Chefs Fred Trindade e Felipe Rameh estão juntos no comando do Trindade

por Eduardo Tristão Girão 23/11/2012 07:00
André Hauck/Esp. EM/D. A Press
Jarret de porco com angu de milho verde e gremolata (foto: André Hauck/Esp. EM/D. A Press)

Dois dos principais chefs da nova geração da gastronomia belo-horizontina resolveram juntar suas forças. De um lado, Fred Trindade, proprietário do pioneiro restaurante que leva seu sobrenome e era especializado, até então, em cozinha mineira contemporânea; do outro, o talentoso Felipe Rameh, que mesmo tendo deixado o comando da cozinha Dádiva, em julho, continuou sob os holofotes, despertando curiosidade quanto ao seu paradeiro. O novo cardápio que criaram para a casa entra em vigor hoje.

Apesar de serem amigos, a união profissional de Fred e Felipe demorou a ser concretizada, inclusive por conta da dissolução da sociedade anterior – agora, são eles os únicos proprietários do restaurante. A reforma no salão e na cozinha só começará em janeiro, mas eles adiantam que o bar será transferido para a entrada da casa e a cozinha será ampliada, deixando parte visível aos fregueses. Haverá também mudanças na iluminação e sonorização. Aliás, a trilha sonora é composta só por música brasileira.

Em relação ao cardápio, teve o foco ampliado: privilegia ingredientes mineiros, mas sem deixar de lado o que é representativo em âmbito nacional. Ou seja, está mais para brasileiro do que só mineiro. “Por termos começado com proposta mineira, tivemos dificuldade por não trabalhar com frutos do mar”, conta Fred. Para Felipe, a mudança também foi oportunidade de dar orientação mais abrangente e comercial ao Trindade: “Além disso, a comida mineira de hoje não é tão pesada como antes. Apostamos em leveza”.

REGIONALISMOS 

Equilibrando preparos tradicionais e criações, a dupla dividiu, portanto, as receitas em quatro categorias: clássicos com filé (parmiggiana, a cavalo, picadinho), tradição brasileira (frango com quiabo, moqueca à baiana, feijoada; sempre para uma ou duas pessoas), nossa herança portuguesa (bacalhau, arroz de pato, pernil de cordeiro) e, claro, clássicos do Trindade. Foram incluídos, ainda, três pratos vegetarianos e três saladas. No almoço executivo, há galeto com uma guarnição, a R$ 24,90 (individual).

André Hauck/Esp. EM/D. A Press
Felipe Rameh, à esquerda e Fred Trindade, à direita (foto: André Hauck/Esp. EM/D. A Press)
Nessa última, estão as receitas mais interessantes da casa, como a do porquinho prensado (R$ 46): a barriga suína é marinada, cozida em baixa temperatura, prensada por seis horas (para reduzir gordura e ganhar forma), pururucada e assada, servida com legumes orgânicos, mexerica e mostarda. Da nova leva, destaca-se o jarret de porco com angu de milho verde e gremolata (R$ 49) e os camarões com arroz de coco, camarão seco e castanhas (R$ 72). Todos são individuais.

Os ingredientes regionais se destacam também nas entradas, com pedidas como o palmito pupunha assado com manteiga de limão cravo (R$ 20), o carpaccio de carne de sol e requeijão de raspa (R$ 23), o canapé de surubim defumado com creme azedo e endro (R$ 24,50) e o bife de sereno na manteiga de garrafa e farofa de pequi (R$ 38). Queijos mineiros de leite cru e origens distintas são empregados na casa, bem como doces e linguiças artesanais. Sob encomenda, prepara-se leitão caipira da raça piau.

A carta de vinho, atualmente com 35 rótulos da importadora Casa do Porto (entre R$ 60 e R$ 250, garrafa), será reformulada por Pedro Hermeto, proprietário do restaurante carioca Aprazível. Privilegiará vinhos nacionais “de garagem” (produções limitadas e alta qualidade). O chope sai por R$ 5,90 e a dose de cachaça varia entre R$ 4 e R$ 18, incluindo a Trindade (R$ 12), aromatizada na casa com banana passa. O café (R$ 4,50) é blend de grãos mineiros, paranaenses e baianos, desenvolvido pela Academia do Café.

Trindade
Rua Alvarenga Peixoto, 388, Lourdes. (31) 2512-4479. Aberto de terça a quinta, das 12h às 15h e das 18h à 0h; sexta e sábado, das 12h à 1h; domingo, das 12h às 17h.

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