Pandeirista e compositor Scott Feiner lança seu quarto disco instrumental

Norte-americano radicado no Brasil vai do choro ao jazz em novo trio com teclado e guitarra

por Eduardo Tristão Girão 17/02/2014 07:00

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Leo Aversa/Divulgação
(foto: Leo Aversa/Divulgação)
O músico e compositor norte-americano Scott Feiner tem uma história curiosa. No fim dos anos 1990, atuava como guitarrista de jazz nos Estados Unidos, tendo gravado dois discos lá. Ao visitar o Brasil pela primeira vez, apaixonou-se pelo pandeiro e decidiu morar no Rio de Janeiro. Aprendeu a tocar nas canjas e rodas de choro cariocas e desenvolveu linguagem jazzística para o instrumento. Com o recém-lançado A view from below, seu quarto álbum e o primeiro totalmente autoral, ele acredita ter chegado aonde queria.


“Meus outros discos tinham, no máximo, metade de músicas minhas. Este também é meu primeiro disco que não tem sopros, nem baixista. Na verdade, quase todas as faixas do meu primeiro trabalho, 'Pandeiro jazz', foram gravadas em trio, mas era um trio mais acústico, de pandeiro, violão e saxofone. Em A view from below o som é elétrico, com guitarra e teclados vintage”, compara Feiner, que mora no Rio de Janeiros desde 2001.

Ele conta que a ideia dessa formação – pandeiro, teclado e guitarra – surgiu meio por acaso, em 2009, quando resolveu fazer um ensaio com o pianista David Feldman e o guitarrista Chico Pinheiro, sem o restante de seu grupo. “No mesmo ano, comecei fazer algumas temporadas com essa formação e ficou bem claro para mim que tinha achado o novo formato para meu trabalho”, lembra. Rafael Vernet (teclados) e Gulherme Monteiro (guitarra) foram convocados para a gravação.

Feiner escreveu as nove músicas do disco, compostas inicialmente no violão ou guitarra. “Não tenho um processo de composição. Às vezes começa com uma melodia, uma linha de baixo ou uma levada no pandeiro”, afirma. Como o disco não teve participação de baixista, a mão esquerda de Vernet (a das notas mais graves) foi bastante exigida. Em shows, Feiner costuma ouvir relatos de pessoas impressionadas com o “tamanho” do som, aparentemente sem sentir falta de baixo e bateria.

GERAÇÕES

Ele afirma que Jorginho do Pandeiro, Celsinho Silva e Marcos Suzano foram as três referências centrais para que conseguisse incorporar a linguagem do instrumento e definir seu um estilo próprio. “E também pandeiristas que tocam samba e partido alto. Gosto muito desse estilo e andei muito nessas rodas nos meus primeiros anos no Rio. Além disso, conheci pandeiristas mais novos, pós-Suzano, que tentam tocar de maneira mais pessoal, como Sergio Krakowski, que me mostrou outras possibilidades”, diz.

Com shows anuais nos Estados Unidos e alguns na Europa como parte do currículo, Feiner adianta que o disco será lançado no mercado internacional no final de março – no mês seguinte, tem agendada uma apresentação em Nova York. Ele já tocou em alguns projetos musicais de Belo Horizonte e manda recado para os produtores locais: “BH é uns dos meus lugares preferidos para tocar por causa da plateia mineira, sua cabeça aberta e seu respeito pela música instrumental”.

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