Sabia que flor tem sabor?

Nesta primavera, chefs, mestres cervejeiros e sorveteiros aproveitam para usar flores em suas criações

por Eduardo Tristão Girão 07/10/2016 08:00
 Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
O chef Jaime Soares, da Borracharia (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

As flores ainda costumam ser associadas sobretudo à decoração de pratos, mas pouco a pouco seu potencial em termos de sabor é mais bem explorado por chefs de Belo Horizonte. Atualmente, não falta quem tire partido disso e há exemplos de iniciativas interessantes e não muito convencionais, como sorvetes e até mesmo uma cerveja.

“O botão da capuchinha, por exemplo, tem gosto parecido com alcaparras, porém mais picante”, diz Flávio Trombino, chef do mineiro Xapuri. Ele utiliza uma “moita” dessa flor em vários pratos da casa, entre eles a salada que leva alfaces americana e roxa, agrião, abacaxi, palmito, queijo minas frescal, cenoura, tomate e molho de limão capeta (R$ 48).

Também focado na capuchinha (associada a brotos de coentro), o chef Jaime Solares, do bar e restaurante Borracharia, acaba de colocar no cardápio um ceviche inusitado, feito com jiló em cubos temperado com limão, azeite, flor de sal, pimenta calabresa, cebola roxa e pimentões. “Além de colorir, a flor dá uma picância divertida. Mas tem de colocá-la só no fim, senão ela é cozida pelo limão”, explica.

Com flores de coentro (e outras que estiverem disponíveis), o chef Frederico Trindade, do restaurante que leva seu sobrenome, criou recentemente sobremesa fora do comum, apesar de baseada no arroz-doce. A diferença é que leva chocolate paraense da Ilha do Combu (100% cacau) e, na finalização, os grãos são envolvidos em calda de caramelo, molho rôti (sim, aquele feito com carne e ossos bovinos), talo de coentro, sal, pimenta, cominho, canela e raspas e suco de limão (R$ 24).

INFUSÕES Outro caso curioso é o da cerveja Grimor 21, produzida pela cervejaria mineira Grimor, que mantém seus rótulos à venda no bar Baixo Serra Inconfidentes. É uma pilsen feita com chás de hibisco e rosa, lançada justamente na primavera de 2013. “Ela leva outras flores além do lúpulo, que nem todos sabem que também é uma flor. A ideia veio após viagem para o Egito, onde se toma chá de hibisco. Depois, percebemos que a rosa tem como um dos seus óleos essenciais o geraniol, comum em lúpulos americanos”, conta Paulo Patrus, um dos sócios da cervejaria.

Entre as produções de sorvete na capital mineira, pelo menos duas iniciativas chamam a atenção. A primeira é de Talita Viza, da Alento (cujos potes podem ser encontrados no empório Casa Pimentel), que aposta na lavanda: com as flores da planta, prepara infusão para dar vida a sorvete de base neutra. “Teve cliente que comprou quatro litros dele para comer puro, mas acho que ele pede um acompanhamento, como uma pêra ao vinho”, diz ela. Já Juliana Scucato, da Easy Ice, após emplacar seu gelado de limão com água de flor de laranjeira, apresenta neste fim de semana o de frutas vermelhas com água de rosa.


ONDE IR

Baixo Serra Inconfidentes

Rua do Ouro, 413, Serra. (31) 3656-5631. Aberto segunda e terça, das 11h30 às 14h30; de quarta a sábado, das 11h30 às 14h30 e das 18h às 23h.

Borracharia
Avenida Afonso Pena, 4.321, Serra. (31) 2127-4321. Aberto segunda, das 12h às 15h; de terça a sexta, das 12h à meia-noite; sábado e domingo, das 12h às 18h.

Casa Pimentel
Rua Manoel Alves, 237, Contagem. (31) 2585-2211. Aberto de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 9h às 18h. Também é possível encomendar os sorvetes diretamente na fábrica:
(31) 3334-0810 e (31) 98821-7041.

Easy Ice
Rua Professor Moraes, 476, loja 2, Funcionários. (31) 3347-0861. Aberto de terça a quinta, das 10h às 21h; sexta a domingo, das 10h às 22h.

Trindade

Rua Alvarenga Peixoto, 388, Lourdes. (31) 2512-4479. Aberto de terça a quinta, das 18h à 0h; sexta e sábado, das 12h às 16h e das 19h à 0h; domingo, das 12h às 17h.

Xapuri
Rua Mandacaru, 260, Pampulha. (31) 3496-6198. Aberto de terça a sábado, das 12h às 23h; domingo, das 12h às 18h.

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