Eletronika começa nesta quinta-feira e marca 15 anos de evento

Com programação repleta de shows, performances e exposições, festival que mantém foco na vanguarda recebe atrações brasileiras e internacionais

por Mariana Peixoto 27/11/2013 07:50

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Karina Nobre/Divulgação
Rodrigo Coelho, com seu projeto grassmass, cria sonoridade produzida por sintetizadores modulados (foto: Karina Nobre/Divulgação)

Ele já teve diferentes versões: aberto no parque; em ginásios com múltiplos palcos; com uma vocação mais pista em clubes; em espaços alternativos da cidade. Independentemente do formato, o Eletronika – Festival de Novas Tendências, chega aos 15 anos com a intenção da primeira edição, em 1999: apresentar o diferente, com um pé (quando não os dois) na vanguarda. A edição que começa amanhã é das mais enxutas: a programação, que engloba shows, performances audiovisuais, oficinas e discussões, vai se concentrar no Oi Futuro, com uma exceção para a noite de sábado, quando uma intervenção vai tomar conta da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha.

Com apresentações musicais num espaço mais intimista, o Teatro Klauss Vianna, o Eletronika tem foco na música brasileira. Nove das 12 atrações vêm de cinco estados. Boa parte dos escalados faz sua estreia na cidade. Dos gringos, virão nomes da Alemanha (Jan Jelineck, que ao lado do russo Andrew Pekler vai tocar composições da musicista Ursula Bogner, que teria atuado na década de 1960); Reino Unido (o duo Demdike Stare), e Estados Unidos (James Ferraro, músico e produtor de vanguarda do Bronx, tido como o principal nome do festival, que costuma fazer shows absolutamente imprevisíveis).

ELETRONIKA/DIVULGAÇÃO
Principal atração internacional, o norte-americano James Ferraro sempre surpreende em suas apresentações (foto: ELETRONIKA/DIVULGAÇÃO)
Fato é que cada uma das quatro noites de shows vai ter um tom bem diferente. A abertura, amanhã, será voltada para a música concreta. Antes de Jelineck e Pekler, quem se apresenta é o produtor pernambucano radicado em São Paulo Rodrigo Coelho, sob a alcunha de grassmass. O projeto é novo, foi criado este ano, quando ele foi selecionado para participação no Red Bull Music Academy em Nova York. “É um trabalho todo gerado em tempo real, com sintetizadores modulados, que são mais complexos”, conta Coelho, que tem a produtora de áudio Uivo e é conhecido pela produção de trilhas sonoras (a mais recente é a do longa-metragem 'Paraísos artificiais', de Marcos Prado). No set desta quinta, Coelho vai trafegar pela música concreta e a brasileira. “Faço música minimalista com as referências que gosto. Vai de Kraftwerk à percussão africana”, explica.

Na sexta, o tom será totalmente diferente, pois a noite será dedicada ao rock pesado, com o projeto carioca Bemonio, a banda paulista Elma e o já citado Demdike Stare. O Elma é um quarteto que, a despeito da formação convencional (bateria, baixo e duas guitarras), faz um som que não se prende a formatos já estabelecidos. “A banda não tinha a intenção, mas acabou ficando instrumental, já que nunca apareceu um vocalista que a gente gostasse”, comenta o guitarrista Bernardo Pacheco. O Elma já tocou duas vezes em BH, uma no Matriz e outra no Nelson Bordello.

SAMUEL ESTEVES/DIVULGAÇÃO
A banda Elma é quase metal e bem que tentou encontrar um vocalista, mas decidiu pela formação instrumental (foto: SAMUEL ESTEVES/DIVULGAÇÃO)
Um show em teatro, afirma Pacheco, não altera tanto a apresentação. “Para quem está tocando, a única diferença é que você está mais longe do público.” O Elma é quase metal, define o guitarrista. A ideia da repetição é uma marca da banda, que lançou há um ano o primeiro álbum, que saiu apenas em vinil. “O que fazemos tem a ver com Melvins, Fugazi, King Crimson. Dá para ouvir até alguma coisa de Black Sabbath”, garante.

Improvisação

Já no sábado, a programação será exclusivamente brasileira. Serão três shows, começando pelo encontro dos mineiros Barulhista e Rafael Miranda. O primeiro é de BH, também integrante da banda instrumental Constantina (que fecha o sábado, logo depois dos paulistas do Passo Torto); o segundo é de Pouso Alegre, cidade do Sul de Minas que vem se tornando referência para a produção alternativa. Nunca se viram, e vão se encontrar pessoalmente somente poucas horas antes do show. Miranda, vocalista, baterista e violonista, vem combinando a performance com Barulhista pela internet. “Gosto bastante de improvisar nas minhas composições. Então, acho que a apresentação vai ser bem espontânea, uma surpresa para ele, para mim e para o público”, conta ele, que vem de uma família musical (seu pai é maestro da Sinfônica de Pouso Alegre, a mãe é cantora e seu irmão, Paulo, forma com ele a banda Pumu).

Para encerrar o Eletronika, o domingo promete sonoridade pop experimental. A noite será aberta com Pazes, projeto do brasiliense Lucas Febraro, que a despeito de seus 22 anos já conta com experiências no Red Bull Music Academy e nos festivais Sonar e Novas Frequências. Ele admite que só tomou conhecimento da música eletrônica aos 18 anos e que sua influência vem da produção da década de 1990. “A logística é relativamente simples, pois minha música é mais baseada no computador”, conta ele, que lançou seu primeiro EP há dois anos pelo selo texano Exponential Records.

JORGE BISPO/DIVULGAÇÃO
O duo indie-pop-eletrônico Opala é formado por Lucas de Paiva e Maria Luiza Jobim, caçula de Tom (foto: JORGE BISPO/DIVULGAÇÃO)
Na sequência – e antes de Ferraro, que encerra o Eletronika –, será o show do Opala, duo indie-pop-eletrônico carioca formado pelo produtor Lucas de Paiva e pela cantora Maria Luiza Jobim, a filha caçula de Tom Jobim. Juntos há pouco mais de um ano, os dois estarão acompanhados do guitarrista Gabriel Guerra. Para aqueles que buscam referências, Lucas comenta que sua música traz alguma coisa da década de 1980. “Mas é uma influência discreta. Gosto muito de sintetizadores e da produção japonesa da época, principalmente Yellow Magic Orchestra (banda pioneira do sunthpop, que teve como integrante Ryuichi Sakamoto).” Guerra, por exemplo, vai tocar uma guitarra de Rock Band (série de videogame) ligada em um teclado. Música contemplativa, algo etérea, com alguma estranheza também.

Programação

Shows
Quinta, 21h – Grassmass (PE) e Jan Jelineck & Andrew Pekler play Ursula Bogner (Alemanha)

Sexta, 21h – Bemonio (RJ), Elma (SP) e Demdike Stare (UK)

Sábado, 21h – Barulhista e Rafael Miranda (MG), Passo Torto (SP) e Constantina (MG)

Domingo, 19h –Pazes (BSB), Opala (RJ), James Ferraro (USA)

Exposição

Até 2 de fevereiro – Simbio (evento dedicado às artes visuais)

Fórum
Sexta, 17h – Ambientes colaborativos na produção das novas linguagens (Kiko Dinucci, Barulhista, Fernando Seixlack); apresentação de projeto (Demdike Stare)

Domingo, 17h – Novos formatos de produção lo-fi x hi-fi (Dudu Marote, Pazes, Lucas de Paiva)

Oficina
Sexta e sábado, das 14h30 às 16h30 – Cobertura Audiovisual Colaborativa (Igor Amin e Vinicius Cabral)

Festa das luzes
Sábado, 19h – Intervenção audiovisual na Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha (Onion Skin, Olivier Ratsi)

ELETRONIKA
De quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h, no Oi Futuro Klauss Vianna, Avenida Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras, (31) 3229-3131. Ingressos para os shows: R$ 10 e R$ 5 (meia). O restante da programação tem entrada franca. Informações no site do evento.

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