Rápido, sujo e quase incompreensível. Este é 'Crucificados pelo sistema', primeiro álbum do Ratos de Porão. Lançado em 1984, completa 30 anos com fôlego. Já teve várias edições – tanto nacionais quanto internacionais – e algumas músicas – 'Morrer', 'FMI', além da faixa-título – continuam no repertório três décadas depois. Para comemorar, João Gordo e Jão, os dois remanescentes da formação que gravou o disco, uniram-se a Mingau e Jabá, os dois músicos que completavam o Ratos na época, para alguns shows. São Paulo e Rio já viram 'Crucificados' na íntegra. Agora é a vez de BH. No domingo, o grupo toca no Studio Bar.
Trinta anos atrás, Jão não era guitarrista do Ratos e sim baterista. E Mingau, conhecido como baixista (toca hoje com o Ultraje a rigor), empunhava a guitarra. Para o show, os dois voltam para seus instrumentos originais, coisas que não faziam desde aquela época. “Tivemos que ensaiar porque só toquei bateria nesse disco. O mesmo vale para Mingau. Foi legal, pois assim conseguimos resgatar a sonoridade da época, até mesmo porque não evoluímos com aqueles instrumentos”, comenta Jão, que nem bateria tem mais.
Para complementar o show deste domingo, o Ratos vai tocar faixas que têm a ver com esse repertório. Basicamente material da década de 1980, segundo Jão. “Lembro que quando a Punk Rock Discos fez a proposta de lançar um disco nosso, a empolgação foi grande. A gente ensaiava num barraco no fundo da casa do Mingau, era tudo meio espremido, e o disco acabou sendo marcante tanto para o punk quanto para o hardcore brasileiro. Só que a gente não tinha essa dimensão”, acrescenta o hoje guitarrista. O show de 'Crucificados' terá, a exemplo do que ocorreu em 1984, poucas edições, pois em junho o Ratos lança seu novo álbum, 'Século sinistro'.