição – só Luís Friche ainda não se formou –, o grupo idealizou projeto que visa criar oportunidades para os artistas tocarem e apresentarem suas próprias composições. A ideia é levar essa música para além das salas de concerto. Desde então, o Derivasons participou de festivais e encontros em Cuba e na Argentina, além de eventos realizados em BH e Ouro Preto.

Compositores  

O repertório do disco reúne composições de todos os integrantes. Nathália explica que a seleção observou critérios como diversidade e peças representativas da linguagem de cada músico. “Tudo é muito pessoal”, acentua. O CD traz peças para grupos e solos (nesse caso, para diversos instrumentos). “É um CD de compositores”, resume ela, contando que foi possível saborear momentos especiais em que os integrantes não atuaram apenas como instrumentistas (apenas ela tocou flauta em uma faixa).

Assim, todos os integrantes do Derivasons puderam ouvir as próprias criações interpretadas por vários instrumentistas. “Isso é muito enriquecedor”, ressalta Nathália, informando que o grupo reuniu amigos admirados por sua competência. “Cada um de nós tem o seu estilo, o que é muito evidente e bonito de observar, mas também há aspectos que nos aproximam, como a experimentação e o fato de fazermos música contemporânea”, explica Nathália. “É a música que está acontecendo hoje.”

Entre as referências do grupo estão estéticas desenvolvidas no século 20 que ousaram quebrar dogmas e abrir horizontes. Reafirmando a liberdade de criação, elas desencadearam transformações profundas na música. “Admiramos mais essa atitude do que um autor específico”, acrescenta Nathália.

Em seus quatro anos, o Derivasons lutou para que as composições autorais de seus integrantes não ficassem apenas no papel. O exercício instrumental é importante para a criação musical. “Além disso, quando a gente se une os resultados são maiores e melhores”, conclui Nathália Fragoso, acreditando que a música contemporânea está crescendo em BH. Mas adverte: é preciso união para a cena avançar, citando iniciativas importantes como o Festival Multifonias, promovido pela Fundação de Educação Artística.

Trabalho coletivo

Dá gosto ouvir o disco do Derivasons. Ao final da audição, a sensação é de que mostrar o realizado com regularidade tirou das composições o aspecto de exercício, trazendo fluência que permite sentir a unidade formal da peça. As seis faixas são ótimas. Chamam a atenção a fantasia rítmica, o desenvolvimento e a conclusão apurada e envolvente de Interrogação, de Nathália Fragoso. Tal aspecto não brilha sozinho. De fato, ilumina o contexto formado pela reunião das seis peças, revelando o quanto todos os autores conseguem engenhosas soluções estéticas ao jogar com vários recursos – diferenças de timbres, jogos com ruídos, silêncio e sons, busca e fratura da melodia e da harmonia; diálogo sedutor de instrumentos. Esses aspectos também podem ser percebidos graças à excelência das interpretações instrumentais, afinadas com propostas ousadas. É um dos mais belos discos já feitos em Minas. (WS)

DERIVASONS

Amanhã, às 20h, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3.613, Horto). Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Informações: (31) 3481-5500.

MAIS SOBRE MÚSICA