Banda Dialeto grava o disco 'The last tribe' pelo selo Moonjune

Álbum é uma montanha-russa de emoções com sobressaltos rítmicos

por Arthur G. Couto Duarte 05/08/2013 06:00

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Renata Puntel/Divulgação
A banda Dialeto já tem 30 anos de carreira (foto: Renata Puntel/Divulgação)
Pelos buracos, pelas frestas, o rock progressivo retorna disposto a provocar. O gênero que viveu seu apogeu há 40 anos tem emitido novos sinais de vida inteligente, desvelando uma renovação estilística ávida por englobar desde os últimos recursos da tecnologia de áudio até extremas experimentações que vieram desembocar em crípticas subdivisões, como o brutal prog, freak folk, indo-prog, kozmic groov, nu-prog, sombient e eart-metal.

De modo a registrar tal efervescência sônica, gravadoras especializadas pipocaram em vários pontos do planeta, como a Moonjune Records, fundada em Nova York pelo iugoslavo Leonardo Pavkovic, que cresceu e estudou na Itália para, anos depois, se pós-graduar em literatura portuguesa e brasileira. Em 2001, a inspiração para batizar seu recém-criado selo veio da música 'Moon in june', da banda inglesa Soft Machine. Fã confesso de músicos como Frank Zappa, Egberto Gismonti e Keith Tippet, Leonardo agora vem abrir as portas da Moonjune para o trio paulistano Dialeto.

Já com 30 anos de estrada, a banda Dialeto sempre desafiou as categorizações estanques com uma sonoridade instrumental na qual o improviso e a intuição são usados como atiladas ferramentas de exploração. Se o rock progressivo talvez possa lhe servir de espinha dorsal, sua amplitude dos padrões vibratórios se mostra capaz de transcender eventuais limites impostos pelo corpo e pela matéria.

Além do líder, fundador e guitarrista Nelson Coelho, a formação do Dialeto que gravou o CD 'The last tribe' conta com o baterista Miguel Angel (ex-Durex, Sotaque e Okotô) e o baixista Jorge Pescara (que trabalhou com Eumir Deodato e Dom Um Romão, entre outros). Ao longo das 10 faixas, o grupo trava diálogos tão fustigantes e complexos que a única palavra que nos acode para expressar tal comunicação é telepatia. Uma montanha-russa de emoções, com sobressaltos rítmicos, sinistras aclimatações e solos em forma de vertigem.

Se para muitos artistas o virtuosismo se torna álibi para estéreis manifestações de ego, Dialeto se dispõe a subverter a regra, particularmente na devastadora 'Sand horses'. Como possesso por inominável energia sobrenatural, o trio se entrega a um maníaco exercício de domínio técnico. Enquanto blues, flamenco e tango são reduzidos a farrapos pelas estranhas cadências na melancólica 'Tarde demais', 'Windblaster', 'Dorian Grey' e 'Vintitreis' conseguem justapor sem aparente esforço levadas tribais, riffs angulares, sideradas melodias, estranhas permutações harmônicas e erupções de distorção controlada. Ousadias de cair o queixo que tornam Dialeto referência até mesmo entre os mais inclassificáveis valores sônicos de seu tempo.

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