Fernanda Torres completa 35 anos de carreira fazendo planos para a TV, teatro e cinema

Atriz conta que prepara também um livro de crônicas para outubro

por Estado de Minas 21/06/2014 10:45

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Estevam Avellar/Globo
Fernanda Torres faz o maior sucesso hoje como a Fátima da série Tapas & Beijos (foto: Estevam Avellar/Globo)
Aos 13 anos, Fernanda Torres estreava na televisão, na série Aplauso (Globo, 1979), com o peso de ser filha de dois grandes nomes do teatro brasileiro: Fernanda Montenegro e Fernando Torres (1927–2008). Hoje, aos 48 anos e após cravar seu espaço no meio artístico, ela encara com leveza o início da carreira. “Eu era uma bochecha ambulante (risos). -me de que foi uma experiência incrível contracenar com a Dina Sfat (1938–1989)”, diz.

Estudante da companhia de teatro O Tablado, Fernanda conta que não só cresceu nos bastidores dos ensaios dos pais, como também se dedicou ao movimento teatral da época. “Meus pais foram fundamentais, eu os seguia nas coxias, mas minha geração fazia teatro violentamente também, era um fenômeno”, diz ela, que, na época, dedicou-se a modernizar o teatro carioca ao lado de Débora Bloch e Andréa Beltrão, entre outros.

A primeira novela Não demorou muito para Fernanda estrear nas novelas. Aos 15 anos, ela fez uma participação em 30 capítulos de Baila comigo (Globo, 1981). Depois, ganhou um papel fixo em Brilhante (Globo, 1981), na qual contracenou pela primeira vez com sua mãe. “Mamãe interpretava a minha avó na novela. O público não entendia aquela trama moderna, em que o personagem do José Wilker (1944–2014) morria e voltava”, diz.

Na versão de Selva de pedra (Globo, 1986), Fernanda viveu a protagonista Simone, papel que foi de Regina Duarte em 1972. “Eu era muito imatura, tinha pouca experiência e aquela mania de grandeza que a vida castiga depois, sabe?”, conta. “Fiquei emburrada, e isso é imperdoável. Não aguentei o rojão de ser a mocinha da novela das oito. Levei 30 anos para limpar minha barra comigo mesma, para entender o que é ser uma atriz de verdade”, complementa.

Em crise, Fernanda não fez mais novelas e passou a se dedicar ao cinema e ao teatro. Entre os anos 1980 e 1990, atuou em 19 longas-metragens. Na carreira, são 26 ao todo. Em 1995, ela voltou à TV em cinco episódios da série A comédia da vida privada (Globo). “Foi quando comecei a me sentir preparada para a televisão. Eram textos baseados na obra de Luis Fernando Verissimo e com direção de Guel Arraes, que foi quem me convidou para o projeto”, lembra a atriz, que, desde então, tem aparecido em trabalhos ligados à comédia.

“Mas o humor não foi uma escolha pensada”, explica a atriz. “Aconteceu e foi o que me fez sentir segura”, continua. “Fiz a peça 5 x comédia, de Hamilton Vaz Pereira, e, desde então, não parei.” Para Fernanda, a série Os normais (Globo, 2001) foi um marco em sua carreira. Ela dividia a atração com Luiz Fernando Guimarães. “Devo muito a ele, que me ensinou como fazer TV com leveza. Sempre tive uma vida profissional independente, fazendo cinema e teatro, mas foi a série que me levou a atingir um reconhecimento do público, que me tornou popular”, acrescenta.

“No Brasil, o ator tem que assoviar e chupar cana ao mesmo tempo”, prossegue Fernanda. “Não dá para abrir mão da televisão se ele quer falar com um grande público.” Segundo ela, Vani era parte de um projeto desacreditado, pois tinha apenas seis episódios gravados. O sucesso foi tanto que a a atração foi para os cinemas em dois longas. “Vani foi muito importante para mim”, diz.

Para Claudino Mayer, doutor em teledramaturgia pela Universidade São Paulo, Fernanda Torres conseguiu cativar o público e ainda mostrou ser tão talentosa quanto os pais. “Ela passou a ter autonomia, deixou o rótulo de filha da Fernanda Montenegro. Além disso, provou que é uma atriz completa, que pode fazer bem o drama e a comédia sem ficar presa a uma única identidade”, analisa o especialista.

Novos caminhos
AE/Divulgação
Os normais fez tanto sucesso que foi para o cinema, com Marisa Orth, Luiz Fernando Guimaraes, Fernanda e Evandro Mesquita (foto: AE/Divulgação)

Fernanda Torres conta que teve receio de ficar marcada como Vani, personagem de Os normais, para o resto da carreira. “Sei que sou a eterna Vani. É difícil você fazer algo marcante e se reinventar. Por isso digo que tive a sorte de encontrar a Fátima em meu caminho”, diz, referindo-se à personagem que interpreta na série Tapas & beijos desde 2011.

Para a atriz, o sucesso da atração, que é uma das melhores audiências da Globo, com média de 21 pontos, segundo o Ibope, deve-se ao bom elenco. “Todos trabalham além da TV e lutam para manter a atração no ar”, diz. “A Andréa (Beltrão, atriz), por exemplo, é uma máquina. Chega a ensaiar espetáculo às duas da madrugada. Vou doar o corpo dela para estudos (risos)”.

A série deve ter sua última temporada em 2015, e Fernanda diz já estar preparada para novos projetos. “Sempre tenho planos além. Gosto de alternar meus trabalhos. Não descarto, por exemplo, um trabalho em novelas. Acredito que estou preparada para essa indústria. Admiro quem faz novela, pois é um baita trabalho.”

Escritora e elogiada em seu primeiro romance, Fim (Companhia das Letras), lançado no fim do ano passado, Fernanda adianta que lançará um livro de crônicas em outubro, com o título de Sete anos. “Comecei a escrever Fim quando não tinha muito o que fazer e estava grávida. Então, não sei se ainda sou uma escritora. As crônicas já escrevo há sete anos. Estou aprendendo. Mas devo fazer mais teatro e cinema”, garante.

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