Duas paixões: cerveja e café

28/07/2013 17:27

Por Rodrigo Ferraz

Haus München e apreciador de cervejas

 

O brasileiro tem o hábito de cultivar diversas paixões nacionais’e, muitas delas, se originam na mesa. Café e cerveja são exemplos disso. O primeiro, quentinho, com aroma único, presente em quase todas as refeições do dia, é a segunda bebida mais consumida no país, ficando atrás apenas da água. A segunda, nem precisamos justificar. Juntamente com o futebol, a cerveja é unanimidade em nosso país. Mas será que dá para unir essas duas paixões?
Muitas cervejarias pensaram nisso e conseguiram, criando cervejas que deixam, no paladar ou no aroma, um toque de café. E, acredite: a combinação dá muito certo.


O aroma e sabor de café nas cervejas vêm do uso de malte torrado e/ou da adição de grãos de café. A regra é simples: quanto mais torrado o malte, mais acentuado fica o sabor. Como o processamento do malte influencia na cor da bebida, essas cervejas cafeeiras são escuras.


Outra semelhança muito interessante entre café e cerveja é que o ponto da torra define o amargor, que, na dose certa, é um atributo positivo de sabor nas duas bebidas.


As maneiras como a cerveja e o café são apreciados também se assemelham. Nos dois casos, o aroma, a cor e a espuma dizem muito sobre a característica dessas bebidas. E não é só isso. Assim como o mestre cervejeiro é fundamental para uma cervejaria, no universo do café existe a figura do mestre torrador, aquele que determina as técnicas de torra e elabora as misturas dos grãos. São os mestres cervejeiros e os mestres torradores que assinam as fórmulas dos tipos de cerveja/café, selecionam a matéria-prima e acompanham passo a passo o processo de fabricação dessas bebidas para garantir sua qualidade.


No Brasil, a pioneira em criar cervejas com café na sua formulação foi a Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto. Em 2008, eles lançaram a Demoiselle. Do tipo Porter, essa cerveja tem em sua receita grãos de café da Alta Mogiana, tradicional região cafeicultora do estado de São Paulo. Alguns outros exemplos de cervejas nacionais que apresentam um toque de café em seu aroma ou sabor: Eisenbahn Dunkel, de Blumenau a Stout Café, da cervejaria Mistura Clássica; e a Ouro Preto da Falke Bier, única no país que torra o próprio grão numa máquina de torrefação de café. Das importadas, podemos destacar a belga Leffe Brune e a alemã Kostritzer.


Há três anos, uma marca japonesa levou para o Oriente o sabor do café para encorpar receitas de cerveja e fez o maior sucesso. Tudo começou quando uma empresa de café chamada Anchor criou um projeto para arrecadar fundos para as vítimas do tsunami que atingiu a região em 2011 e recebeu o apoio da fábrica de cervejas Sekinoichi. A partir daí, as duas empresas se uniram e criaram uma cerveja de café. O que chama a atenção nessa cerveja é a embalagem composta por pequenas etiquetas em forma de grãos de café que são aplicadas à mão tornando cada garrafa única. Desde então, essa cerveja tornou-se uma febre no Japão.


Se você aprecia um bom cafezinho, certamente gostará das cervejas que têm essa mistura clássica de grãos e maltes. Ao degustar pratos defumados, agridoces ou mesmo uma sobremesa de chocolate, experimente unir os sabores das cervejas com café. Você vai se surpreender com essa combinação!

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