Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante mostraram a boa forma de sempre e contagiaram o público

Los Hermanos levaram ao delírio a plateia do Chevrolet Hall, na noite de sábado. Hoje acontece o terceiro e último show da banda na cidade, mas os ingressos já esgotaram

por Eduardo Tristão Girão 21/05/2012 10:34
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(foto: Divulgação)
 
A cena impressionou: às 22h15 de sábado, os Los Hermanos subiram ao palco do Chevrolet Hall, em Belo Horizonte, encontrando casa lotada. Aos primeiros acordes de O vencedor, as luzes foram acesas e ficou evidente a multidão pulando com os braços para cima, fazendo com que o guitarrista e vocalista Marcelo Camelo virasse o microfone para a plateia e deixasse por conta dela a primeira estrofe da canção. Até pouco depois da meia-noite, a banda desfiou boa parte das músicas mais conhecidas de seus quatro álbuns, seguindo fielmente os arranjos originais, além de uma canção inédita.
A apresentação foi a primeira das três que o grupo faria na cidade, sendo que a última rola hoje à noite, com ingressos esgotados. Os músicos gostam de exaltar o caráter imprevisível das apresentações dessa turnê – a primeira desde a separação em 2007 –, daí a expectativa de mudanças no repertório. No sábado, a maior parte das 26 músicas tocadas foi extraída dos álbuns Bloco do eu sozinho (2001) e Ventura (2003), como Retrato pra Iaiá (viradas de bateria e linha de baixo idênticas às originais) e O vento (belas imagens do Rio de Janeiro em estilo Super-8, no telão ao fundo).
Todo carnaval tem seu fim e Além do que se vê completaram o bloco inicial, no qual o grupo conseguiu manter clima vibrante e o público bastante empolgado. Talvez essa linha divisória tenha ficado aparente pela reação mais contida do público à canção seguinte: Primeiro andar, composição boa e meio tristonha do último disco, 4 (2005). Nesse momento, as imagens no telão são mais abstratas, mas na maioria das vezes eram exibidas tomadas ao vivo do próprio show.
Surtos Além de ajudar quem ficou na parte de trás do ginásio a ver melhor a apresentação, o telão rendeu bonitos lances, principalmente dos guitarristas e vocalistas Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante. Aliás, a performance desse segundo é um capítulo à parte. Joga a cabeça para trás, vira o rosto de um lado para o outro repetidas vezes, demonstra vasto repertório de passos, faz caretas e, em Um par, dá voltas à frente do microfone. Ainda desceu do palco para passar perto da primeira fila.
Os solos de guitarra foram momentos de surto para Amarante, como em Condicional, em que ele se contorce até finalizar com uma abertura de pernas à moda do balé. Longe de ser apático, Camelo foi mais contido que o colega e interagiu com ele em A flor: alguém arremessou uma rosa para Amarante, que a pôs no bolso e levou para Camelo beijar (ou foi uma cheirada?). O tecladista Bruno Medina era o mais discreto de todos e talvez o único a não contar com uma câmera só para filmá-lo, a exemplo do baterista Rodrigo Barba e dos outros dois integrantes.
Uma única música inédita foi apresentada, Um milhão, escrita por Amarante. Por ser ainda pouco conhecida (já começaram a aparecer registros na internet), foi praticamente impossível entender a letra, apesar de a qualidade sonora ter ficado acima da média do espaço. Para compensar, a balada Sentimental foi a trilha para a típica hora do isqueiro e cantada em uníssono, bem como A outra e Último romance, derradeira canção antes do bis. Momentos de frenesi, com lágrimas e gente identificando versos das músicas em suas tatuagens.
Para a saideira, o quarteto providenciou um bloco só com canções do primeiro disco, Los Hermanos (1999): Tenha dó, Anna Julia, Quem sabe e Pierrot. Incendiaram o público numa prova inegável da relevância de toda sua discografia, consolidada em 15 anos de carreira. Uma apresentação de alto nível, repleta de grande canções e que deixará saudades nos fãs.
 
SÓ NO CINEMA
Aos que não conseguiram ingresso para os shows dessa turnê, o tecladista Bruno Medina avisa em seu blog, Instante Posterior, que haverá transmissão ao vivo do show de São Paulo, às 22h do dia 31, em cinemas de 21 cidades brasileiras. Em Belo Horizonte, as exibições serão nos cinemas do Minas Shopping e Pátio Savassi, com ingressos a R$ 60 e R$ 30 (meia) pelo site www.cinelive.com.br. 

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