Regina Casé fala sobre preconceito; mas não comenta acusações da mãe de DG

A mãe do dançarino acusou a apresentadora durante evento em Brasília

por Correio Braziliense 26/11/2014 14:43

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Torquato/Divulgação
"Meus pais sempre tiveram amigos, igualmente brancos e negros. Eu achava tão normal e sempre pensava que, para todos, fosse algo comum" (foto: Torquato/Divulgação)
 No próximo dia 31 de dezembro, em breve, calculado e assumido surto, a atriz Regina Casé já tem ensaiado um discurso de regozijo: “Vou falar para mim: ‘Parabéns, Regina, você fez dois filmes — Made in China (em exibição) e Que horas ela volta? — conforme havia prometido’”. Na brincadeira, revela-se o prazer do retorno à profissão de atriz. Sempre desencorajando preconceitos, no novo longa, Casé joga até com brincadeiras relacionadas a preconcebidas ideias étnicas. Entram em cena jocosos conceitos ligados a chineses. Mas o filme avança no quesito miscigenação, ao garantir a presença de atores negros, entre os quais o cantor Xande de Pilares e a atriz Juliana Alves. No entanto, a apresentadora não comentou as acusações da mãe do dançarino DG, Maria de Fátima da Silva.

 

Regina e o marido, Estevão Ciavatta, ainda percebem o Brasil — do qual sempre buscou as raízes — como país com questões sociais pendentes. Ainda hoje, o fantasma do preconceito racial ronda o cotidiano. “Meu genro é negro e eu tenho um filho negro. Digamos que não houvesse o preconceito, só de você ter um pouquinho mais de condições e de colocar seu filho na escola particular, ele vai passar 15 anos da vida num meio que só tem brancos. Mesmo que todos o tratem da melhor maneira possível — o fato de ser o único já gera uma enorme carga. Aí, se encontra um atestado de desigualdade gigantesco. Só vai ter amigos com a mesma cor de pele que a sua, se estudar numa escola pública”, observa.

Para a também apresentadora, atenta a manifestações culturais da periferia, cabe a objetividade de dar nomenclatura: “No Rio, há favelas, que, em São Paulo, seriam tratadas como periferia”. Com a massa, aliás, é que Regina Casé se refestela. “Quando eu era mais nova, acreditava que isso vinha de mim. Mas sabe a que eu atribuo? À educação que eu tive. Meus pais sempre tiveram amigos de diferentes classes sociais. Viam muita naturalidade eu passar o fim de semana na favela da Catacumba. Isso por eu adorar a empregada Marinete, o marido dela e os filhos. Meus pais sempre tiveram amigos, igualmente brancos e negros. Eu achava tão normal e sempre pensava que, para todos, fosse algo comum”, conta.

Se a diferença foi sentida quando cresceu, a atriz, hoje aos 60 anos, tratou de aplainá-la, pelo enorme poder de comunicação. “Hoje em dia, até esteticamente, a expressão cultural do que costumávamos chamar de periferia está no centro das atenções. Profeticamente, a gente fez, no passado, um programa chamado Central da periferia”, comenta a atriz. “Noutros programas parecidos que fiz para a tevê, por exemplo, estão trabalhos para os quais dou a mesma importância de quando atuava no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone. Por isso, muitas vezes, abri mão de fazer uma peça, um filme ou uma novela”, explica.

Panela de pressão

Na última quinta-feira, Brasília foi palco para um inflamado debate envolvendo a apresentadora Regina Casé. Durante a Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça (SerNegra), promovido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, a mãe do dançarino Douglas Silva Pereira (conhecido por DG), morto em abril, criticou a artista ao falar da morte do ex-dançarino do programa Esquenta. 

A técnica de enfermagem Maria de Fátima da Silva, convidada do debate, criticou a forma como a mídia “usou” a imagem do filho. Assumindo o desejo por “uma solução imediata para esclarecer a morte”, Maria detalhou pormenores sobre a participação dela no programa, em abril. Ela chamou Casé de “uma farsa, uma artista, uma mentirosa”, desconstruindo a intenção de a apresentadora ajudar as classes menos favorecidas.  

 

 

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