Pela terceira vez em BH este ano, Caetano leva pouco público a 'Abraçaço'

Show é marcado pelo diálogo entre hits antigos e novos. Cantor deixa a costumeira verborragia de lado e se concentra na música

por Mariana Peixoto 07/10/2013 07:50

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Túlio Santos/EM/D.A Press
(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press )
No fim de abril foram duas noites no Palácio das Artes; no início de agosto, show com entrada franca para 30 mil pessoas na Praça da Estação. Só isso explica um Chevrolet Hall esvaziado receber Caetano Veloso na noite de sábado para mais uma parada da turnê 'Abraçaço'. O álbum que fecha a trilogia com a banda Cê, iniciada com o disco homônimo de 2006, é levado quase que integralmente para o palco.

É no diálogo da nova com a velha safra que está um dos acertos de 'Abraçaço', show absolutamente econômico, do power trio formado por Pedro Sá (guitarras), Marcelo Callado (bateria) e Ricardo Dias Gomes (baixo), ao cenário geométrico, e à própria presença de Caetano, que deixa a verborragia costumeira de lado para concentrar-se unicamente na música.

'A bossa nova é foda', 'Um abraçaço', 'Parabéns', todas do álbum de 2012, ganham outra dimensão ao vivo. Têm resposta fácil da plateia, que embarca no Caetano de outrora com 'De noite na cama' (em que chega a desabotoar a camisa), 'Reconvexo' (com a plateia enfatizando o verso “quem não rezou a novena de Dona Canô”) e 'Você não entende nada'.

Mas o melhor de 'Abraçaço' não está no mais festivo ou no mais popular, e sim numa sequência um tanto melancólica, iniciada com 'Um comunista', o libelo a Carlos Marighella, que dá lugar a 'Triste Bahia' (do icônico 'Transa', de 1972, com versos de Gregório de Mattos), aqui interpretada de forma doída pelo baixo de Dias Gomes e a guitarra de Pedro Sá e 'Estou triste'.

É nesse diálogo entre velho/novo, passado/presente que Caetano comprova que sua reaproximação recente com o público jovem, iniciada em Cê, se dá não apenas pela sonoridade “roqueira” de sua banda atual, mas pela atemporalidade de sua obra. Nem precisaria se render ao apelo fácil de 'A luz de Tieta', deixada para o bis. Caetano é melhor quando é diferente.

MAIS SOBRE MÚSICA