"Estão todos intolerantes", diz cronista Xico Sá sobre o público da televisão brasileira

O jornalista e escritor estreou em mais uma atração na TV Paga, no 'Papo de segunda', no GNT

por Marina Simões 22/06/2015 11:10
Divulgação / GNT
"Fico feliz em ser um pouco do Recife em qualquer lugar onde chego. É a cidade que amo, onde mantenho amizades da escola, faculdade e me tornei escritor", diz Xico Sá (foto: Divulgação / GNT)
Conhecido como “o cara que dá pitaco na TV”, o jornalista e escritor Xico Sá diz que ainda não se acostumou com as câmeras e que muitas vezes se sente tímido. “Estou começando a perder a vergonha agora. Passei a vida inteira me dedicando ao jornalismo impresso e à redação”, conta. “Minha participação na tevê é consequência do que escrevo. Mas está virando a principal função. O que me move é sentar e escrever uma crônica”, completa. Xico Sá faz múltiplas participações na televisão brasileira. Ele estreou recentemente no 'Papo de segunda', ao lado de Marcelo Tas, Leo Jaime, João Vicente de Castro, nas segundas-feiras do GNT, às 20h. É comentarista do 'Amor e sexo' (Globo), 'Redação SporTV', às 10h, às sextas-feiras, e do 'Extraordinários', às 23h. Cearense, mantém ligação forte com a capital pernambucana, onde estudou e é dono de um imóvel. “Fico feliz em ser um pouco do Recife em qualquer lugar onde chego. É a cidade que amo, onde mantenho amizades da escola, faculdade e me tornei escritor”. 

Entrevista >> Xico Sá

Como surgiu o convite para a televisão? 
Toda a minha história na tevê é ligada ao que escrevo. Minhas crônicas e meus textos impulsionaram os convites. As pessoas sempre lembravam de mim e pediam para que eu colocasse o mesmo espírito que usava nos textos. Me sinto à vontade. Costumo defender o universo dos meus livros, meus pensamentos e reflexões que já faço no exercício de cronista. Tenho acumulado duas atividades: de comentarista de comportamento e cronista esportivo.

Você é conhecido pelos comentários inusitados. Já te pediram para ter mais “freio”?
A gente sabe a consequência de falar algo polêmico na televisão. Óbvio que sou mais cuidadoso. Penso na minha mãe lá em Juazeiro (CE). Ela é minha censura materna. Acho que isso me ajuda. Eu a tenho como referência para as besteiras que vou dizer no sentido de comportamento. Ela me dá um norte bom para não exagerar. Agora, a minha irmã instalou a TV a cabo. Não perde um programa. Mas tenho percebido uma falta de humor do público brasileiro. Estão todos intolerantes a opiniões diferentes. Prefiro continuar arriscando a esperar que a gente consiga outra realidade. Acho que o povo do Nordeste compreende melhor. Tem muita tiração de onda que faz o público reagir porque não consegue captar o espírito do que chamamos de “greia”. O que falo é natural na minha vida. Meus amigos sabem que não há diferença, sou o que sou em uma mesa de bar na Rua Mamede Simões (rua de bares e ponto de encontro de artistas no Recife), na TV ou no Twitter.

Como foi a experiência no 'Amor e sexo', com a Fernanda Lima?
Fiz as duas temporadas. Mais uma vez, por causa dos textos. Era colaborador de conteúdo do programa. Por conta do que eu falava nas reuniões, da “greia” que fazia, ela (Fernanda Lima) me puxou para o palco. No programa, tem a Regina Navarro defendendo a parte feminina e eu no mundo dos homens. Mas o que comento no programa tem a mesma esculhambação das minhas crônicas. Já que não sou um dos maiores galãs do Brasil, minha contribuição é nesse sentido. 

A exposição na televisão mudou sua relação com seus leitores?
Tenho sentido um efeito muito bom. Ganhei um público que sequer sabia que eu era escritor. Passaram a me seguir no Twitter e, com o tempo, acabou repercutindo nos livros. Por a gente invadir a casa das pessoas, elas se sentem muito perto da sua vida. Mas não tenho a menor frescura. Troco ideia com qualquer pessoa. E levo essas trocas para os programas. Também recebo críticas, principalmente de mulheres, que reclamam: muda de óculos, raspa o cabelo, a camisa não está boa.

Números

7 - anos atrás, ele estreou na televisão, no 'Cartão Verde' (TV Cultura)

12 - livros lançados. 'Big Jato' foi adaptado para o cinema por Cláudio Assis

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