Zu Moreira trabalha na pesquisa do Almanaque BH tem samba

Jornalista escreve o perfil de sambistas mineiros, com verbetes e fotografias dos pioneiros à nova geração

por Eduardo Tristão Girão 08/03/2014 00:13

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Arquivo Pessoal
Livro de Zu Moreira tem como origem série de reportagens sobre cena do samba em BH (foto: Arquivo Pessoal)
A poeira levantada recentemente com a euforia em torno do carnaval de rua de Belo Horizonte ainda não serviu para dar o devido destaque aos sambistas que, há décadas, batalham para manter viva não só a festa, mas também a cena na capital. Numa iniciativa louvável, o jornalista Zu Moreira está no meio do processo que dará origem ao Almanaque BH tem samba: perfil de sambistas mineiros, obra inédita que reunirá material sobre cerca de 50 nomes do samba de Belo Horizonte, contemplando várias gerações.

“Outro dia, dei entrevista a uma rádio e logo depois tinha gente ligando da Pedreira Prado Lopes para sugerir integrantes da Unidos Guaranis, escola que não desfila mais. Uma ou duas pessoas de cada agremiação dessa já são um universo. O almanaque pode ser um elemento a mais para catapultar esses personagens”, diz Zu Moreira.

O jornalista conta que foi no Diário da Tarde que surgiu o embrião do projeto. Entre março e julho de 2007, ele publicou 17 matérias com personalidades do samba belo-horizontino, começando com a então nova geração, representada por Dudu Nicácio, Mestre Jonas e Miguel dos Anjos, finalizando com o veterano Gervásio Horta, passando por nomes de destaque da cena do samba na cidade, como Fabinho do Terreiro, Conga, Toninho Gerais e Ronaldo Coisa Nossa.

Todo esse material servirá de base para o conteúdo do almanaque, que está sendo ampliado por Moreira com novas pesquisas (arquivos e museus) e entrevistas com personagens que ficaram de fora das reportagens, como Mandruvá, Cabral e Fernando Bento. “O Fernando toca no Bar Agosto de Deus e foi elogiado pela Fabiana Cozza, mas não estava consolidado quando comecei a pesquisa. O que mais me impressiona nele é a voz, que lembra a do Roberto Ribeiro”, exemplifica o pesquisador.

ACESSO

Serão incluídos na obra nomes de várias épocas. A começar pela velha guarda, estarão lá Jadir Ambrósio, Zé do Monte, Donaeliza, Dona Lúcia e irmãos Saraiva, entre outros. Passando para a geração seguinte,  Toninho Geraes, Fabinho do Terreiro, Serginho Beagá, Jussara Assis, Eliane Jeansen, Reinaldo Avelar, Mário Emílio Moura, Bira Favela, Nonato do Samba, Mandruvá, Geraldo Magnata e Mestre Afonso. Entre os mais jovens, serão pinçados Aline Calixto, Dudu Nicácio e os DJs Rafa da Obra (Rafael Soares) e Anônimo do Sambacana Groove (Israel do Vale).

O livro terá 100 páginas com entrevistas, textos, verbetes, letras e fotos. “Sem ser linear, sem contar a história do samba e com foco nos personagens”, adianta o autor. Apesar de ter aprovado o projeto do almanaque na Lei Estadual de Incentivo à Cultura, Moreira agora tenta conseguir recursos para viabilizá-lo via Fundo Municipal de Cultura. O objetivo é distribuir 5 mil exemplares da tiragem inicial em escolas e centros culturais de Belo Horizonte e entre os próprios sambistas da cidade. O trabalho também será disponibilizado para download.

“O formato da música baiana, com trio elétrico, mudou nossa forma de brincar o carnaval. Ele ainda é dominante, mas em BH tem de tudo: rock, marchinha e axé. Esse tempero variado é que vai dar o tom do carnaval daqui pra frente. Pessoas da cena que estavam desanimadas poderão retomar suas atividades com isso. A turma da velha guarda, que representa a resistência com seus desfiles e blocos caricatos, poderá voltar. Torço por eles e quero estimular o seu reconhecimento”, conclui Zu Moreira.

Lilian Macedo/divulgação
A Associação Velha Guarda do Samba de Belo Horizonte participa do documentário 'Roda' (foto: Lilian Macedo/divulgação)

NAS RODAS E NA AVENIDA

No campo do audiovisual, iniciativa de valorização do samba e dos sambistas de BH foi feita com Roda, documentário dirigido por Carla Maia e Raquel Junqueira, com produção executiva e pesquisa do historiador Marcos Valério Menezes Maia. Com 70 minutos de duração, o filme é dedicado aos sambistas veteranos de Belo Horizonte e tem como primeiras imagens o desfile da Escola de Samba Inconfidência Mineira no carnaval belo-horizontino de 2007, com a participação de Conga, figura presente desde a fundação da agremiação, em 1950.

Além dele, são retratados artistas como Silvio Luciano, Lúcia Santos, irmãos Saraiva, Doneliza, Zé do Monte, Rosalvo Brasil, Juarez de Araújo, Mandruvá, Cezar de Aguiar, Jadir Ambrósio, Kalu, Lagoinha, Ronaldo Coisa Nossa e Waltinho Sete Cordas. A estreia foi em julho de 2011, no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes.

No filme, são apresentadas cinco rodas de samba, cada uma com formação diferente, montadas pelo próprio produtor. Assim, em clima de informalidade e sem narração, obteve-se registro tanto de músicas escritas por eles como de suas memórias – um registro realmente precioso. No momento, Valério trabalha em outro documentário sobre o samba em BH, intitulado Samba da minha Serra, com foco na história do gênero musical na cidade desde os anos 1930.

MAIS SOBRE MÚSICA