À espera da turnê brasileira, fãs do Black Sabbath podem ouvir o disco '13'

Álbum é um convite ao passado da mitológica banda

por Arthur G. Couto Duarte 09/08/2013 06:00

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Theo Wargo/AFP
O cantor Ozzy Osbourne volta à estrada comantigos companheiros (foto: Theo Wargo/AFP )
Fãs do metal aguardam ansiosamente a volta deles ao Brasil, marcada para outubro. Não, não foi em louvor aos maus agouros ou pela sinistra mítica por trás do número em questão que o reformado Black Sabbath batizou seu derradeiro álbum de '13'. Mesmo assumidamente mefítico e sombrio até o talo, '13' parece portar em seu título apenas uma irônica alusão aos anos em que Ozzy Osbourne se manteve fora da banda que ajudou a fundar em Aston – subúrbio pertencente ao polo industrial de Birmingham, na Inglaterra, onde, talvez não por acaso, ele e todos os demais integrantes originais da “banda satânica” nasceram e foram criados.


Se nos propusermos a recapitular a trajetória do Black Sabbath, vamos deparar com quase meio século trespassado por acidentes, transtornos químicos, doenças e tragédias de toda sorte. Parafraseando um dos versos de um antigo blues, se não fosse pela má sorte, provavelmente Black Sabbath não teria sorte alguma. Só para reafirmar tal triste sina, quando seus remanescentes tentaram juntar forças no rastro do registro do álbum duplo ao vivo 'Reunion' (1998), um infarto do miocárdio veio fulminar não só o baterista Bill Ward como as chances de manter aquele encontro por mais tempo.

Céticos ou não quanto à vida após a morte, o fato é que a “segunda vinda” daquela que é a manifestação sônica do Juízo Final se deu exatamente em 16 de maio de 2010. Ou seja, um dia depois de Ronnie James Dio ter sucumbido ao câncer de estômago, Ozzy Osbourne telefonou para Tony Iommi com planos de dar outra chance ao arquetípico Black Sabbath. Esse gesto simbólico veio culminar com a aparição de 13 – primeiro álbum só com músicas inéditas dos geniais arquitetos que ousaram erigir um maciço monolito negro à base de blues distorcido, hard rock e heavy metal.

Para além da idolatria cega, vale dizer: o disco é mesmo entidade das mais monstruosas. De cara, somos confrontados com 'End of the beginning' (Fim do começo), em que riffs plúmbeos em aclimatação funérea dão chance a Ozzy Osbourne de fazer o tempo voltar para trás, quando, postando-se solenemente ao microfone, ele vem conjurar do fundo da terra uma espécie de versão zumbi para a imortal canção 'Black Sabbath'.

Depois de oito minutos de total devastação sensorial, não temos como duvidar: a volta do Black Sabbath – hoje reduzido a trio, com o ex-baterista do Rage Against The Machine Brad Wilk no comando do kit deixado vago pelo querelante Bill Ward – já se validaria nem que fosse apenas pela criação desse assustador Frankenstein de aço.

CIÊNCIA E MORTE Ao longo de 70 minutos de peso às raias do absurdo, Black Sabbath retoma, em suas novas letras, antigas preocupações. Ruminações a respeito dos rumos da ciência ('Zeitgeist', 'Age of reason'), da religião ('Dear father') e – por que não? – da própria morte. Ainda que um título tão polêmico quanto 'God is dead?' a princípio possa evocar intenções sacrílegas, na verdade, essa e outras músicas ('Live forever', 'Damaged soul') servem de permissão para Terence Michael Joseph Butler – vulgo “Geezer”, o principal letrista do grupo, que completou 64 anos no mês passado – e seus velhos asseclas avaliarem a passagem do tempo que inexoravelmente se encontra atrelada à finitude humana.

Vale lembrar: não foi sem esforço que Tony Iommi gravou todas as passagens de guitarra do disco durante os intervalos das sessões de quimioterapia a que foi submetido para combater um maligno linfoma.

Instigado pelo produtor Rick Rubin a gerar um disco que honrasse o passado do grupo, Black Sabbath fez de 13 registro que cumpre tal missão a contento, ainda que venha a lançar sombras incertas sobre o futuro. Um lídimo retorno à forma que, de maneira simbólica, acaba exatamente como tudo começou: depois dos últimos acordes da conclusiva 'Dear father', as mesmas badaladas de sino que se fizeram ouvir em meio a trovões e gotas de chuva na abertura da faixa 'Black Sabbath', lá pelos idos de 1970, acabam por concluir a gravação, deixando incômodo ponto de interrogação no ar.

TRAJETÓRIA

70 milhões
de álbuns vendidos

1978
lançamento do último disco de estúdio, Never say die!

2004
parte do Black Sabbath se reuniu na banda Heaven and Hell

2011
último show solo de Ozzy Osbourne no Brasil

Visita começa no RS

 

Em 9 de outubro, Black Sabbath faz show no estacionamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre; dia 11, no Campo de Marte, em São Paulo; e dia 13, na Apoteose, no Rio de Janeiro. Megadeth abre o espetáculo para Ozzy Osbourne (vocal), Tony Iommi (guitarra) e Geezer Butler (baixo).

A formação original reunia Ozzy, Iommi, Butler e Bill Ward (bateria). Mas Ward deu baixa. Recentemente, Ozzy simplesmente o acusou de ter desaprendido de tocar bateria, argumentando que a forma física do ex-colega impediu sua participação na atual turnê.

“Ele está incrivelmente acima do peso. Ward já teve dois ataques cardíacos. Não quero ser responsável por sua vida”, disse o vocalista – hipocondríaco de carteirinha e conhecido por antológicos piripaques causados pelo uso de álcool e drogas.

Preços de ingressos variam de R$ 90 a R$ 500, em Porto Alegre, e de R$ 150 a R$ 600, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Informações: www.ticketsforfun.com.br e 4003-5588.

Ouça Black Sabbath em '13':

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