Jake Bugg lança novo CD

Cantor inglês, de 18 anos, espalha o indie-folk e algumas vezes hard rock para fora das fronteiras do Reino Unido

por Arthur G.Couto Duarte 19/04/2014 06:00
Daniel Sannun Lauten/AFP-11/12/13
Jake Bugg lança o CD 'Shangri la' (foto: Daniel Sannun Lauten/AFP-11/12/13)
Há tempos o rock não via uma overnight sensation (algo traduzível como “sucesso instantâneo”) do nível de Jake Bugg. Com apenas 18 anos, esse inglês nascido nas cercanias de Nottingham (cidade até hoje indelevelmente ligada ao mito de Robin Hood) conseguiu o feito de cravar seu homônimo álbum de estreia no topo da parada dos discos mais vendidos da Inglaterra. Dois anos depois, e algo mais maduro, Bugg voltou à carga com Shangri la, gravação que, se não bisou o primeiro lugar de seu antecessor – na Inglaterra, suas vendas lhe valeram um honroso 3º lugar em uma relação tomada por “talentos” do porte de Tennie Timpah, Celine Dion e Lady Gaga –, conseguiu espalhar o indie-folk e algumas vezes hard rock vertido por Bugg para fora das fronteiras do Reino Unido.


Aliás, Bugg foi um dos destaques da recente edição tupiniquim do festival itinerante Lollapalooza, quando, aliás, apresentou um repertório centrado no citado Shangri la. Produzido pelo mega-respeitado Rick Rubin, o veterano mestre da mesa de estúdio já mostra que veio somar ao inegável talento de Bugg quando expande o espectro sônico até então algo reflexivo e semiacústico que o artista mostrou no primeiro disco, instigando-o a tacar fogo nas pauleiras que consomem What doesn’t kill you, Slumville sunrise e Strange reasons. Se nem dão para o começo quando comparadas ao que seus assumidos ídolos/influências geraram quando tinham sua idade, ambas revelam um expressivo élan que outros aspirantes a rocker de sua geração provavelmente jamais mostrarão nem daqui a 20, 30 anos.


Mas, em que pese o currículo, digamos, mais pesado, atrelado a Rubin, o mesmo também não deixou de perceber que o forte do garoto são mesmo baladas acridoces em que letras razoavelmente ácidas deixam à mostra um cinismo meio inesperado para um cantor-guitarrista-compositor tão precoce. Ainda assim, há que se respeitar o camarada quando ele abre sua voz meio esganiçada para a sombria A song about love ou a crueza explícita de Messed up kids. Não, definitivamente, vale dizer que Bugg não tem colhões ou cérebro para justificar o epíteto de “novo Bob Dylan”. Mas pelo mostrado nos dois discos que registrou antes de completar 20 anos, provavelmente ainda ouviremos falar mais (boas) coisas deste promissor artista.



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