A placa na entrada da cidade diz: "Welcome to Aberdeen. Come as you are." (Bem-vindo a Aberdeen, Venha como você é). A referência ao título de uma das músicas mais famosas do Nirvana recebe os fãs de todo o mundo que desejam homenagear Kurt Cobain. Vinte anos depois do suicídio do vocalista do Nirvana, a cidade decadente em Washington, a duas horas de Seattle, tenta garantir que o legado de seu filho mais famoso permaneça vivo.
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Cobain deu um tiro na cabeça. Os legistas detectaram uma grande quantidade de heroína no corpo e estimaram que a morte deve ter acontecido no dia 5 de abril. Cobain entrou então para o chamado "Clube dos 27" - o grupo de músicos que morreram aos 27 anos vítimas do uso abusivo de drogas ou álcool e que inclui Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones e, mais recentemente, Amy Winehouse.
Ainda mais famoso após a morte
Como aconteceu com outros músicos, a morte, ironicamente, elevou ainda mais o status de celebridade de Cobain. "É como com James Dean: ele era um ator reconhecido e, então, morreu em um acidente trágico que o transformou em ícone", afirma Gillian Gaar, jornalista de Seattle e autora de 'Entertain Us: the rise of Nirvana'.
"A grande tragédia da morte de Cobain é o sentimento de potencial não realizado", completa. Cobain criou o Nirvana em 1987 com o baixista Krist Novoselic, ainda na escola em Aberdeen. O baterista Dave Grohl entrou para a banda mais tarde, depois que vários músicos passaram pelo grupo. A história do Nirvana e da música começou a mudar quando o grupo foi contratado pela gravadora Sub Pop em 1988.
Mas eles chamaram pouca atenção quando a Sub Pop organizou uma apresentação no "Central Saloon" de Seattle em 10 de abril de 1988. "Nós não ficamos muito impressionados. O show não foi muito bom, as músicas não eram tão boas", afirmou o cofundador da Sup Pop Bruce Pavitt à AFP. "Mas Kurt Cobain tinha uma voz incrível e então apostamos no fato de que Kurt tinha uma voz incrível".
O grupo lançou o primeiro álbum, Bleach, pela Sub Pop em 1989. Mas foi com Nevermind, de 1991 e lançado pela Geffen Records, que o Nirvana conquistou o planeta. O terceiro álbum, In Utero, de 1993, também foi aclamado.
Perda e luto
Quando a morte foi anunciada, a notícia provocou uma onda de choque em Seattle e no mundo da música."A cidade inteira ficou de luto", disse Pavitt. "Mas como ele havia tentado cometer suicídio em Roma, um mês antes, eu não fiquei tão surpreso", completou. Os fãs se reunem no Parque Viretta, perto da última residência de Cobain - onde muitas pessoas podem retornar neste sábado (5/4) para escrever novas mensagens em um banco já repleto de frases em homenagem ao artista.
Mas de um modo estranho, enquanto o museu EMP de Seattle recebe uma mostra sobre o Nirvana, o banco no parque é o que a cidade tem de mais parecido com um memorial ao líder da banda. "Apesar da imprensa aqui, com certeza, estar orgulhosa, e da indústria da música estar orgulhosa, eu ainda sinto uma ambivalência subjacente das autoridades da cidade", disse Gaar.
Em Aberdeen - onde existe uma estátua de Cobain no museu da cidade e um parque inspirado no artista perto de uma ponte na qual ele escreveu algumas de suas músicas mais famosas -, o prefeito demonstra um pouco de ceticismo com a reação de Seattle. "Ele não era de Seattle. É incrível para mim. Ele era de Aberdeen, ficou famoso e Seattle o adotou", recorda Simpson.
"E então ele se matou, ou foi morto por causa das drogas e das armas e tudo mais, e de repente Seattle diz 'Oh não, ele era de Aberdeen'", completa. É, o prefeito é uma das pessoas que acreditam em uma conspiração. "Eu acredito que alguém o matou, eu realmente acredito nisso", afirma. Para Simpsom, Cobain teria muita dificuldade de atirar na própria cabeça com um rifle. Mas Gaar, sentada no banco perto da última casa de Cobain, rejeita a ideia. "Eu nunca tive qualquer dúvida de que foi um suicídio".
Relembre o talento de Kurt Cobain com versão acústica do Nirvana para hit de David Bowie: