Otávio Müller faz monólogo no teatro, série na TV e protagonista em filme ainda inédito em BH

Em 'O Gorila', novo filme de José Eduardo Belmonte, ator dá corpo e voz ao dublador aposentado Afrânio

por Carolina Braga 04/07/2015 10:43

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Gemco Assessoria/Divulgação
O ator Otávio Müller como o dublador aposentado Afrânio, em 'O Gorila' (foto: Gemco Assessoria/Divulgação )

“Sou ator, pai e marido. É isso.” Assim se define Otávio Müller. Vez ou outra ele se arrisca na direção, mas, sobretudo, gosta de experimentar as nuances que a profissão oferece. Se na TV está no ar como o atrapalhado Djalma, o patrão de Tapas e beijos, no teatro faz seu primeiro monólogo e no cinema experimenta o papel de protagonista.

“Sou o tipo completamente esquisito. Não vou ser protagonista toda hora. Não sou um galã e não tem grilo. Mas isso também abriu portas no cinema. São muitos filmes”, diz. Em O Gorila, novo filme de José Eduardo Belmonte que estreou no mês passado em algumas capitais brasileiras e ainda não chegou às salas de Belo Horizonte, ele dá corpo e, principalmente, voz ao dublador aposentado Afrânio.

O longa é, na opinião do próprio diretor, um radicalismo de linguagem. Afrânio é um homem que ocupa sua solidão fazendo ligações safadas para mulheres e para um homem. É quando se apresenta como o Gorila.

Com fortes tintas de suspense à la Alfred Hitchcock e referências explícitas a Janela indiscreta, tudo inicialmente parece uma distração inofensiva. Até que, na noite de Natal, um crime muda o rumo da história.

Müller adota uma interpretação de tom quase minimalista para compor um personagem que fisicamente é robusto como um gorila, mas emocionalmente frágil e abalado por memórias de infância. “Para mim, (o personagem) é um divisor de águas, inclusive do ponto de vista estético. Estou falando de interpretação também. É uma busca ‘joão-gilbertiana’ por um tom específico”, afirma.

Ele divide a cena com Alessandra Negrini, Mariana Ximenes, Milhem Cortaz e Lourenço Mutarelli. Pelo papel, Otávio Müller recebeu o prêmio de melhor ator na última edição do Festival do Rio, quando o longa estreou no circuito de festivais. O Gorila é adaptado de uma novela homônima de Sérgio Sant’Anna. Como o ator já era fã da obra de Sant’Anna, recebeu a proposta de bom grado e a encarou como uma oportunidade de exercitar outros registros de atuação.

EXPERIÊNCIA

Formado pela Casa das Artes de Laranjeiras, a famosa CAL, Müller fez parte de um grupo de teatro dirigido por Bia Lessa. Muito daquela experiência vai hoje para o set. Por exemplo, no palco aprendeu que um ator deve sempre estar em situação, ou seja, se relacionar com todos os elementos que o circulam.

Quando vive uma experiência de cinema, ele procura fazer o mesmo. Da mesma forma que recebe as orientações do diretor, faz do diretor de fotografia um cúmplice da contracena. Ele define como essencial para o resultado de sua atuação no longa de Belmonte a troca que teve com a diretora de fotografia uruguaia Barbara Alvarez. “Você não pode estar tão concentrado que não consiga observar o que está em volta. Tem que se concentrar com o que estiver acontecendo naquele momento”, argumenta.

Müller não se define como um homem tímido, mas assume que não gosta de se ver na tela grande. “É uma parada difícil.” Já que sente certo incômodo diante da tela grande, aprendeu com o amigo Selton Mello a pedir para ver o filme, sozinho, antes da versão final. Fez isso com O Gorila.

Esse é o terceiro filme de José Eduardo Belmonte do qual Otávio Müller participa. O primeiro foi Billi Pig (2012), cujo resultado reconhece que não foi aquilo que esperava. Fez também Alemão (2014), até agora a experiência do diretor que mais teve público no cinema.

Para o ator, durante muito tempo houve quem defendesse a máxima de que a experiência na TV ajudava aqueles que queriam ir para o cinema. “Acho que encaminha, mas é perigosa. Ainda mais no dia de hoje.” Isso quer dizer que o cinema, segundo ele, é cada vez mais cinema. “É aquela coisa do artesanato pequeno com a palavra.”

Novo filme a caminho

A vida de Otávio Müller anda bastante agitada. Até o próximo mês de agosto, concilia a gravação de Tapas e beijos com a próxima novela global da faixa das 21h, A regra do jogo, texto de João Emanuel Carneiro e direção-geral de Amora Mautner.

No cinema, acaba de rodar, sob a direção de Murilo Benício e fotografia de Walter Carvalho, a adaptação da peça O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues. Müller será o jornalista que procura revelar a farsa na cena do crime.

Também na fila de lançamentos está Homem só, longa de Cláudia Jouvin. Nessa comédia, ele divide a cena com Ingrid Guimarães, Vladimir Brichta e Mariana Ximenes, que também está em O Gorila.

“Tenho vontade de fazer um musical no teatro”, diz ele. Por enquanto, ele está de volta ao cartaz no Rio de Janeiro com o monólogo A vida sexual da mulher feia. “Gosto de inventar projetos”, resume.

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