Guitarrista Nuno Mindelis busca espaço no mercado norte-americano com novo CD

Angolano de nascimento e brasileiro de coração, artista acredita que a capacidade de misturar deve ser dominada por qualquer bluseiro

por Eduardo Tristão Girão 28/11/2013 08:00

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ladimir Fernandes/Divulgação
Mindelis quer levar o blues a um outro nível, colocando na sua mistura uma batida diferente (foto: ladimir Fernandes/Divulgação)
Já reconhecido como um dos grandes nomes do blues brasileiro, o guitarrista, cantor e compositor Nuno Mindelis acaba de lançar o disco 'Angels & clowns' pela gravadora norte-americana Shining Stone. Fruto de performances de alto nível e acabamento esmerado, o trabalho é caracterizado pela mescla com estilos como country, pop, rock e soul. A produção é assinada por Duke Robillard, experiente e premiado bluseiro dos Estados Unidos, onde o álbum foi gravado. Nascido em Angola, Mindelis mora no Brasil desde os anos 1970.

Há pelo menos 10 anos os discos de Mindelis, são lançados pela Shining Stone. Robillard, que se tornou sócio da gravadora, já o conhecia, o que facilitou o trabalho em conjunto. “Ele tem um lado produtor bem acurado, trabalhou com Bob Dylan, Tom Waits e muitos outros. Deu toque analógico muito bom ao disco, tanto na gravação como na mixagem e na masterização. Além disso, definiu a banda dele para o trabalho. Cuidadoso, escolheu até os microfones”, o artista.

Misturas

'Angels & clowns' foi registrado no estúdio da gravadora em fevereiro. Consciente do foco da empresa, o blues, Mindelis conta ter evitado fazer um disco puramente do gênero. Das 13 composições, 11 são inéditas, a maioria composta de um ano para cá. Apenas duas não foram escritas por ele: 'It’s only a dream' e 'Miss Louise', ambas de Jorn Reissner. A banda ficou formada por Bruce Bears (teclado), Brad Hallen (baixo) e Mark Teixeira (bateria e percussão). Robillard (guitarra) e Sunny Crownover (voz) fizeram participações especiais.

O artista, que já colocou samba, rap e música eletrônica no blues, acredita que essa capacidade de misturar deve ser dominada por qualquer bluseiro do mundo, e não apenas os brasileiros. “Quando os ingleses misturaram blues de Chicago e do Delta com eletricidade e rockabilly, deu Rolling Stones, Led Zeppelin, Pink Floyd”, lembra. “Nos Estados Unidos, deu Grateful Dead, The Doors, Allman Brothers, Janis Joplin. Hendrix levou a guitarra e o blues ao extremo e olha no que deu. Tudo aquilo virou outra coisa e coisa muito boa. Tão boa que arrebatou um monte de gerações, virou pop e está aí até hoje encantando a molecada,”

A propósito, Mindelis quer retomar a experiência que teve ao cantar em português em dois discos seus, 'Blues & derivados' (1990) e 'Outros Nunos' (2005). “Já sei que a gravadora vai querer outro disco nos moldes do que acabei de lançar, por isso vou ter que achar tempo e foco para fazer os dois projetos. Vou pensar nas parcerias. Gosto da Zélia Duncan, é sempre um privilégio e uma alegria trabalhar com ela. Também já fiz algumas coisas não editadas com o Arnaldo Antunes. De repente…”, especula.

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