José Wilker: relembre os 50 anos dedicados à atuação e direção em cinema, teatro e TV

Carreira do artista cearense se entrelaça à história recente das artes cênicas no Brasil

por Bossuet Alvim 05/04/2014 11:21

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TV Globo/Divulgação
José Wilker como Juscelino Kubitschek em 'JK' (2006): vida dedicada a personagens icônicos (foto: TV Globo/Divulgação)
Filho de dona de casa com caixeiro viajante, José Wilker nasceu no interior do Ceará, cresceu no Recife e mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro. A partir de então, tornou-se conhecido em todo o Brasil por sua trajetória nos palcos e telas, à frente ou atrás das câmeras. Morto aos 66 anos por um infarto neste sábado, 5, o artista nordestino deixa legado que impressiona tanto pela extensão quanto pelos números.

 

Relembre a carreira de José Wilker em fotos

 

Em meio século de carreira, Wilker atuou em cerca de 50 produções na TV, assinou a direção de quatro novelas — 'Louco amor' (1983) e 'Transas e caretas' (1984) na Rede Globo, Carmem (1987) e Corpo Santo (1987) na TV Manchete — e comandou o seriado 'Sai de baixo' de 1996 a 2002. No cinema, dirigiu 'Cinderela' e 'Giovanni Improtta' (2012), além de emprestar seus talentos de ator a quase 70 títulos. Aficcionado pela sétima arte, o artista dizia manter acervo pessoal com mais de quatro mil obras.

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Sucesso de 'Dona Flor e seus dois maridos' (1976) levou ator ao reconhecimento internacional (foto: TV Globo/Divulgação)
A voz grave que tornou-se inconfundível para os telespectadores foi o motivo do primeiro contato de José Wilker com o mundo artístico. Aos 13 anos, inscreveu-se na disputa por uma vaga como locutor da TV Rádio Clube, no Recife. Com timbre incerto pela puberdade, não foi selecionado para os microfones, mas conseguiu chegar à figuração em encenações de teleatro do canal, que o levaram a investir na carreira sobre os palcos. Através do Movimento Popular de Cultura do Partido Comunista, estudou teatro e trabalhou em direção e produção de montagens no sertão.

 

A mudança para o Rio de Janeiro, em 1967, tinha motivação ideológica: aos 19 anos, José pretendia estudar sociologia. Recém-chegado à capital fluminense, foi envolvido pela efervescente cena cultural e deixou de frequentar o curso, concentrando-se novamente na vocação para a atuação. Equilibrava a conquista de papéis cada vez mais expressivos no teatro com oportunidades de crescimento no cinema.

 

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Wilker interpretou personagem-título de 'Roque Santeiro' nas duas versões da novela (foto: TV Globo/Divulgação)
A primeira ponta em um longa-metragem aconteceu em 'A falecida' (1965), estrelado por Fernanda Montenegro; quatro anos mais tarde, já acumulava cinco longas no currículo. Em 1970, aos 23 anos, recebeu o prêmio Moliére de Melhor Ator com a peça 'O arquiteto e o imperador da Assírai', de Fernando Arrabal.

 

A revelação do jovem ator chamou a atenção de Dias Gomes,  que lhe abriu as portas para a TV com o personagem Zelito, de 'Bandeira 2' (1971). Passou a emplacar personagens seguidos nas telinhas, em trajetória marcada por figuras carismáticas como Mundinho Falcão, de 'Gabriela' (1975) e o protagonista Rodrigo, de 'Anjo mau' (1976).

 

Retomando a parceria com o padrinho Dias gomes, protagonizou a primeira versão de 'Roque Santeiro', novela que teve estreia impedida pela censura durante a ditadura militar, em 1975. Dez anos mais tarde, estrelou a segunda montagem da trama na pele do personagem-título, ao lado de Regina Duarte (Viúva Porcina) e Lima Duarte (Sinhozinho Malta) — um marco na história da teledramaturgia nacional.

 

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''Vou lhe usar'': Jesuíno, do remake de 'Gabriela' (2012) rendeu bordões divertidos que viraram febre (foto: TV Globo/Divulgação)
Ator constante e já consagrado nas novelas, José Wilker jamais deixava de investir em personagens ousados no cinema. Alcançou reconhecimento internacional por sua leitura de Vadinho, o vértice boêmio do triângulo de 'Dona Flor e seus dois maridos' (1976), de Bruno Barreto. Também integrou o elenco de produções icônicas como 'Xica da Silva' (1976) e 'Bye, bye, Brasil' (1979), além de dedicar-se a projetos menores nas telonas, por pura paixão ao meio. Dirigiu e atuou na jornada do personagem Giovanni Improtta, que transportou-se da novela 'Senhora do destino' (2004) a um longa-metragem próprio em 2013.

 

A maturidade lhe trouxe ainda mais reconhecimento na TV, onde dedicou-se recentemente a papeis biográficos como Juscelino Kubitschek em 'JK' (2006) e Luis Gálvez, de 'Amazônia' (2007).  Reviveu o inesquecível Zeca Diabo na segunda versão de 'O bem amado' (2011), uma releitura da obra do amigo Dias Gomes. Também revisitou uma trama do passado ao assumir o coronel Jesuíno Mendonça no remake de 'Gabriela' (2012), antes de interpretar o médico Herbert Marques em 'Amor à vida', seu último papel nas telinhas".

 

Uma das últimas missões de Wilker nos cinemas se passou no sertão mineiro, através da obra de Guimarães Rosa. O ator surgirá nas telonas como o cangaceiro Joãozinho Bem Bem na adaptação de 'A hora e a vez de Augusto Matraga', conto do autor de 'Sagarana' transformado em longa sob direção de Vinícius Coimbra. Lançado há dois anos, o filme deve ganhar distribuição comercial ainda em 2014.

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Apaixonado por cinema, artista tornou-se referência na crítica da sétima arte, e apresentava a transmissão do Oscar no Brasil ao lado de Maria Beltrão (foto: TV Globo/Divulgação)
 



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