Bruno e Marrone prestam homenagem às cartas de amor em seu novo álbum

Trabalho é inspirado por mensagens apaixonadas

por Thaís Pacheco 05/12/2011 10:11

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Daniel Cavalari/divulgação
(foto: Daniel Cavalari/divulgação)


“Todas as cartas de amor são ridículas/ Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas (...) As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas/ Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas”. Assim escreveu Álvaro de Campos – heterônimo do português Fernando Pessoa, um dos poetas mais importantes de nossa língua.
 
Quase 90 anos depois dos versos de Pessoa, as cartas de amor continuam em alta no Brasil. Em formato e estética bem diferentes, aliás. Que o diga a dupla sertaneja Bruno e Marrone, que está lançando o CD Juras de amor, com encarte ilustrado cheio de cartas românticas.
 
Difícil dizer se Fernando Pessoa se reviraria no caixão ao ouvir uma das estrofes da faixa três, Rancho: “Só não traz sua patroa/ que aqui mulher nós tem”. Pode ter faltado algum lirismo, mas, muito provavelmente, Álvaro de Campos não poderia negar: valeu a intenção da dupla.
 
Além do nome e do encarte do álbum, o amor está no ar. Bruno e Marrone distribuem declarações românticas por várias faixas do novo trabalho. A primeira, que dá nome ao CD, é sofrida: “Não quero lembrar que tudo acabou/ Só quero lembrar dos momentos de amor”. A última, Te quero tanto, é versão da espanhola Te quiero tanto tanto. O refrão pegajoso é assim: “Te quero tanto, tanto, tanto, tanto, tanto/ Não existe nada igual”.
 
Por aí seguem as 15 faixas do CD (à exceção de Rancho): sofrendo, chorando e amando. Só vai dizer que esse apaixonado novo álbum da dupla é ridículo quem não ama, ou nunca sofreu uma boa dor de corno. Atire a primeira pedra se você não se encontrar em pelo menos uma daquelas letras.
 
O disco é novo, mas a estética e os temas continuam os mesmos. Bruno e Marrone cantam direitinho, a gravação tem excelente qualidade técnica. Prato cheio para os fãs do sertanejo romântico. Para os admiradores da poesia, nem tanto. O mais perto que a dupla conseguiu chegar do lirismo está na faixa Amor só é bom quando dói: “Dói, dói, dói, dói./ Bem lá no fundo do peito./ Não tem jeito, amor só é bom quando dói.”
 
Vinicius de Moraes escreveu: “Todo grande amor só é bem grande se for triste”. Entretanto, não estamos falando de poesia, mas do 18º CD de carreira da dupla Bruno e Marrone. Trabalho que fala de amor sem medo de ser ridículo.


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