'Marco Polo' é a senha do Netflix para a era das grandes produções

Série épica disponibilizada ao público nesta sexta-feira custou cerca de US$ 90 milhões

por Tiago Barbosa 12/12/2014 10:58

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.

Netflix/Divulgação
(foto: Netflix/Divulgação)
Nem os mais céticos ignoram a mordida dos canais de internet no bolo da transmissão de TV aberta ou por assinatura. O avanço capitaneado pelo Netflix, o maior expoente do gênero na web da atualidade, é percebido em produções originais capazes de escalar elenco de prestígio e arrebatar prêmios, como na série House of cards, o thriller político com Kevin Spacey ('Beleza americana') sobre a sujeirada do poder nos EUA.

A cartada mais expressiva do serviço online atende pelo nome de Marco Polo, seriado cuja íntegra da primeira temporada de dez capítulos é disponibilizada nesta sexta-feira para os assinantes. O programa mira um filão televisivo dominado com sobras pela consagrada 'Game of thrones' (da HBO) - a mais pirateada do planeta - caracterizado pela abundância das cenas de sexo, violência, intrigas políticas, roteiros fantásticos e majestosos gastos no orçamento.

'Marco Polo' atende aos propósitos megalomaníacos da nova safra de séries épicas composta, além de Game, por Vikings, Spartacus e Pilares da Terra. As gravações têm apelo internacional e foram feitas em três países - Itália, Malásia e no Cazaquistão - ao custo estimado de US$ 90 milhões, a empreitada mais cara de um serviço de streming. A trama ressuscita as histórias contadas pelo viajante italiano cujos relatos sobre os 24 mil quilômetros de périplo pela Ásia até se tornar conselheiro na corte do governante mongol Kublai Khan beiram a incredulidade.

A licença criativa para fantasiar o enredo advém justamente do Livro das maravilhas, o registro da viagem escrito a partir de um relato ditado por Marco a um companheiro de prisão no retorno a Veneza. Às histórias já questionáveis na Europa Medieval de meados do século 13, o criador John Fusco (indicado ao Oscar por Corcel indomável) acrescentou um protagonista (Lorenzo Richelmy) galanteador e hábil em lutar kung fu, escapar de cobras, entre outras peripécias.

Liberdades inventivas à parte, Marco Polo já recebe elogios da crítica pelo apego a detalhes históricos - um dos traços marcantes até mesmo na transposição de livros de fantasia para a televisão ou o cinema, como na construção de Game of thrones a partir de As crônicas de gelo e fogo, de George Martin - e pela intricada costura política. O protagonista encanta o mandatário mongol com uma visão particular de mundo bem útil à governança de uma região formada por povos de origem cultural e econômica tão diversa quanto conflitante, como cristãos, turcos, taoístas, muçulmanos, budistas e chineses. A riqueza étnica, o resgate de costumes e a abordagem às crenças da época são pontos cruciais ao êxito da série.

Concebida para fincar a bandeira do Netflix e dos serviços de streaming na era das produções dantescas, Marco teve exibição estratégica na Comic Con Experience, em São Paulo, na semana passada. A feira reuniu 80 mil geeks, aficcionados por tecnologia com potencial de pautar produções épicas no cinema e na TV. Parte do elenco e da equipe de criadores desembarcou na capital paulista e prometeu maravilhas sobre a série. Soa como profecia a ser escrita por Marco Polo - agora, sem direito a escorregões na fantasia, anseia o público.

Assista ao vídeo feito pela Netflix:


Netflix/Divulgação
(foto: Netflix/Divulgação)
Veja outras três produções épicas da TV

1 - Roma (2005-2007)
Produzida por três canais (HBO, BBC e RAI, da Itália), retratou o período da tentativa de Júlio César de liderar Roma como único governante (entre 52 a.C. e 27 a.C.). É contada com base na vida de militares das tropas romanas. As duas temporadas saíram por US$ 100 milhões. O custo inibiu a terceira.

2 - Spartacus (2010-2013)
A trajetória de um guerreiro e ex-escravo romano transformado em líder de um exército rebelde chegou a 150 países. A trama de sexo, violência e conspirações lidou com a morte do protagonista durante as filmagens e foi encurtada para três temporadas e meia.

3 - Game of thrones (2011-hoje)
A disputa pelo trono de ferro da terra imaginária de Westeros é uma das séries mais caras da atualidade. Um dos episódios chegou a custar US$ 8 milhões. Filmada na Irlanda, Espanha, Malta, Croácia, Islândia e no Marrocos, abusa das cenas de sexo (com direito a estupro incestuoso) e artimanhas políticas.

MAIS SOBRE MEXERICO