Reprises para cumprir cotas na televisão brasileira estão na mira da Ancine

Emissoras se valem de conteúdo antigo para cumprir exigência de 3h30 de exibição semanal estabelecida pela nova lei audiovisual

por Agência Estado 22/02/2013 14:37

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.

Discovery Kids / Reprodução
Atrações nacionais como o infantil 'Meu Amigãozão' perdem espaço na grade para produções reprisadas. Falta de agilidade da Ancine seria uma das queixas de produtores independentes (foto: Discovery Kids / Reprodução)
O volume de cenas brasileiras exibidas no horário nobre da TV paga no Brasil quadruplicou em um ano. O cálculo é do presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Manoel Rangel, que apresentou na quinta-feira, 21, um balanço dos seis primeiros meses da lei 12.485. Segundo a nova legislação, os canais pagos são obrigados a exibir 3h30 semanais de produção nacional, sendo metade disso de origem independente, no horário nobre. A cota ainda não vem sendo cobrada na íntegra - até setembro, a exigência será de 2h20, para permitir que programadoras, produtoras e operadoras se planejem para cumprir todo o pacote a partir de então.

Rangel, que deixa o cargo em maio, abrindo a bolsa de apostas para sua sucessão, falou a uma plateia de produtores, distribuidores e programadores de TV, brasileiros e estrangeiros durante o segundo dia da Rio Content Market, evento realizado pela Associação Brasileira de Produtoras Independentes (ABPITV).

 

Ele celebrou “o bom momento” do audiovisual nacional como oportunidade para a expansão da imagem do Brasil mundo afora. “Pela primeira vez, passamos a ter no país uma demanda real por produção independente.” Mas ele não sabe ainda mensurar em quanto de fato a nova lei acelerou a produção nacional do setor. Muitos canais ainda recorrem a reprise de filmes não inéditos e a reprises de programas além do normal para preencher as cotas, o que o presidente da Ancine não ignora.

“Continuamos recebendo queixas sobre reprises e consideramos essa uma questão sensível”, disse. “Sabemos que há uma margem de reprises que é comum ao conjunto desses canais, mas estamos atentos a distorções e à necessidade de se abrir um processo disciplinador, se for o caso.”


Embora tenha celebrado o resultado da nova legislação como grande avanço para a indústria da produção independente brasileira, Rangel não escapou de ser cobrado por maior agilidade da Ancine na aprovação dos projetos. A queixa não é inédita, mas sempre esteve mais presente no discurso dos programadores internacionais resistentes à nova lei, e ontem partiu do lado mais favorável às cotas: um produtor independente.


Foi André Breitman, da produtora 2DLab, que entre outros títulos assina a animação 'Meu Amigãozão' para a Discovery Kids, quem citou o problema. Breitman falou sobre o interesse crescente do mercado nacional e internacional em torno do audiovisual brasileiro, em função de Copa e Olimpíada no País, e do risco de o setor perder esse bonde por falta de ritmo da Ancine. “Se a Ancine não conseguir melhorar a agilidade na aprovação dos projetos, podemos perder uma das melhores oportunidades que já tivemos no Brasil”, disse o produtor.

MAIS SOBRE MEXERICO