Pedro Moreira mistura viola caipira e guitarra para criar a vitarra brasileira

Músico ensaia o retorno aos seus gêneros originais - rock e blues-, mas agora com um instrumento criado por ele mesmo

por Eduardo Tristão Girão 29/09/2013 00:13

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Jair Amaral/EM/D.A Press
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Nome conhecido no universo da viola caipira, o compositor mineiro Pinho ensaia radical mudança em sua carreira artística. Agora como Pedro Moreira, ele retoma seus gêneros musicais de origem – rock e blues – e prepara disco cujas composições autorais são baseadas num instrumento híbrido desenvolvido por ele, a vitarra, cruzamento entre a viola e a guitarra. Atualmente em fase de pré-produção, o trabalho tem produção do experiente Rogério Delayon.

A viola caipira tem cordas duplas e a guitarra, geralmente, não. Ao conceber a vitarra, Pedro resolveu experimentá-la também nessas duas formas, uma com cinco cordas simples e outra com cinco cordas duplas, ambas com escala (marcações de trastes no braço) idêntica à da viola. A afinação é a cebolão em mi maior, a mais usada pelos violeiros. No caso do instrumento de 10 cordas, há dois captadores: um acústico (para soar como viola) e um humbucker (para timbres de guitarra). “Isso me permite ter a leveza da viola e os diversos efeitos de uma guitarra, apenas acionando uma chave”, explica Pedro.

Curiosamente, a vitarra equaciona uma situação um tanto incomum: apesar de compor blues e rock há 20 anos e de ter aprendido a tocar viola há 10, ele não toca guitarra. “Resolvi criar um instrumento que me desse as mesmas possibilidades de uma guitarra. Apesar de ser apaixonado pela viola caipira, sentia a necessidade de ‘engrossar’ o som por meio de efeitos e pedais, daí a ideia de criar um instrumento próprio”, justifica.

Pedro faz questão de ressaltar que a ideia não é totalmente dele. “Em São Paulo há um músico que utiliza um instrumento de 10 cordas eletrificado em seu trabalho, porém com uma aparência bem diferente da que eu criei. Agora, o nome vitarra e o instrumento de cinco cordas posso afirmar que foram criações minhas. Se existe, não tenho conhecimento”, completa.

O primeiro instrumento a tomar forma foi a vitarra de 10 cordas, construída com a ajuda dos luthiers Roberto Dimathus e Ademir Coelho a partir de um violão elétrico. “O resultado ficou incrível, porém a distorção ficou um pouco ‘suja’ devido às cordas duplas”, conta. Por isso partiu para o modelo de cinco cordas simples, inspirado na clássica guitarra Gibson Les Paul. Pedro fez o projeto no computador e mandou para o luthier Cristiano Valério, que comprou a ideia. A pintura ficou a cargo de outro luthier, Othon Arruda. “O resultado me surpreendeu”, confessa.

Com o novo instrumento em mãos, começou a rascunhar o disco, que se chamará Ruas do passado, nome de uma das composições. A primeira a surgir, no entanto, foi Belo Horizonte blues, feita logo que ele plugou o instrumento no amplificador para senti-lo. “No repertório, coloquei algumas músicas que fiz há uns 15 anos, porém com uma nova leitura, mais atualizada. A maioria foi criada a partir da chegada da vitarra”, diz.

Pedro prefere não definir rótulo para a música que está fazendo agora, mas sua aposta é em música brasileira, baseada em levadas de funk, pop e rock. “Gosto de trabalhar a poesia nas letras e levar mensagens diversas às pessoas. Não fico preso a gêneros, mesmo porque a minha formação é bem eclética: de Eric Clapton a Tião Carreiro. Respeito todos os gêneros musicais de qualidade e procuro também fazer uma música de qualidade.”

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