Padarias e cafés fazem da primeira refeição um programa para toda a família

Com direito a receitas especiais e quitandas caseiras, cafés da manhã conquistam os mineiros

por Sérgio Rodrigo Reis 10/08/2012 07:00
Fotos: Pedro Motta/Esp. EM/D. A Press
As amigas Celsa Gandara e Perla Vera Riccio aproveitam o café da manhã na Pão & Companhia para pôr a conversa em dia (foto: Fotos: Pedro Motta/Esp. EM/D. A Press)
 
Há dois meses, com a chegada do pequeno Joaquim, o jovem casal Clarissa Alvaressa Alvarenga e Marco Scarassatti teve que mudar a rotina para se divertir. Em vez de aproveitar a farta opção de atrações culturais, gastronômicas e de entretenimento das noites de Belo Horizonte, os dois procuraram algo para fazer bem cedinho, quando o filho os acorda. As dezenas de casas da capital que, de uns anos para cá, passaram a oferecer verdadeiros banquetes, com belos, fartos e saborosos quitutes, para quem busca um café da manhã inesquecível, foram a opção encontrada.
A estreia dos dois foi no último fim de semana e a escolha não poderia ser melhor: a Padaria Bonomi. Situada na esquina da Rua Cláudio Manoel com Avenida Afonso Pena, numa antiga casa cuidadosamente restaurada pela arquiteta Freusa Zechmeister, a partir de madeiras de demolição, a padaria vale pelo passeio. Além da beleza da arquitetura e da decoração clássica do lugar, oferece à la carte um verdadeiro deleite aos apaixonados pelas delícias da mesa de café da manhã. É algo para ficar na memória. São pães de inúmeros tipos, alguns até exóticos, bolos, sucos, cafés, sobremesas e até receitas tradicionais, como os ovos mexidos e, tudo, como garante a dona, a ex-bailarina do Grupo Corpo, Maria Paula Vieira Bonomi, feito à mão.
A inspiração para abrir a Bonomi veio de longe. Na última turnê do Grupo Corpo da qual participou – quando dançou o balé Missa de Orfanato, na Bélgica –, em busca de algo para fazer depois de deixar a carreira artística, começou a observar uma padaria diferente à sua volta. Em vez de pães e bolos, vendia sopas e sanduíches. Decidiu entrar e experimentar as receitas. O resultado foi tão prazeroso que, ao chegar no Brasil, relatou a experiência à amiga Lúcia Campello. Foi quando ela sugeriu: “Belo Horizonte não tem um bom pão. 
Por que não abre uma padaria como aquela?”. Com a ajuda da mesma amiga, que cuidou da parte gastronômica, nasceu a Bonomi. Começou com pães ciabattas e outros tipos de receitas italianas da massa e mais três sobremesas. Pouco a pouco foi incrementando com sanduíches, folhados e doces. Quando estava com uma oferta boa de receitas, resolveu ampliar o horário de funcionamento e abrir às 8h. “Passamos anos sem ter ninguém. Hoje, quando abrirmos, já há movimento.”
 
Bom até para namorar 
 
A experiência de sair de casa para tomar o café da manhã tem virado uma mania na capital. Há alguns anos, quando começou a oferecer a opção aos clientes, a Pão & Companhia vivia vazia. “Começamos superfracos, tinha dificuldade até para montar uma mesa e, hoje, o café divide nossas atenções”, comemora o gerente Adair José Gonçalves.
 
A padaria oferece dezenas de pães, sucos, quitutes, saladas de frutas, num verdadeiro banquete vendido ao peso aos clientes (de segunda a sexta, sai a R$ 34,90 o quilo). Vive repleta de gente à procura de, não só aproveitar as receitas – que não possuem qualquer aditivo químico –, como também colocar a conversa em dia. “Vim aqui por causa do calor humano. Está muito bom. Na Europa há várias casas semelhantes, mas é mais formal”, compara a espanhola Celsa Gandara, que aproveitou os dias na capital mineira para conhecer mais essa opção, ao lado da amiga, a comerciante Vera Riccio.
Conhecedora dos cafés de Belo Horizonte, Vera Riccio acompanhou a evolução das casas pela cidade. Há cinco anos, a opção se tornou o programa não só dela e do marido, como dos filhos e netos. Virou especialista no assunto. “Um dos pioneiros foi o Café do Museu e o Café e Bistrô Santa Sophia e, depois deles, virou filão. Desses todos o meu preferido é o Café do Museu. Quer uma dica? É o lugar para impressionar.
 Você toma café com os olhos de tão chique. É café com pedrigree. Se tiver namorada, esposo ou outra companhia, leve lá, porque, sem dúvida, fará uma média”, sugere. Mas atenção: lá, ao contrário da maioria dos concorrentes, o café só é servido aos domingos, das 9h às 13h. E oferece, além da tradicional cesta de pães, sucos variados, creme de açaí e rabanadas ao preço por pessoa de R$ 37. 
 
Com um toque artesanal 
 
O Café e Bistrô Santa Sophia nasceu de uma grande paixão: beber café. Na casa da família da proprietária, Magda Dias Leite, no interior de Minas, na cidade de Congonhas, desde sempre o hábito de saborear a bebida era sinônimo de coisa boa. “O povo lá em casa toma café até para dormir. O último bule sai às 23h. Eu mesma criei meus filhos colocando café com leite na mamadeira.” Quando se casou, como o marido tinha uma fazenda de café tipo exportação do cerrado mineiro, o hábito só intensificou. Mas, até então, era algo familiar. “Como os grãos eram muito disputados para exportação, não tinha acesso ao café torrado. Quando experimentei, percebi que tinha um produto de ótima qualidade bem perto.” O ano era 2003 e, até então, era difícil encontrar em Belo Horizonte um local que servisse algo parecido. Surgiu daí a proposta de abrir uma casa onde pudesse servir o café, acompanhado das receitas de família que coleciona.
O Café e Bistrô Santa Sophia abriu as portas em junho de 2005, depois de um período de intensos estudos da proprietária. Primeiro foi conferir outras casas semelhantes ao redor do mundo e descobriu que a tendência até então era por padronização. A opção dela foi diferente. “Apostei na contramarcha, na boa imprecisão que traduz o artesanal. Sabe aquele bolo de mãe que tem gosto de feito em casa? E este que sirvo”, diz. Segundo ela, a ideia é que o cliente chegue e tenha a sensação de estar entrando numa casa de alguém querido, que acaba de fazer algo caseiro para recebê-lo. 
O estilo gourmet do Café Santa Sophia tem dado certo e, para breve, Magda Dias Leite já planeja a expansão. O ambiente é mais que propício. “Hoje virou um programa de família. Como os beloh-orizontinos ainda não têm o hábito de tomar um café mais caprichado durante a semana, aos domingos, preparo um café da manhã em estilo brunch, com quiches variados, ovos mexidos, pão de queijo, bolos, queijos, frios, manteigas e geleias artesanais. A ideia é parecer um belo café da manhã de casa.” Ao preço de R$ 25 por pessoa, o banquete pode ser servido à vontade. 
 
Delícias da manhã
Café Bistrô Santa Sophia
Rua Bárbara Heliodora, 59, Lourdes. Café da manhã, aos domingos, a partir das 9h. Informações: (31) 3292-4237. Bufê: R$ 25. 
Café do Museu 
Avenida Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim. Café da manhã, aos domingos, das 9h às 13h. Informações: (31) 3291-5320. Bufê: R$ 37. 
Café Kahlúa
Rua Guajajaras, 416, Centro. Funciona de segunda a sexta, das 8h às 21h30; sábado e feriados das 10h às 21h. Domingo fecha. Informações: (31) 3222-5887. Serviço à la carte.
Padaria Bonomi
Rua Cláudio Manoel, 460, Funcionários. Terça a domingo, a partir das 8h. Informações: (31) 3261-3460. Serviço à la carte. 
Pão & Cia
Rua Francisco Deslandes, 817, Anchieta. Segunda a domingo, a partir das 6h. Informações: (31)3287-7022. Quilo de segunda 
a sexta: R$ 34,90. Sábados, domingos e feriados: R$ 42,90. 
Status Café Cultura e Arte
Rua Pernambuco, 1.150, Savassi. Aos domingos, café colonial, a partir das 8h. Informações: (31) 3261-6045. Bufê: R$ 25.
Magnífico Arte Gourmet 
Av. Nossa Senhora do Carmo, 2.780. Sábado, domingo e feriados, a partir das 8h. Informações: (31) 3264-1789. Bufê: R$ 18,90. 
Padaria Vianney
Rua Aimorés, 155, Funcionários. Diariamente a partir das 6h30. Informações: (31) 3227-2071. Bufê: R$ 24,90 (durante a semana), finais de semana e feriados: R$ 34,90.  

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