Zezé Polessa chega aos 60 anos cheia de planos para o teatro e a TV

Atriz quer encenar textos de Hilda Hilst

por Helvécio Carlos 27/10/2013 00:13

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Aproach/divulgação
(foto: Aproach/divulgação)
2013 poderia ser considerado um ano cabalístico para Zezé Polessa. Afinal, ela comemora “13 décadas”: seis de vida, quatro de teatro e está às vésperas de completar três de televisão. Mas a opção de encenar o clássico Quem tem medo de Virginia Woolf?, em cartaz no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro, não é uma comemoração. “Vamos pular essa parte da idade”, avisa a atriz, depois de uma sonora gargalhada. “Não ligo muito para isso. Nem sei quantos anos os meus amigos têm. Também não sou de contar quantas personagens fiz no teatro, na televisão e no cinema, até para não pesar”, brinca ela.

Zezé decidiu montar a peça de Edward Albee há três anos. A estreia demorou devido à burocracia para adquirir os direitos junto à Albee Foundation e a outros compromissos. “Quero fazer muita coisa boa ainda, trabalhar com poesia e performance. Tenho lido muito a obra de Hilda Hilst, pretendo levar textos dela para o palco. Mas agora estou tão satisfeita com Virginia Woolf que faria essa peça o resto da vida”, afirma Zezé. Em uma de suas melhores atuações, ela contracena com Daniel Dantas, Ana Kutner e Erom Cordeiro.

Quem tem medo…permitiu a Zezé trabalhar com o argentino Victor Garcia Peralta, que a dirigiu na comédia Não sou feliz, mas tenho marido, baseada no livro de Viviana Thorpe. “Victor me cantou essa pedra logo no início dos ensaios de Não sou feliz.... No início, nem pensei no assunto. Havia lido o texto há muitos anos e vi o filme (produção de 1966 estrelada por Elizabeth Taylor), bem mais pesado que a peça. Mas depois me apaixonei por ela”, conta.

A mãe do João

Zezé Polessa interpreta a debochada e perversa Marta, casada há mais de 20 anos com Jorge (Daniel Dantas). A trama de Quem tem medo de Virginia Woolf? se passa durante o encontro do casal com os jovens Nick (Erom Cordeiro) e Mel (Ana Kutner), que acabam embarcando no jogo cruel de palavras e ofensas.

“Esses personagens são um tesão para qualquer ator. Aos poucos, você vê as características humanas, as dores, os sentimentos, as alegrias e os amores. Tudo está ali, o teatro em sua essência. A peça é comovente e profunda, no sentido de dar chão para o público pensar. É um drama bem ácido. Eles são sarcásticos, mas têm humor. Eletrizante”, resume Zezé.

Ela não assistiu às outras três montagens brasileiras. Cacilda Becker e Walmor Chagas interpretaram Marta e Jorge em 1965; Raul Cortez e Tônia Carrero (substituída por Lillian Lemmertz) eram os protagonistas em 1978; em 2000, esses papéis ficaram com Marco Nanini e Marieta Severo.

Zezé não se mirou nem nas conterrâneas nem em Elizabeth Taylor, que ganhou o Oscar de melhor atriz em 1967 graças à personagem criada por Edward Albee. “Está tudo nas palavras do texto. Cada um faz o seu papel”, afirma.

Filho

A emoção de Zezé não se resume a Marta. A tradução do texto é assinada por João Dantas, filho dela com Daniel Dantas. Em 1992, mãe e filho contracenaram em A mulher que matou os peixes, de Clarice Lispector, quando ele era criança. João se formou em letras e se especializou na língua inglesa. Seus primeiros trabalhos de tradução foram Macbeth, montagem de Aderbal Freire-Filho; Seis aulas de dança em seis semanas, dirigido por Ernesto Piccolo, e, mais recentemente, As lágrimas amargas de Petra von Kant, por encomenda de Vera Fischer.

“É emocionante trabalhar com ele. A relação nos ensaios, muitas vezes, era de mãe e filho. Quando me esquecia de algo ou trocava uma palavra, ouvia a voz dele chamando a minha atenção, lá no escuro. Criado nesse meio, João não é inibido como eu no início da carreira”, conclui.

Até março, Quem tem medo de Virginia Woolf? ficará em cartaz no Rio de Janeiro. Depois a peça faz temporada em São Paulo.

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