Jair Rodrigues lança dois álbuns com clássicos do cancioneiro que ele não havia registrado

Em DVD gravado ao vivo, Jair Oliveira comemora 30 anos de carreira ao lado de convidados

por Eduardo Tristão Girão 23/03/2014 06:00

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Yuri Pinheiro/Divulgação
(foto: Yuri Pinheiro/Divulgação )
Por feliz coincidência do destino, Jair Rodrigues e Jair Oliveira, pai e filho, acabam de lançar trabalhos na praça. A produção do DVD do segundo, 'Jair Oliveira 30' (S de Samba/Som Livre), foi algo demorado de ser feito – cerca de dois anos –, o que significou tempo de sobra para gravar os dois volumes do CD do primeiro, 'Samba mesmo' (S de Samba/Som Livre), recheados com 26 canções que o veterano da MPB nunca havia gravado em 55 anos de carreira.

“Jairzinho me disse que teve a ideia de gravar um álbum duplo com clássicos que eu nunca tinha colocado em disco. Falei para ele organizar o repertório e vieram algumas músicas que já tinha cantado, mas nunca havia gravado”, lembra Rodrigues. Entraram canções como 'Fita amarela', 'Na cadência do samba', 'Luz negra', 'No rancho fundo' (com participação dos filhos Jairzinho e Luciana Mello), 'É', 'De volta pro aconchego', 'Volta por cima', 'Trem das onze', 'A noite do meu bem' e 'O mundo é um moinho'.

“Não pusemos baixo, bateria, nem teclado. Jairzinho queria samba regional. Só violão, flauta, cavaco e dois percussionistas. 'Como é grande meu amor por você' e 'No rancho fundo', por exemplo, tivemos de adaptar para essa formação”, conta. Entre os músicos que participaram das gravações, realizadas em três estúdios de São Paulo, estão craques como o violonista Swami Jr. e o saxofonista Nailor Proveta. A produção musical desse novo trabalho é assinada pelo filho, a quem chama no encarte de “grande mestre”.

'Samba mesmo' tem três faixas que tiveram nesse registro sua primeira gravação: 'Se você deixar' (Roque Ferreira), 'Todos os sentidos' (Martinho da Vila) e 'Força da Natureza' (de Jair Rodrigues com Carlos Odilon e Orlando Marques). No caso dessa última, foi escrita em 1974 e o artista confessa que havia se esquecido dela. Quando foi tocar em Juiz de Fora, onde mora Odilon, o parceiro cobrou dele que gravasse a canção que tinham feito.

BANANEIRA A primeira vez em que pai e filho trabalharam juntos foi em 1999, quando Oliveira produziu e dirigiu o álbum '500 anos de folia', gravado ao vivo e com participação de orquestra. Recentemente, a dupla se reuniu novamente para a gravação de outro disco do pai, 'Festa para um rei negro', que serviu de marco para a comemoração dos seus 70 anos de idade, em 2009. “Nós falamos a mesma língua”, orgulha-se Rodrigues.

Ele conta que já está planejando turnê para levar 'Samba mesmo' para a estrada. Adianta que não deixará de fora do repertório dessas futuras apresentações músicas que marcaram sua carreira, como 'Disparada', 'Boi da cara preta' e 'Festa para um rei negro (Pega no ganzê)'. Entretanto, quem for ao teatro notará diferenças, avisa: “O público não verá o Jair que pula e planta bananeira. Mesmo os sambões, fiz em formato bem mais tranquilo”.

Compromisso com a MPB

Gravado ao vivo em 2011, 'Jair Oliveira 30' serve também para comemorar as três décadas de carreira do cantor e compositor hoje com 39 anos. A contagem profissional dele começou quando tinha 6 anos e gravou participação num disco do pai; no ano seguinte, viajou com ele para Itália e também subiu ao palco do Festival de Sanremo. Ao escolher o repertório, explica, a intenção foi contar sua história na música, incluindo convidados.

Fizeram participação especial o pai (em 'Io e te'), sua ex-companheira de Balão Mágico Simony ('Coração de papelão' e 'Superfantástico') e o grupo formado pela irmã Luciana Mello e por Wilson Simoninha, Max de Castro, Daniel Carlomagno e Pedro Mariano, em faixas como 'Assim que se faz', 'Samba raro' e 'Simples desejo'. No restante do show, Jairzinho interpreta canções que escreveu sozinho, caso de 'Mulata rainha', 'Sorriso pra te dar' e 'Tiro onda'.

“Faço parte de uma geração que carrega influência muito forte da geração dos meus pais na música e tentamos transformar isso numa coisa pertinente. O mercado mudou muito e o espaço é extremamente reduzido para o tipo de som que eu faço. Mas a paixão é muito grande e sigo fazendo. Musicalmente, passei por muito lugares, mas minha marca é o compromisso com a música brasileira, o samba, a música negra brasileira”, resume o artista.

Ele começará a pensar em seu próximo disco de inéditas só no fim do ano. Antes disso, porém, se dedicará ao projeto 'Grandes pequeninos', que desenvolve com a mulher, a atriz Tania Khalill. “Já fizemos uma peça e lançamos um CD em 2009, que foi indicado ao Grammy Latino. Estamos preparando o segundo disco, uma série de TV e portal na internet. Temos muito carinho por esse projeto, pois é feito muito pensando em nossas filhas, Isabela e Laura”, explica Jair Oliveira.

MAIS SOBRE MÚSICA