Horta urbana em shopping de BH oferece verduras orgânicas

Para aproximar o público de alimentos frescos e saudáveis, restaurante funciona ao lado de fazenda urbana, que fornece vários folhosos aproveitados em saladas, sucos e sanduíches

por Celina Aquino 01/06/2017 11:32

Alexandre Guzanshe/EM
Tecnologia utilizada na estufa garante condições adequadas para as plantas, reduzindo o desperdício (foto: Alexandre Guzanshe/EM)
Da terra à mesa são tantos os intermediadores que os alimentos não chegam tão frescos como deveriam aos consumidores. Ainda mais aqueles que vivem longe do campo. Há quem esteja disposto a mudar essa realidade em Belo Horizonte, onde funciona a partir desta semana um restaurante que segue o conceito farm-to-table, encurtando a distância entre o produtor e os clientes. Ervas e hortaliças são colhidas diretamente de uma horta ao lado, que fica no terraço de um shopping center, no meio da cidade. Além do frescor, as folhas utilizadas em diferentes receitas se destacam por não conter agrotóxicos.

 

“Esse é o nosso objetivo, reconectar as pessoas com a origem dos alimentos saudáveis, como era na época dos nossos avós, que plantavam tudo no quintal de casa”, informa um dos sócios da BeGreen, Pedro Graziano, responsável pela fazenda urbana em BH, como são chamadas as áreas de produção agrícola nos grandes centros. Os donos da ideia acreditam que esse movimento aponta para o futuro da alimentação humana. Frutas, verduras e legumes tendem a ser cultivados no mesmo lugar onde serão consumidos, sem intermediários. Ou seja, se a população da cidade não vai voltar para o campo, o campo tem que vir para a cidade.

Alexandre Guzanshe/EM
(foto: Alexandre Guzanshe/EM)

As folhas cultivadas na horta urbana chegam rapidamente à cozinha do Casa Amora, que ocupa um container no terraço do Boulevard Shopping, no Bairro Santa Efigênia. Desde que abriu as portas da sua primeira unidade na Savassi, há dois anos, o restaurante se preocupa em utilizar produtos orgânicos e frescos. “Isso tem muito a ver com o que acreditamos enquanto alimentação saudável, a qualidade da matéria-prima, o cuidado no preparo, o frescor da comida, a forma de apresentação”, defende uma das três sócias do restaurante, a nutricionista Patrícia Saggioro.

 

No Casa Amora, a proposta é unir nutrição e gastronomia em um cardápio saudável, que preza pelo equilíbrio de nutrientes e sabores. Por isso, não há espaço para produtos industrializados nem frituras. As estrelas do bufê, com diferentes opções para o cliente, que recebe o prato montado, são mesmo as saladas. “Tentamos elaborar misturas de forma que as receitas fiquem apetitosas, sejam nutricionalmente equilibradas e as pessoas sintam prazer em comer. Não apresentamos o tomate separado, por exemplo, mas o incluímos em uma salada de trigo em grãos com queijo, rúcula e azeitona”, detalha.

 

MISTURAS

Alexandre Guzanshe/EM
(foto: Alexandre Guzanshe/EM)
 

Diariamente, o restaurante oferece pelo menos dois tipos de saladas, uma com um mix básico de folhas e outra com uma mistura mais elaborada de ingredientes, para chamar a atenção de clientes que não têm o hábito de se alimentar de forma saudável. Entre elas, uma receita de alface, espinafre, abacate em pedaços, amendoim torrado e tomate-cereja e outra de alface, agrião e tomate confitado. “Temos outras duas que fazem muito sucesso, uma com diferentes tipos de alface, manga e coco ralado e outra com alface, rúcula, pêssego, ricota e nozes”, conta Patrícia. Na página ao lado, ela ensina a preparar uma salada de folhas com rabanete, quinoa e sementes de girassol.

 

As hortaliças também são aproveitadas em sucos, entre elas couve, hortelã e manjericão. Uma das possibilidades é misturar folhas de couve com maracujá e mel. Como a nova unidade do Casa Amora fica aberta para o café da manhã e o lanche da tarde, além do almoço, os vegetais colhidos na hora ainda são incluídos em recheios de sanduíches e omeletes.

 

Vivas e orgânicas

Alexandre Guzanshe/EM
(foto: Alexandre Guzanshe/EM)
 

 

Ao todo, são 19 variedades de folhosos cultivadas na fazenda urbana. Há alfaces lisas, crespas e romanas, rúcula, agrião, acelga e espinafre, incluindo espécies importadas da Holanda, país referência na produção de hortaliças. “Eles desenvolveram, por exemplo, algumas variedades de alface com folhas menores, que são mais bonitas, crocantes e saborosas”, acrescenta Pedro Graziano, sócio da BeGreen. Entre as espécies mais exóticas, ele destaca a couve mizuna, com folhas mais repicadas e sabor mais suave, indicada para o preparo de saladas e sucos, assim como as folhas de beterraba.

 

Fora as hortaliças, a fazenda ainda produz ervas e temperos como salsinha, cebolinha, coentro, sálvia, tomilho e basílico, variedade italiana de manjericão que está entre as mais vendidas, por ser mais bonita, perfumada e saborosa. Para o segundo semestre, o plano é também oferecer legumes, raízes, frutas e tubérculos, incluindo vagem, tomate, cebola, batata, cenoura e pimentão.

 

Além de não utilizar agrotóxicos, a BeGreen investiu em uma tecnologia que garante um ambiente totalmente controlado na estufa. “Se o clima está quente, a estufa esfria; se tem muito sol, ela escurece. Chuva não atrapalha, então consigo oferecer para as plantas condições favoráveis de crescimento, o que faz com que o desperdício seja praticamente zero. É como um menino criado com a avó dentro do apartamento”, compara. Graziano acrescenta que a produção se enquadra no sistema de aquaponia, que consiste em aliar o cultivo de hortaliças à criação de peixes. As excreções dos animais são filtradas e transformadas em alimento para as plantas, numa produção ainda mais saudável.

 

O público tem a opção de comer as folhas em pratos do restaurante ou levá-las para casa. A BeGreen desenvolveu uma embalagem que faz com que os produtos durem muito mais tempo. Em vez de saco plástico, as plantas são vendidas em uma cesta, com a raiz e uma reserva de água. “É como se você levasse para a casa um vaso de flor, então pode ir colhendo as folhinhas dia a dia. Com isso, elas ficam frescas por mais tempo, porque estão vivas”, explica Graziano. Assim, as plantas ganham resistência e podem durar mais de uma semana fora da geladeira.

 

Salada de folhas com rabanete, quinoa e sementes de girassol

Beto Novaes/EM
Versão de Caesar salad com alface, radicchio, frango desfiado, parmesão ralado e molho de iogurte com mostarda e ervas (foto: Beto Novaes/EM)

 

Ingredientes 

150g de folhas variadas, à sua escolha; 

30g de quinoa vermelha; 

20g de semente de girassol; 100g de rabanete

 

Modo de fazer

Higienize as folhas e o rabanete. Torre as sementes de girassol no forno, a 200 graus, por 3 minutos. Ao final de 1 minuto e meio, mexa as sementes para que todos os lados sejam igualmente torrados. Cozinhe a quinoa por cerca de 10 minutos em água fervente. Escorra bem. Corte o rabanete em rodelas bem finas. Na hora de montar o prato, rasgue delicadamente as folhas e misture-as  ao rabanete, quinoa e sementes de girassol.

 

 

 

 

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