Matosinhos, litoral norte de Portugal, traz pescados e frutos do mar grelhados

Com tradição religiosa, a cidade é destino certo para quem gosta de litoral e boa comida

01/09/2013 20:35
Márcia Maria Cruz

Matosinhos, na área metropolitana do Porto, incorpora tradições piscatórias do litoral norte, juntamente com tradições rurais das terras. A cidade é conhecida por oferecer a melhor sardinha na brasa do país, mas não só. É possível comer peixes, em especial bacalhau, e frutos do mar grelhados na brasa. “O segredo da sardinha assada? Só precisa ser muito fresca e ter sal grosso o quanto baste. Assar em pouco carvão, de modo a ela não incendiar nem queimar. Aí está o grande segredo da sardinha”, garante Bruno Pinto que trabalha com o pai, Albino Oliveira Pinto, no Mar na Brasa, uma das casas mais tradicionais da cidade.

No cardápio, a melhor seleção de peixes, mariscos, carnes e pratos especiais, sempre tudo fresco e feito na hora. Entre os peixes, podem ser apreciados robalo, dourado, linguado, peixe-galo, salmão, rodovalho, pescada, sardinha, petinga, chocos e também lulas e cherne. O restaurante trabalha com todos os tipos de mariscos. Também é tradição da terra o arroz de tamboril e o de mariscos. Apesar de usar ingredientes semelhantes à paella espanhola, o arroz de tamboril e o de mariscos são bem mais molhados. Os grãos e os frutos do mar ficam em um caldo temperado, geralmente feito com tomates e com a pimenta piri-piri. É possível degustar desde os que ficam com a textura próxima a um risoto como os bem mais caudalosos.

Albino vem da aldeia Cabeceiras de Basto e é o mais velho de uma família de oito irmãos. Atualmente, toca o negócio juntamente com o filho, Bruno Pinto. “O meu pai, sendo o mais velho, foi o que começou mais cedo a trabalhar, com 8 anos. Nessa altura, veio da aldeia para a cidade do
Porto tentar a sorte, fugindo assim da fome e da miséria. E assim foi. Andou de trabalho em trabalho, tais como menino de entrega, moço de obras, padeiro, até que começou a trabalhar num restaurante e aprendeu a arte da restauração com um senhor já falecido, chamado Henrique Torres”, lembra Bruno.

Antes de se dedicar ao restaurante, Albino foi destacado em 1971 para ir para Angola, no período da guerra ultramar de Portugal por suas colônias. O restaurante foi aberto quando Albino retornou. “Abriu o Mar na Brasa já na companhia da minha mãe, um ano antes do meu nascimento, e com muito sacrifício e muita fé, passados 26 anos ainda aqui estamos”, afirma Bruno.

A principal comemoração da cidade pesqueira é a Festa do Senhor de Matosinhos, cuja origem está numa antiga lenda em que a imagem de Jesus crucificado teria aparecido junto ao mar, onde existe uma capela-memorial. A imagem segue venerada no famoso Santuário do Senhor de Matosinhos. A lenda diz que a imagem é a cópia fiel do rosto de Jesus, pois teria sido obra de Nicodemos quando acompanhava os últimos momentos de vida do Messias. A imagem atirada ao Mar Mediterrâneo, na Judeia, teria sido levada pelas águas, passando pelo Estreito de Gibraltar e aportando na Praia de Matosinhos. Mas, durante a viagem, teria perdido um braço.

FESTIVAL DO MAR

No mês de julho, é realizado o Festival do Mar, quando todos os bares e restaurantes da orla colocam tendas onde são montadas churrasqueiras para o preparo das sardinhas. Dizem os moradores do local que é a melhor época do ano para se comer sardinhas. É quando elas atingem o tamanho ideal para o consumo, não tão pequenas nem tão grandes. As praias costumam ficar bem cheias nessa época do ano, em pleno verão europeu.

Apesar de a cidade estar bem movimentada, trata-se de excelente momento para degustar o que há de melhor da gastronomia portuguesa: os peixes e mariscos frescos. “Posso dizer, como habitante de Matosinhos, que não encontro em mais lado nenhum terra como esta, onde as pessoas se conheçam e parem numa esquina para conversar. Às vezes, cinco e seis pessoas se encontram numa esplanada para tomar um café. É uma terra simples, com muita riqueza.” Quem vai a Matosinhos não pode deixar de ver o símbolo do local: uma escultura na forma de rede de pescador. Pelo tamanho, é possível vê-la em diferentes pontos da orla.

Arroz de tamboril com camarões

Ingredientes

Azeite, 2 cebolas, 4 dentes de alho, 200g de camarão descascado, 4 tomates picados em cubos pequenos,
1 pimentão cortado em pedaços pequenos, 1 folha de louro, 1 ramo de coentro, 12 bocados de tamboril com aproximadamente 5 centímetros cada, 1 tigela de sopa de arroz, sal e pimenta piri-piri a gosto.

Modo de fazer

Faça um refogado normal. Coloca-se o tamboril, tempera-se com sal e piri-piri, acrescenta-se água suficiente para cozer o arroz (um litro, sempre devagar, aos poucos). Deixa-se cozer 20 minutos, coloca-se uma tigela de camarão descascado.
Se desejar o arroz com um pouco mais de cor, acrescente polpa de tomate o quanto baste. É certeza de que fará um excelente arroz

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