Baixista Childo Tomás lança disco de estreia, 'Moçambique ni n'tumbuluku'

Músico, que mora na Espanha, utiliza sonoridade e instrumentos africanos, sem perder a pegada pop

por Eduardo Tristão Girão 23/03/2014 06:00

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Tom Ehrlich/Divulgação
(foto: Tom Ehrlich/Divulgação )
Adicionar o tempero local aos discos é uma receita que tem dado certo para muitos músicos que atuam na cena instrumental e nasceram na África e na Ásia – para ficar nas regiões que a indústria costuma vender por aqui como world music. É assim com o guitarrista Lionel Loueke (Benin), o pianista Tigran Hamasyan (Armênia) e Anoushka Shankar (Índia), por exemplo. Nascido em Moçambique, o baixista Childo Tomás não foge à regra, flertando com o pop e até soltando a voz (no dialeto ronga) em seu disco de estreia, 'Moçambique ni n’tumbuluku'.

“Algumas músicas escrevi quando ainda morava em Moçambique. Comecei a gravar pouco a pouco, não tive pressa. Com muita calma e muita paz”, conta o artista. Tomás nasceu em Maputo, capital do país, e morou lá até 1994; desde então, mora em Barcelona, na Espanha. Continua a desenvolver projetos com músicos africanos vindos de países como Mali, Guiné e Senegal, e há 14 anos acompanha o pianista cubano Omar Sosa, que mora na mesma cidade espanhola e participou da gravação desse trabalho.

As visitas à terra natal tornaram-se menos frequentes do que ele gostaria, mas não menos necessárias. “Ir para lá é como fazer uma recarga de energia”, conta. Numa das últimas vezes (e que antecedeu a gravação do disco), ele aproveitou para gravar sons diversos, como o de uma tempestade próxima à sua casa. Ele usou o áudio na abertura da canção 'Mi moya', que tem suas filhas Xiluva e Nyeleti no coro. A propósito, as duas, que estudam música clássica, cantam e tocam em várias faixas.

O sabor africano (por mais genérico que soe esse rótulo) é facilmente perceptível nessa e na maioria das outras faixas, a exemplo de 'Machanguela', 'Timbila', 'Xibomba' e da bela 'Zumga'. Outra canção bonita é 'Mi ganga', com pai e filhas cantando juntos sobre base que não remete automaticamente à sonoridade do continente e ajuda a tornar o disco um tanto inclassificável. “Essa é a parte linda. Cada um ouve e avalia como quer. Não há como defini-lo, tem um pouco de tudo. Quem quiser ouvir para dançar ou como jazz, pode. Poderia chamar de afrojazz, afrogroove”, diz o músico.

MBIRA Apesar de ser de baixista, o álbum provavelmente não seria classificado como tal por um ouvinte desavisado. “Não fiz esse disco para que o baixo fosse o protagonista”, confirma Tomás. O instrumento tem papel fundamental, como de costume, e com ele o artista faz alguns solos (como em 'Mbira mbira'), mas nada que o projete acima dos demais. Inclusive, ele se ocupa de tocar vários outros instrumentos, como mbira (conhecida aqui como kalimba), violão, guitarra, teclado e percussões variadas.

Assista a trecho de apresentação de Childo Tomás no lançamento do disco 'Moçambique ni n'tumbuluku' no Barcelona Jazz Festival:


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