Selvagens à Procura de Lei lança segundo disco como revelação do rock pós-anos 1980-90

Banda cearense tem pegada crítica e ligação confessa com os anos 1970

por Ailton Magioli 01/07/2013 06:00
Rafael Kent/Divulgação
Banda cearense Selvagens à Procura de Lei tem pegada crítica e ligação confessa com os anos 1970 (foto: Rafael Kent/Divulgação )
Longe da pretensão de querer carregar o rock brasileiro, que, há décadas, não apresenta formação de tamanho potencial, Nicholas Magalhães, da banda Selvagens à Procura de Lei, vê no momento vivido pelo país, que classifica de crucial, a oportunidade de endereçar mensagens para a galera de sua faixa etária, além das de outras gerações.


“Há muito descaso com a saúde, a educação e a infraestrutura em geral, na forma com que a política é feita, atualmente”, denuncia o baterista e vocalista, lembrando que o segundo disco da banda, que está sendo lançado agora, pela Universal Music, teria sido feito a duras penas por quatro jovens de Fortaleza, onde ainda “não há cabeça aberta” para se viver de rock.

“Estamos determinados a dar a nossa cara a tapa”, anuncia Nicholas, que, ao lado de Gabriel Aragão e Rafael Martins (vocais e guitarras) e Caio Evangelista (baixo), integra a banda que chega ao mercado ancorada pelos principais nomes do cast da multinacional do disco que os contratou. Marcelo D2, Dado Villa-Lobos e Dinho Ouro Preto, por exemplo, foram convocados pela Universal para dar depoimentos sobre a garotada, que vem sendo apontada como a grande revelação do rock pós-anos 1980-90.

Indicada na categoria aposta do VMB 2012, da MTV, Selvagens à Procura de Lei teria sido influenciada pelos guitarristas John Frusciante, Jack White e Fernando Catatau, além de Beatles, Lobão, Cazuza e Renato Russo. “Temos uma ligação forte também com os anos 1970: Novos Baianos, Belchior, Fagner, Clube da Esquina”, revela Nicholas Magalhães, admitindo, ainda, certa influência de Planet Hemp, já que o produtor da banda, David Corcos, chegou a produzir, também, Marcelo D2.

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(foto: Reprodução)
NAS RUAS Com letras consistentes e arranjos que fogem do óbvio, a banda cearense chega ao chamado Sul Maravilha quando, coincidentemente, a juventude brasileira sai às ruas, em busca de respostas. O single 'Brasileiro', de Gabriel Aragão, por exemplo, descreve a história de um jovem que vive em um país miserável, sem que as pessoas deem conta disso.

 “Porque eu sou brasileiro/ Meu ano só começa quando passa fevereiro/ Pobre, rico ou classe média/ Levante a mão quem já sentiu puxar a sua rédea”, dizem os versos da canção. “Queremos adicionar algo para o país”, confessa o vocalista e baterista, salientando a importância da temática romântica no trabalho da banda.

Nicholas e Gabriel são amigos de infância, vizinhos de prédio, enquanto o vocalista-guitarrista Rafael Martins e o baixista Caio Evangelista convivem desde a alfabetização. A banda que reúne velhos jovens amigos foi criada há cerca de três anos, atendendo a um desejo de Gabriel. O primeiro disco, 'Aprendendo a mentir', independente, data de 2010.

O batismo da banda, a princípio exótico, veio do desejo da própria garotada de algo que desse uma imensa abrangência. Durante aula de direito, na década de 1980, um dos integrantes da formação ouviu de um professor, que falava da condição humana na sociedade, a seguinte frase: “Todos nós somos selvagens à procura de lei”. Resultado: estava escolhido o nome da banda, que tem conquistado fãs.

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