Disco do compositor Luiz Millan mostra saudade entre nuvens

por Kiko Ferreira 12/07/2011 10:31

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Renato Marchetti/Divulgação
(foto: Renato Marchetti/Divulgação)
Consciente da importância do trabalho em equipe para funcionamento de sua música, o compositor paulista Luiz Millan declara, no encarte de seu primeiro disco solo, Entre nuvens: "É um CD que não se conjuga na primeira pessoa". Também médico, como músico participou do coletivo Ponta de Rama, em 1980, colecionando parcerias desde então, sem mostrar ao público. Agora, chega a essa coleção de 14 temas, todos divididos com algum letrista ou melodista, a partir da relação musical com o pianista Mozar Terra.

Foi em janeiro de 2005, depois de um show de Mozar em Ilhabela, que Millan foi apresentado a ele como letrista de Jorge Pinheiro. Mozar fez imediatamente o convite para que ele escrevesse a letra de E o palhaço chorou, registrada no disco Caderno de composições. Passou o carnaval trabalhando na letra e, no final de fevereiro, recebeu o primeiro sinal de que a coisa começava a funcionar. Em junho do mesmo ano se encontraram para lapidar a composição e, na sequência, Mozar adoeceu. O letrista resolveu então procurar o pianista e compositor Michel Freidenson para que fosse feito um arranjo. A gravação foi feita, com a voz da cantora Ana Lee, e virou um presente de Natal para Terra, que morreu no ano seguinte.

Com jeito daquelas parcerias para trilhas de Edu & Chico, a faixa abre o disco com um misto de alegria e tristeza: “Vamos cantar, vamos cantar pra alegrar meu coração que hoje chorou/(...)/ Não há mais o que eu possa fazer para impedir que o tempo goste tanto de passar”. O mesmo tempo que traz a saudade de Mozar Terra serviu para colecionar os amigos e parceiros que transformaram o disco numa saudável e inspirada reunião de talentos. 

De compositores como Plinio Cutait, Jorge Pinheiro e o poeta Ivan Miziara a instrumentistas do nível de Léa Freire (flautas),Toninho Ferragutti (acordeom) e Teco Cardoso (flautas), o grupo, que trabalha com arranjos do mesmo Michel Freidenson do começo da história, passeia com fluência por canções, valsa, choro, baião, bossa e samba com resultado coeso de colorido, com as vozes de Ana Lee e Consiglia de la Torre merecendo citação e destaque. Um trabalho sofisticado, sem concessões ao vulgar, mas de beleza fácil de admirar.



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